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2005-11-29

 

OTA os Prós e os Contras

Pela Ota alinhou o ministro das Obras Públicas, eng Mário Lino mais o presidente da TAP eng Fernando Lima. Contra a Ota alinhou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, eng Carmona Rodrigues, o professor catedrático do IST, especialista em transportes , eng José Manuel Viegas e a partir do Porto, para dar um toque bairrista, o presidente da AEP eng Ludgero Marques.

Para que o espectáculo não descambasse numa conversa de engenheiros, com "assíntota" para aqui e "assíntota" para ali, Fátima Torres Campos metia, de vez em quando, uma colherada.
O resultado foi esmagador para a equipa do governo. Assim como alinhar de um lado o Benfica (nos seus melhores tempos!!) e do outro lado a equipa da sociedade recriativa "Todos à Bola e Fé em Deus".

Não porque os jogadores desta não fossem de elevado gabarito mas porque o Professor, seduzido talvez pelos estudos da apresentação pública do projecto feita pelo Governo, tinha mudado entretanto de opinião e rematou mais para a própria balisa do que para a do adversário.

E porque Carmona Rodrigues não conseguiu alinhar nenhum argumento consistente contra o projecto. Envergou a camisola de presidente da câmara de Lisboa e com argumentos de "porque sim" passou o tempo a "defender" com manifesta falta de convicção interesses bairristas.

E ainda porque Ludgero Marques apenas defendia o aeroporto Sá Carneiro porque este é do Porto e apenas atacava a localização da Ota porque esta não era no Porto.

Fernando Pinto que ainda há pouco tempo não tinha opiniões sobre a Ota jogou ao ataque e meteu golos.
O ministro, para que não ficasse pedra sobre pedra do edifício demagógico-argumentativo de Carmona lançou-lhe, perto do fim, um míssel de cruzeiro que o deixou, não direi totalmente pulverizado mas com uma comovente tristeza estampada no rosto.

Vou ler uma declaração feita na Assembleia da República - anunciou o ministro em tom que se diria amigável:

"O projecto de construção do novo aeroporto não foi abandonado e a sua localização não está em causa. O novo aeroporto da Ota estará em condições de entrar em operações em 2015-2016 momento a partir do qual o aeroporto da Portela atinge níveis de saturação."

"Isto foi dito - acrescentou, quase fraternal, Mário Lino - por Carmona Rodrigues, quando ministro das Obras Públicas no Governo de Durão Barroso."

Para quem, como Carmona Rodrigues, tinha passado o tempo todo a dizer o contrário disto (sem argumentos) a revelação desta sua pretérita e afinal imprudente declaração ministerial teve o efeito de uma bomba atómica. Eu, que ainda não li os estudos e não sei se a Ota é a melhor opcção, sentia-a como manifesta falta de piedade.

Comments:
Concordo que foi um dos momentos mais «tocantes» do debate. O ponto mais baixo foi quando, falho de melhor argumentação e sentindo o chão a fugir-lhe debaixo dos pés, Carmona Rodrigues recordou - por causa das privatizações, que nem sequer estavam em causa - que Mário Lino foi membro do PCP até 1989. O Ministro não lhe respondeu. E fez bem. O nosso Estado não é confessional, e o facto não tinha nada a ver com a matéria em debate. Também gostei.
 
Oh meu caro isto já não são horas para estar acordado! Ou é a tese?Um abraço.
 
A destacar ainda o extraordinário contra-argumento de Carmona, de nível criança da pré-primária "Ah... ah... mas eu... mas eu... mas eu não disse que lá por haver Ota deixava de haver Portela... Ah pois é, oh... oh... comuna!..." (citado livremente, claro...).
 
Os argumentos do ministro não me impressionaram partcularmente. Desagradou-me a fuga a explicar que papel vai desempenhar o Aeroporto do Porto após a construção dum mega-aeroporto na Ota. A rentabilização dessa estrutura será necessariamente feita através da concentração dos voos internacionais na Ota, deitando para o lixo investimentos avultados que estão a ser feitos em Pedras Rubras. Não sei se a Ota será boa ou não para a região de Lisboa, mas é péssima para o desenvolvimento da região norte e do resto do país.

José Manuel
 
A opção estratégica parece ser a de concentrar o investimento numa única região, em detrimento do desenvolvimento equlibrado e da coesão do território nacional. Na prática significa regar constantmente um eucalipto gigantesco que para crescer vai desertificar tudo à sua volta. É interessante também notar como este governo congelou os processos de descentralização administrativa, tornando-se o governo mais centralista dos último 30 anos, com particular destaque para o ministro Mário Lino.

José Manuel
 
José Manuel,
deixe-me compreender melhor o seu último argumento. Havendo consenso sobre a necessidade de um novo aeroporto, será possível construí-lo de modo a evitar os inconvenientes que aponta (o «gigantesco eucalipto»)?
 
Caro MC: O termo "eucalipto" não se referia à OTA mas à concentração da quase totalidade do investimento público numa única região, que tem como contrapartida a ausência de investimento no resto do país. Por isso o resto do país está a entrar em processo de desertificação e de transferência de centros económicos, com todos os problemas a jusante que daí decorrem. Basta ver o PIDDAC deste ano e a diferença de tratamento entre o Metro do Porto e o Metropolitano de Lisboa.
Relativamente ao novo aeroporto, a polémica que tem existido indica que na realidade não é consensual. Parece-me fundamental assegurar que o aeroporto do Porto continue a ter ligações internacionais (e actualmente´, depois da ampliação reforçou essa capacidade)e não passe a ser apenas um apeadeiro de ligação a Lisboa.

José Manuel
 
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