2005-11-25
Peripécias de Pinochet e Memória de Allende
Quando Allende supunha Pinochet um general constitucionalista ...
Patrícia Verdugo está de passagem. Apresentou ontem o seu livro «Salvador Allende – O crime da Casa Branca», editado pelo Campo das Letras. Curiosamente, mercê de uma acção judicial por ela movida contra Augusto Pinochet, o velho e sanguinário ex-ditador foi, de novo, «incomodado» em Santiago. A falsificação de um documento, em que exagerou um poucochinho nas despesas com a deslocação a Espanha, para assistir às exéquias fúnebres de Franco, está na origem de mais um entre os muitos processos judiciais que correm contra Pinochet. Apesar de, à hora em que escrevo, já lhe ter sido levantada a prisão domiciliária, não quero deixar de sublinhar esta cadeia de coincidências. O velho ditador, que instalou a barbárie no Chile com um dos mais criminosos golpes de que há memória, perseguido pela justiça chilena por razões fiscais. Por um punhado de dólares, a pretexto de uma visita ao Vale dos Caídos? Francamente...
Segue um trecho de Patrícia Verdugo, - escritora e jornalista chilena cujo pai foi assassinado pelos militares da Junta Fascista no decurso do golpe de 11 de Setembro de 1973, - utilizado na apresentação do livro:
“Enquanto Pinochet escreveu a seu nome a ferro e fogo na galeria dos ditadores criminosos do século XX, o nome do presidente Salvador Allende continuará a ser nome de praças e avenidas, de salas universitárias, hospitais e colégios, além de existirem estátuas suas no mundo inteiro. Ano após ano, no decurso deste século, novas gerações irão perguntar quem foi este chileno que se imortalizou em nome da coerência com os seus ideais, da lealdade para com o seu povo e da esperança na construção de uma sociedade mais justa e solidária.”