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2005-10-23

 

Os pássaros (4)




Temos, assim, aves migratórias potenciais portadoras de uma estirpe de vírus altamente perigosa; uma pandemia em perspectiva; o aumento do desemprego; e uma associação sombria entre ameaças (contágio dos humanos pelas aves, extinção de mais postos de trabalho) e flagelos (pandemia e desemprego). Nada de novo. Ciclicamente, as pandemias originadas pela influenza, e o desemprego motivado pelo abrandamento da actividade económica, revezam-se para nos infernizar a vida. Porém, tal como os referidos filmes de Hitchcock e Gavras aludem, depois de as aves sobreviventes levantarem voo e seguirem as suas rotas migratórias, contam-se as que jazem por terra; depois das pandemias, as estatísticas informam acerca das grandezas dos estragos; porém, quanto ao desemprego, não há maneira de calcular a devastação humana que provoca. Costa Gavras ensaia uma aproximação burlesca. Torna-se interessante apenas porque fica entalado entre o desespero, o suicídio e homicídios impunes.


É a natureza, justificam uns; é o mercado, clamam outros. E devem ter razão. Os sobreviventes só têm que ir contando as baixas.

Comments:
O desemprego é a pandemia de que o poder nem sequer fala!
 
Meu caro MC,
para quem enchia a boca de Marx não vai muito tempo, esta série de postes é espantosa. Acha mesmo que é o abrandamento da actividade económica que é a causa do desemprego? A forma como conclui (?) é aparentemente fatalista. A associação de "Os pássaros" (filme) com a gripe das aves é interessante. Já a associação com o desemprego surge um pouco forçada.

WatchDog
 
Percebe-se muito bem aonde o autor do poste quer chegar. E acho que tem uma certa razão. Quanto às razões que estão por detrás do desemprego, a desaceleração do crescimento é, sem dúvida, uma delas. É claro que sempre lhe podemos juntar as "modas" da precariedade (+ trabalho - emprego), da deslocalização, da falência fraudulenta, do down sizing, etc. De qualquer modo é quando a actividade económica decresce que o desemprego se consolida.
É quando os passarões "explicam" aos passarinhos que "estamos todos no mesmo barco".

Luis Narana
 
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Prezado Watchdog,

Muito obrigado pelo reparo. O meu registo, neste post é, como fará o favor de verificar, marcado pela brevidade e o laconismo que me imponho na blogosfera. Além disso, vai do irónico ao satírico (com o recurso a dois filmes de dois realizadores que muit aprecio) e não tinha intenção de disputar a ninguém o rigor requeridos pelos campeões da economia política. Em todo o caso, fiquei satisfeito por ter achado um lado «interessante» na minha prosa. Reconhecido, agradeço.

MFC e Luis Narana,

Obrigado, uma vez mais, pela simpatia dos comentários. Onde uns não vêem relação, outros verão. É assim mesmo.

Abraços para ambos.
 
Olá. Parabéns pela poética prosa, irónico-satírica. Vê-se nestes pássaros a "influenza" do passarão que é o poeta-comunicador.
 
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Raimundo,

Obrigado por me teres salvo os flamingos. Esse é que foi um trabalho poético.

Um abraço
 
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