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2005-10-18

 

O último OE é o pior

Na minha aldeia a influência da Igreja era assim como, como... O povo era muito beato e Igreja, sacristia, padre-nossos, água-benta, o regedor, o cardeal Cerejeira e Salazar era tudo manifestações da mesma santidade. E era aqui que eu queria chegar, lá na terra, o último padre era sempre o melhor.
Lembrei-me disto porque o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, afirmou hoje na Assembleia da República que o Orçamento de Estado "confirma as piores expectativas". No PCP, desde o Governo de Vasco Gonçalves, que o último orçamento é o pior.

Comments:
Já não há paciência para só ouvir meias verdades (pior do que mentiras) nem para querer fazer ver só uma face da moeda.
Quem conhece a outra face e a outra verdade, não se deixa enganar.
Mas como se insiste nos meios de comunicação social pelo "politicamente correcto", é raro ver e ler o desmascaramento dos argumentos falaciosos.
Bata ver debates políticos na TVE-Internacional para ver a diferença.

Salvou-se ontem a 2ª parte do Prós e Contras. Espero que haja seguimento desta atitude, sobretudo por parte de pessoas com a estatura cívica de Silva Lopes.
 
No Prós e Contras normalmente só há prós. É um falso programa de debate sem contraditório. A selecção dos convidados (sempre representantes do pensamento da classe dominante) e a forma manipulatória como a Fátima ampos Ferreira coloca as questões (com as respostas "correctas" já subentendidas), a ausência de convidados com pensamentos alternativos (de vez em quando aparece um remetido para a plateia) pretende criar a falsa ideia de unanimidade nacional em torno desta matéria. O debate de ontem foi mais uma prova disto.
Quatro economistas vieram caucionar o OGE, fingindo uma falsa unanimidade, que não existe na sociedade portuguesa, sobre este assunto. Além disso o OGE diz respeito a todos os portugueses e não exclusivimente aos economistas.
O Prós e Contras não é um programa de debate, mas sim um programa de propaganda do governo, assim como o tempo de antena semanal de elogio do governo feito por António Vitorino.

José Manuel
 
Seo RN me puder informar qual foi o OE depois do V Governo Provisório que foi melhor, eu agradecia. Ou então é um absurdo completo termos tido, depois desse OE, pelos menos uns 29 OE's e termos que agora ter este para sair da crise...Se puder explicar, agradeço mesmo, é que uma anedota tão velhinha merece algum enquadramento.
 
Margarida, francamente acho que você para "colher" argumentos mais sérios do que aqueles que usa, deveria pedir umas explicaçõezinhas ao Dr. Silva Lopes ou á drª Teodora Cardoso. Todos os OE/OGE,pós 5º Governo provisório, pelo facto apenas de não serem transparentes, foram todos piores que este e, antes, ou porque não houve senão arremedos de orçamento ou porque até o domínio técnico era insuficiente foram piores.. Quanto ao projecto político subjacente, a questão é outra. Mas também discutível, porque me parece que você é daquelas que quer um ordenado de 5000 €/mês para todos (o que seria excelente) só que não explica onde vai buscar a riqueza para tal. estamos entendidos. Este governo é para si o pior. É melhor uma aliança bem ou mal disfarçada com a direita. C. Botelho
 
C. Botelho: Obrigada, fiquei esclarecida, afinal você concorda que de facto todos os OE depois de 5º Governo provisório, foram todos piores. Não admira pois que o PCP os tivesse rejeitado.

Já quanto à sua opinião de que eu pretenderia "um ordenado de 5000 €/mês para todos" o mais que lhe posso dizer é que você é muitíssimo exagerado. Para mim uma coisa é justiça social e ter particular atenção com as necessidades dos mais velhos e dos mais novos e achar que é um drama termos tantos pobres e principalmente tantas crianças pobres, e outra coisa é um igualitarismo idiota e salários desajustados com a realidade do país, como você sugere. A malta é exigente, lutadora mas muito realistas. Não somos os tontos como alguns nos querem fazer.

E de alianças abertas ou disfarçadas com a direita isso é mais especialidade do PS - não esqueceu os OE que passaram depois dumas negociações numa suite de hotel com o Manuel Monteiro, pois não? Nem os dois OE que passaram com o acordo sobre o queijo limiano? Ou os que passaram com abstenções do PSD/Marcelo, e que envolveram se bem me lembro acordos para referendos sobre aborto e regionalização. E isto que me lembro´são acordos/alianças destes últimos 10 anos. Outros houve nos 19 anos anteriores, se bem se deve lembrar...e lembro-me que era o engenheiro Guterres quem se gabava de ter os records das privatizações.

Os anéis foram-se, agora já nos estão a chegar aos dedos e eu não percebo é porque é que gente que se diz de "esquerda" e até "socialista" a propósito de críticas pertinentes a este OE conte anedotas com barbas contra os comunistas. Parece-me uma tremenda falta de senso e já nem quero falar da falta de respeito contra um partido que tem sido adversário, mas porque as políticas que o PS e os seus governos seguem prejudicam de facto os trabalhadores e a população mais necessitada.

E acho que além de falta de senso é também falta de sentido de oportunidade que numa altura já de pré-campanha eleitoral para umas presidenciais em que a direita está unida à volta do Cavaco - e todos sabemos o que o Cavaco fez e quem o rodeia agora - que haja malta que não pense duas vezes antes de achincalhar o líder do GP do PCP. Parece-me que já estão tão habituados a desvalorizarem o PCP que nem reparam na enormidade da coisa. Bom seria que pensassem duas vezes antes de o voltarem a fazer.
 
Estou a abusar de um espaço que não é meu para dialogar com a Margarida e por isso peço desculpa. Mas não percebi porque foi buscar o líder do GP do PCP, nem porque em termos de orçamentos só falou numa parte. Segundo, registo que não entendeu a piada que ontem utilizou o Dr. Silva Lopes e que usei, talvez abusivamente, a dos 5000€. Terceiro não diz onde gera a riqueza que quer distribuir. Quarto, não percebi onde quer chegar, chamando para estes comments, as presidenciais. Será que algo lhe pesa porque, como indicam as sondagens, parte da sua esquerda votará Cavaco numa segunda volta?
C. Botelho
 
Obrigado a todos os participantes pelas suas observações e críticas. À Odete Pinto peço desculpa de ainda não ter colocado o link para o seu Alfragide mas fá-lo-ei hoje ainda se possível. É política da casa linkar todos os visitantes. Só
ouvi os Prós a partir das 23,30 ou 23,45. Gostei francamente do Silva Lopes. O José Ernesto Cartaxo não conseguiu a meu ver defender-se bem mas isso resulta em parte da prática da CGTP.
O José Manuel parece-me que vê as coisas um tanto como uma conspiração contra as suas ideias. "Os 4 economistas para caucionar o OE" ? O César das Neves então devia estar comprado não? A Fátima está a soldo do Governo, o programa também. O Vitorino, bom mas toda a gente sabe que o Vitorino está ali para defender o PS. ALiás foi contratado para isso para equilibrar o Marcelito. Claro que acho que também deveriam convidar outros, de outros partidos desde que não agravem a maçada que aquelas palestras já são.
Estou de acordo com Soslayo nas dificuldades que enumera.
Agradeço ao C. Botelho a sua contribuição esclarecedora.
Quanto à Margarida? Que posso eu dizer... Discordo de quase tudo mas gosto muito que intervenha. Talvez saiba que por ter uns primos do PCP conheço alguma coisa da idiossincracia dos camaradas. O seu entusiasmo mas também o seu proselitismo, a sua dedicação mas também o seu sectarismo, a militância mas também a dificuldade em entender os outros, e a falta de um certo fair play.
Mas olhe que é até com uma certa ternura que olho para algumas das suas indignadas apreciações. Por exemplo quando diz "achincalhar o líder do GP do PCP. Parece-me que já estão tão habituados a desvalorizarem o PCP que nem reparam na enormidade da coisa. Bom seria que pensassem duas vezes antes de o voltarem a fazer." Deixe-me rir mas sem a querer ofender.Não leve tão a sério a liberdade de escrita dos blogs. Apesar de o Bernardino Soares se pôr a jeito de vez em quando, como quando confundiu a monarquia medieval da Coreia do Norte com o verdadeiro socialismo, não achincalhei nada o Sr. Aliás digo por vezes coisas mil vezes piores de alguns PS's de que não gosto. O sentido do post era tão só sublinhar um facto de que lhe dou informação em primeira mão: não apenas os OE, mas todos os governos, todas as políticas de todos os governos, todas as avaliação da situação económica e social do país em cada momento pelo PCP são uma coisa pior, sempre pior, que a que estava antes. Examine os comunicados, as conclusões dos CC ou da CP do PCP dos últimos 30 anos e verificará que é como digo. É uma forma de estar na política uma atitude chamemos-lhe "revolucionária" que me parece contraproducente. É a defesa das suas ideias à sua maneira. Tem todo o direito mas a uma pessoa comum isso parece estranhamente exotérico!
Margarida foi um gosto falar consigo. E espero que não se tenha zangado.
 
C. Botelho: Você partiu do princípio que eu tinha visto os Prós e Contras e eu parti do princípio que você estava a responder ao meu comentário ao post do RN: por isso o equívoco em que ambos navegámos. Mas a fé que você deposita em sondagens feitas a quatro meses da ida às urnas, inquieta-me mais do que como é que a “minha” esquerda vai votar numa segunda volta (se houver). Aliás é para esclarecer a população em geral e o universo do PCP & friends em particular que o meu SG é também candidato presidencial. E só o facto de ser a 1ª vez que um SG do meu partido é candidato presidencial revela bem a importância que estamos a dar a este combate, não acha?

RN: Fala no meu proselitismo, sectarismo, dedicação, militância, falta de fair play genericamente como características de todos e cada um dos militantes do PCP, mas como nada concretiza…fico na mesma.
Quanto ao Bernardino e à Coreia, muita análise disparatada já tinha lido, mas pelo menos tinham a ver com o conceito de “democracia”, mas agora o RN fala em “socialismo verdadeiro”. Como porventura já se esqueceu que imediatamente a essa entrevista o Bernardino emitiu um esclarecimento, para refrescar a sua memória aqui o deixo: “Esclarecimento de Bernardino Soares, 25.2.2003
Tendo sido questionado por vários órgãos de comunicação social, sobre questões de democracia, tenho a declarar o seguinte:
As concepções de democracia e de socialismo que no PCP defendemos para Portugal estão inscritas no nosso Programa.
Quanto à Coreia do Norte é uma evidência que as concepções de socialismo e de democracia que defendemos estão nos antípodas das deste País, e que rejeitamos vigorosamente quaisquer tentativas para “colar” o PCP a experiências ou práticas pelas quais não é responsável e que são estranhas às suas concepções.
Para nós a democracia política tem um valor intrínseco, mas não limitamos a democracia a esta vertente, embora ela seja essencial. Ela deve concretizar-se e aprofundar-se nas suas várias dimensões: democracia política, económica, social e cultural.
O PCP mantém actuais as análises e as críticas que fez no XIII Congresso e que reiterou nos Congressos seguintes ao inaceitável “modelo” de socialismo que se edificou e que levou ao seu colapso.
É também uma evidência que a democracia no nosso País tem vindo a ser empobrecida no campo da democracia política e designadamente nas vertentes da democracia económica e social.”

Finalmente, o RN insiste no sentido do post - pensando que eu não tinha percebido. Por muito obtusa que seja, depois da campanha dos últimos “renovadores”, a repetirem até à náusea tal anedota, claro que eu percebi. Por isso mesmo coloquei a questão que torno a colocar já que sobre ela o RN nada disse (e penso que nada tem de exotérica): qual foi o OE que depois do do V Governo Provisório foi melhor?
 
Olá Margarida
Você tem blog? É que se tem coloco ali um link.
O Bernardino tem pouca experiência por isso deu uma resposta que provocou a hilariedade geral nos seus adversários e deixou a nu senão as suas concepções de democracia pelo menos o seu desconhecimento sobre o inqualificável regime ditaturial da Coreia do Norte.
Claro que o que você aí me envia é outra coisa, é aquilo que o Bernardino não soube dizer no momento oportuno e a Soeiro Pereira Gomes achou necessário e conveniente publicar.
Se quer um conselho de amigo não seja tão peremptória nos juizos, tão segura da sua verdade, tão definitiva nas suas razões. Claro que estes conselhos servem para si,para mim e para todos e confesso que frequentemente me esqueço deles. E sem perda da sua estimulante combatividade faça, mesmo que só para si, o salutar exercício: "será que isto é mesmo assim? Será que todos aqueles meus opositores não terão nem um avo de razão? Que será que me leva a ter tanta fé no que agora me guia e não guia outros? Não quero mudar o seu pensamento. Ofereço apenas uma sugestão para o melhorar! Porque as nossas ideias ninguém muda. Só nós poderemos mudá-las.
Verá que pensando melhor a democracia no PCP, segundo tenho ouvido dizer, é uma coisa que só satisfaz enquanto não é necessária!! Enquanto estão todos de acordo, especialmente em relação a tudo que possa bolir com o poder interno! Não é totalmente diferente de outros partidos só que aí, dizem, é lavada a extremos!Só lhe digo isto porque estou certo que estas minhas palavras não a desanimarão nas sua convicções.
 
RN: Não tenho blog mas agradeço na mesma a oferta para linkar.
O RN compreende que foi a pouca experiência do Bernardino que o levou a enredar-se nessa questão que ele (e ninguém por ele) de pronto corrigiu. Contudo, dois anos e meio depois ainda o RN a usa como arma de arremesso. Se fosse só você a fazê-lo...mas como sabe não há bicho careta que não o faça, além demais parecem todos sofrer duma estranha memória selectiva que só os leva a lembrar da entrevista e a esquecer o esclarecimento.
Nesta discussão eu comecei por fazer uma pergunta a que ainda não obtive a sua resposta (qual foi o OE que depois do do V Governo Provisório foi melhor?). Não é que você (ou qualquer pessoa) seja obrigado a responder, não tenho essa prosápia, mas eu comecei a questionar e agora em vez de resposta recebo conselhos: para não ser "tão peremptória nos juízos, tão segura da verdade, tão definitiva nas razões". E tudo isto dá-me não só vontade de rir como até vontade de ser peremptória nos juízos, segura na verdade e definitiva nas razões. Eu (como tanta gente) tento pensar nas coisas, mas ao fim e ao cabo surge o grilinho a dizer: para melhor está bem, está bem, para pior já basta assim. É que desde há 20 anos, RN, temos andado para pior. E esta é que é a realidade com a qual temos que romper.
 
São 29 e não 20 anos. Sorry
 
De facto, paciência, tolerância, benefício da dúvida, chame-se-lhe o que se quiser, são coisas que já há muito se esgotaram na relação que o povo amordaçado tem que suportar com este governo apoiado num crescente poder da opus gay. Chamar socialista a este governo é o mesmo que chamar a um copo com água um copo com vinho. Este governo montou a máquina mais poderosa que alguma vez se viu em Portugal, depois da queda do fascismo (dir-se-á mesmo que em alguns casos já conseguiu, em dois anos e meio de poder, superar mesmo o que de mais hediondo e nojento o regime de Salazar e Caetano teve construido ao longo de 48 anos). Os ministros, de braço dado com um conjunto de marionetas do governo, à espera de para lá entrar, seja de que maneira for, se possível ainda durante esta legislatura, em laivos de um mimetismo bem estudado e apreendido, suplantam memso o chefe em algumas ocasiões. Vem isto a propósito da VERGONHOSA campanha de propaganda política, paga com o dinheiro de todos nós, que o incompetente Ministério da Educação (com a cobertura expressa de mentecaptos de uma maioria de deputados novos-ricos socialistas mas pouco mais que mentecaptos, como convém e com a cobertura tácita e tacticista do Presidente da República, que já percebeu que pode garantir um segundo mandato com o apoio expresso do PS) que invade periodicamente as escolas públicas sob a forma de brochura editada pelo Ministério, dirigida nominalmente a cada professor, com o único intuito de perfeita lavagem ao cérebro, numa tentativa descarada, paga com o dinheiro do erário público, de querer tornar verdade uma mentira apenas por tantas vezes a repetirem. Não, sr.ª Ministra, não srs. Secretários de Estado,daqui não leva nada, a não ser o nosso vómito de desprezo pelo desconchavo das medidas de acinte puro que todos os dias toma para com aqueles que, antes de vossas excelências chegarem ao governo, já há muitos anos estavam nas escolas a dar o seu melhor para manter o barco ao cimo das ondas sem se afundar. Vocês chegaram muito depois e apenas para deitar ajudar a afundar o navio. Pela nossa parte, o vosso execrável panfleto vai direitinho para o cesto dos papeis, com grande mágoa nossa por ver deitar borda fora os Euros que tanto nos custa ganhar. Além do mais, este panfleto que periodicamente chega às escolas públicas deita por terra todo o discurso balofamente apregoado por Sócrates quanto á necessidade e vontade de transformar a administração num exemplo de recurso às novas tecnologias como forma de poupar. Se há 200 mil professores, são duzentos mil panflketos de 10 páginas que são impressos periodicamente e, por aquilo que vamaos ouvindo e vendo, o destino de 90% deles é, de imediato, o caixote do lixo. Haja dó. Quando se demitem? A Educação, que está parada, precisa de seguir dentro de momentos. Mas não será convosco, certamente.
 
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