2005-12-10
Debate Louçã-Cavaco
A equipa vencedora é de longe a dupla Miguel/Constança. Isto, face às dos outros canais. Para ser político- socialmente correcto deveria trocar a ordem, não era? Mas não troco por duas razões. O Miguel foi mais acutilante, embora a Constança estivesse muito bem. A segunda porque não faz sentido para mim essa regra. Em síntese, a equipa no seu conjunto impôs um ritmo e uma moderação qualitativa do debate que nada teve a ver com a actuação das precedentes.
Para Cavaco, este diálogo foi terrível
. Não só demonstrou não estar actualizado sobre matérias tão centrais como a da segurança social, pois desconhecia um estudo recente divulgado e que, de facto, levanta e responde a questões que faziam parte do discurso de Cavaco sobre a sustentabilidade do sistema existente, de que Cavaco Silva esteve cerca de dois minutos a falar sem acrescentar nada, fugindo a questões como a da idade da reforma e depois ficou embaraçado quando Louçã lhe chamou a atenção para a existência do estudo. Segundo, porque Louçã lembrou e bem a Cavaco Silva as suas culpas no atraso económico português, enquanto primeiro ministro de Portugal, durante dez anos e, por conseguinte, responsável também pela não mudança da estrutura económica do país, com as conhecidas e cada vez mais acentuadas perdas de competitividade.A única matéria de alguma confluência de ideias foi a da escutas telefónicas.
Louçã teve o mérito de entrar bem e ao ataque. Embora não concordando com algumas das suas posições, acho que ele até foi muito claro em alguns temas em que o Bloco nem sempre era claro como o da convergência da idade da reforma público/privado e sobretudo pôs Cavaco a falar.
Acho, porém, que Cavaco e Louçã estiveram, um e outro, perto do seu melhor. Cavaco não desiludiu o «povo de direita» nem os socialistas que afirmaram publicamente apoiá-lo (Veiga de Oliveira, Vilaverde Cabral e por aí fora). Louçã, fazendo boa figura, não decepcionou nem bloquistas nem compagnons de route. Agora lá que o debate foi bom, foi!
WatchDog
Ana Esteves
Profissionalmente tentam lançar a ideia do "suprapartidário", do que até "entra" no eleitorado do PCP (ex-PCP foi como apresentaram o Veiga, apesar dele ser filiado do PS) e simultâneamente jogam no invencível (na 1ª sondagem davam-lhe 62%!!!) em contraposição com o Soares que nem o eleitorado do PS consegue unificar quanto mais a esquerda toda!
Sendo obrigado a aparecer nos debates, Cavaco terá que aparecer ao lado dos outros, mas para o pouparem o diálogo é intermediado pelos jornalistas. Presumo que não erro muito se disser que partiu da candidatura do Alegre esta ideia da intermediação por jornalistas. Pelo menos desafiei-os no "quadrado" e ainda ninguém me desmentiu.
Cavaco sendo "pequeno" como pessoa tem uma tremenda máquina atrás dele e todos os apoios de que precisa. E acho um enormíssimo erro dizerem como já ouvi o Louçã dizer que a sua candidatura é "extremamente frágil". Não é. A sua candidatura é ainda mais forte do que foi anteriormente, pois agora até tem o PP silenciado e disciplinado atrás dele.
Todavia, o que ele pretendeu dizer foi que, politicamente, é uma candidatura fácil de combater. Contudo, não se pode menosprezar toda a máquina sombria que está por detrás desta candidatura sinistra.
Apesar da minha dúvida de fundo sobre se os debates levam a algum sítio porque há um ambiente que preparou douradamente a cama ao CS, onde a comunicação social, toda ela, foi o principal veículo e as esquerdas têm sido pouco activas e contraditórias no desmantelamento do consulado cavaquista,no campo económico e social, estou de acordo consigo que é positivo que Cavaco fale. E até agora só Louçã fez isso. Alegre, certamente por tactissimo, não explorou essa matéria, pelo que aquilo pouco mais foi que uma troca de ideias de café.
Ana Esteves
Sugiro-lhe que dê uma saltada ao blog do Jerónimo (www.jeronimodesousa.org), lá encontra não só a sua declaração de candidatura como o seu Compromisso eleitoral e algumas das intervenções que tem feito. Poderá constatar que o Jerónimo não só tem denunciado as malfeitorias de Cavaco e do cavaquismo, como praticamente tem feito esta denúncia em todas as intervenções.
E não tem falado abstractamente sobre Cavaco e o cavaquismo: tem denunciado os grupos económicos e financeiros que estão na estrutura da sua candidatura (os representantes dos grupos económicos e financeiros, os gajos do Compromisso Portugal e não só) e tem denunciado a política social, económica, política e cultural de Cavaco em confronto com a Constituição e tem denunciado os propósitos inconstitucionais dos que estão na sua Comissão de Honra õu estão no PSD e no PP escondidos atrás das bandeiras nacionais.
Penso que o que o Cavaco queria mesmo era continuar com o passeio triunfal em que já andava há dois anos, mas que as circunstâncias o obrigaram a aceitar os "debates", não frente-a-frente como estávamos habituados, mas mais "suaves" e intermediados por jornalistas. A ver vamos como as coisas se seguirão mas eu tenho confiança que ao contrário do que eles pretendem fazer crer, continua tudo em aberto, há ainda muitos milhares de quilómetros de campanha pela frente e se a malta se mobilizar e for mesmo votar o gajo terá que ir à segunda volta. E só isso constituirá uma primeira e pesada derrota de Cavaco e dos cavaquistas e dará nova determinação e confiança aos anti-cavaquistas.
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