2005-10-30
Direitas militarizadas
«Tem o meu apoie!»
À direita, Cavaco Silva, desmemoriado, enverga as vestes do tecnocrata que apenas quer o bem da pátria. Os unanimismos (no PSD) e as maiorias suadas (no CDS) demonstram que a cultura política da direita absorveu com facilidade as unicidades e os centralismos democráticos que ainda recentemente eram apontados como fraquezas concentracionárias das esquerdas. Na linha de Manuel Monteiro, que fazia política dizendo não ser, de facto, político, Cavaco Silva suscita o apoio hipócrita de todos os que, não há muito, o designavam por «Sr. Silva» e o ostracisavam por se ter recusado figurar nos cartazes do PSD na campanha das últimas legislativas.
Quando as direitas escondem as suas diferenças é porque o desespero ronda. Quer dizer que Cavaco Silva, apesar de proclamar o contrário, é o candidato que se apoia num conjunto de procedimentos opostos aos que são necessários para o aprofundamento da democracia: redução da dimensão cidadã pelo apelo à hipocrisia ideológica, ao apagamento da história, ao disfarce das diferenças e à supressão da discussão e do debate.
Ainda estamos a tempo.
Ambos pertencem à geração (com Soares) que criou as bases para esta crise insanável que agora atravessamos... Se nenhum foi capaz de lançar as bases para um Portugal próspero e igualitário, porque lhes haveremos de dar mais uma oportunidade?
você tem razão no que diz respeito à família laranja, porém, ao meter o CDS-PP no mesmo saco, perde-a. Houve cerca de 40% dos conselheiros nacionais do CDS-PP que puseram reservas ao apoio cego a Cavaco. A isto não se pode chamar unanimidade.
Luis Narana
De acordo com a sábia observação de Rui Martins. As responsabilidades pelo estado a que isto chegou não devem ser alijadas.
De acordo tb com Luis Narana, a quem agradeço o reparo. Reformulei uma passagem do poste para diferenciar o CDS-PP do PPD/PSD.
A este respeito, remeto para para o engenhoso post que o João Tunes escreveu no seu Blogue «Água Lisa (4)», intitulado «Quem diria?». Aí o autor diz tudo sem precisar mais do que um título mordaz e dois links.
Uma chapelada, pois!
(...) "Operação de branqueamento cuidadosamente pensada com o objectivo da construção de uma nova e falsa imagem que quer mostrar Cavaco Silva como o economista de rigor e neutro, a planar por cima dos partidos e dos interesses.
Operação de branqueamento que é acompanhada por uma outra bem urdida operação de propaganda. Trata-se da campanha que afirma e quer fazer crer que sendo Cavaco Silva, um economista e competente como dizem os seus amigos, seria o homem ideal na Presidência para ajudar o país a sair da crise.
Ideia que o próprio candidato alimenta no seu discurso de anúncio de candidatura e que anteontem complementou naquele seu manifesto que ilude toda a sua prática política, quando afirma que Portugal precisa de um “ Presidente da República que projecte uma imagem de competência”.
Naturalmente que – como diz o povo – “presunção e água benta cada um toma a que quer”, mas esta ideia que se desprende do seu discurso e que os seus amigos sempre que podem aproveitam para sublinhar no meio do mais inocente comentário, é a mais pura mistificação que é necessário refutar e desmontar.
Será que os problemas, as dificuldades, a crise que se instalou, os atrasos que Portugal conhece são o resultado da ausência de economistas competentes ou da falta de “ajudantes” economistas no governo ou nas instituições?
Foi pela incompetência dos economistas Constâncio, Cadilhe, Miguel Beleza, Hernâni Lopes, Braga de Macedo, Campos e Cunha, dos Pina Moura que o país chegou aonde chegou e enfrenta as dificuldades que enfrenta?
É evidente que não. Todos eles mostraram, tal como Cavaco Silva, muita competência. Todos eles foram e são exímios executantes, competentíssimos economistas, mas com uma particularidade muito importante e decisiva. É que todos, tal como Cavaco Silva, são competentes executantes das receitas da cartilha neoliberal e monetarista que estão a afundar o país e o condená-lo ao atraso, ao mesmo tempo que fazem crescer a ritmos nunca vistos o património e os lucros do grande capital nacional e das multinacionais.
A nossa história colectiva está cheia de gente competente, mas que colocou a sua competência, não ao serviço do povo, mas ao serviço dos que à custa do povo fazem fortuna.
Sim, sem dúvida, todos eles, tal como Cavaco Silva, revelaram muita competência, mas sempre ao serviço dos grandes interesses. É que nós não calaremos esta contradição: são tão bons, tão bons e porque deixaram o país em tão mau estado? (...)
(www.jeronimodesousa.org)
E acabo pedindo novamente desculpa à Margarida.
Desfeita a confusão (se confusão, de facto, houve...)quero agradecer ao gentil anónimo ter trazido até nós extractos de declarações do candidato Jerónimo de Sousa. Pelos vistos não foi a Margarida, como o meu amigo João Tunes se precipitou concluir, mas alguém foi e esse alguém, apesar de não assinar como nós aqui no PUXA-PALAVRA encarecidamente pedimos sempre, trouxe-nos trechos com os quais não é difícil estar de acordo. Pelo menos, foram bem escolhidos! Siga, pois, a pré-campanha!
O Esposo da Margarida
Agora esta ideia, tipo "teoria da conspiração", de que há um "funcionário" qualquer escondido atrás dum computador é completamente bacoca.
José Manuel
Aqui vai uma grande animação. Suponho que, até aqui, a surpresa maior da pré-campanha é o Manuel Alegre, que muitos já julgavam (mal) arrumado, surgir com o destaque que se vê.
Enquanto as candidaturas do PCP e do BE cumprem objectivos de «médio alcance» - legítimos, úteis mas limitados - MA perfila-se como aspirante à 2ª volta. É uma chatice...
É altura, talvez, de perceber que os partidos políticos, sem embargo do papel fundador que tiveram no regime democrático e que claramente mantêm, não esgotam a actividade política.
É curioso que o caudal dos que não se revêem nas outras candidaturas tenha engrossado, de repente.
Parece-me ser mais um sinal do desencanto com a lógica fechada e castradora dos aparelhos partidários, do que, propriamente, uma rendição incondicional aos encantos carismáticos de Manuel Alegre.
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