Acerca do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), em princípio, a divulgar até final deste ano, referi que as expectativas vão no sentido de que o Plano seja fortemente inovador em termos de conteúdo e de reformas do sector público respectivo, tanto mais que o governo está a apostar no sector (e bem) como um eixo estratégico de desenvolvimento.
É, neste contexto, que me questionei sobre se o segmento "Turismo de Descoberta Económica" será uma dessas inovações. Não disponho de qualquer informação sobre o respectivo Plano.
O que é o Turismo de Descoberta Económica?
Primeiro dizer que é uma tradução literal do françês "le tourisme de découverte économique", com a sigla já bastante usada em França de TDE.
Trata-se de uma nova designação para um determinado segmento de turismo que, no meu entender, goza de grandes potencialidades de desenvolvimento futuro em Portugal pois integra uma "riqueza extrema" pelos impactos económicos, sociais e culturais numa região ou mesmo no País.
Esta designação visa contrapor um tipo de turismo de base técnico- científica a um outro já mais conhecido, o cultural artístico.
Apesar de recente (15/20 anos) já arrasta, em França, cerca de 20 milhões de visitantes.
Este tipo de turismo reune três pólos: o turismo de empresas em actividade, o turismo de património industrial e o turismo científico.
É uma designação ainda não totalmente consolidada, que tem vindo a ganhar relevo e terreno face a outras designações como a de turismo industrial, turismo de empresa, ou a de turismo industrial, científico e tecnológico, etc.
Tem vindo a ganhar consistência, quase diria "natural", no discurso dos especialistas, no jornalismo especializado, nos colóquios e agora nos Administradores de Empresa e Câmaras de Comércio e Indústria.
O primeiro pólo desta fileira corresponde em abrir as empresas ao exterior, permitindo a sua visita organizada. O segundo pólo consiste em utilizar e organizar, para disponibilizar, sob formas diversas, ao público, o património industrial de actividades que, entretanto, foram tornadas obsoletas mas que foram base de progresso. O terceiro pólo pode dizer-se que está mais relacionado com o futuro, como os laboratórios de investigação, as cidades da ciência, etc, também organizados e disponibilizados das mais diferentes maneiras.
A EDF deu um grande impulso a este tipo de turismo ao começar por abrir a visitas às suas centrais nucleares.
Este tipo de turismo incorpora uma grande "riqueza" de conhecimentos. Por isso o seu público alvo é bastante alargado como a juventude ansiosa de se familiarizar com novos conhecimentos e profissões. Mas é exigente em termos de qualificações das pessoas que integram e dinamizam esta fileira. Por exemplo, são necessários investigadores, historiadores, arqueológos, economistas, engenheiros, etc para montar um projecto desta natureza, seja de nível local ou regional.
Até parece que isto nada tem a ver com o turismo. Mas tudo isto requer apoio de hotéis, restaurantes, agências de viagens, tradutores, guias de visitas de elevada competência, etc.
Trata-se de um domínio em que as parcerias público-privadas têm muito espaço para florescer.
Um inquérito de 2004 sobre as empresas francesas que abrem as suas instalações a visitas (pólo um), 99%avaliam que essa abertura ao público lhes foi benéfica em termos de imagem e notoriedade.
Trata-se de um segmento turístico exigente, mas em que vale a pena apostar na base de um projecto sólido, integrando os actores que nele tenham funções a desempenhar.
# posted by Joao Abel de Freitas @ 14:31