2005-09-15
As chefias militares
através de declarações do CEMGFA, manifestaram apoiar sem reservas as medidas do Governo. O Almirante Mendes Cabeçadas afirmou que tendo em conta a situação de necessária contensão orçamental os militares não se devem pôr à margem de medidas que devem abranger todos os "servidores" do Estado.
Alguns militares consideram que as chefias são pouco atreitas a ouvir os subordinados e menos ainda a ouvir ou receber as associações o que não só não lhes diminuiria a necessária autoridade como evitaria situações de choque entre Governo e militares. Mas isso provavelmente também não agradaria a alguns dirigentes associativos que manifestam uma forte motivação pela agenda política.
A esmagadora maioria dos manifestantes militares encontra-se na reserva ou na reforma mas, segundo alguns, eles traduzem o descontentamento dos que estão no activo. Descontentamento que se acumula desde há dezenas de anos com a perda da visibilidade da importância das Forças Armadas, com indefinições no plano estratégico ou no âmbito das missões, com os constrangimentos orçamentais e com a diminuição do estatuto remuneratório relativamente a outras classes a que já estiveram equiparados como é o caso da magistratura.
Sem ser dramático o braço de ferro entre as associações de militares e o Governo não deixa de criar algum alarme na sociedade civil por parecer prejudicado o papel das Forças Armadas como garante do regime democrático e questionada a autoridade do Estado.
Se o país deve esperar e exigir autoridade ao Governo não deve desejar que este seja autoritário. Razoável é o cumprimento estrito das leis como tem acontecido e que comporta o legítimo direito de protesto das associações dentro dos limites da dignidade que tanto e legitimamente reivindicam e não deve ser identificada exclusivamente com vencimentos e regalias.