2006-01-23
Depois de dia 22 (4)
Aníbal Cavaco Silva passou, à primeira, por uma unha negra, abaixo da percentagem que os estudos de opinião acerca das intenções de voto lhe davam na véspera. Os candidatos oficiais dos diferentes partidos políticos deram contribuições modestas para o bolo dos que se opunham a Cavaco: Soares ficou pelos 14% (em 1991 tinha tido 70%!), Jerónimo pelos 7% (Carvalhas teve 12% em 1991...) e Louçã 5 vírgula tal, menos do que nas legislativas anteriores.
Alegre, pelo contrário, teve um resultado que se cifrou no apoio de 1/5 do eleitorado, mais ou menos o que Salgado Zenha arrecadou em 1986.
Trata-se de um défice de afirmação das esquerdas. Conservam uma influência proporcional a metade dos votos expressos, mas em perda relativa
Duas questões (entre outras, é claro) ficam a merecer discussão: 1) Que factores explicam a incapacidade de Soares alcançar, pelo menos, a votação da primeira volta de 1986 (25, 4%)? e 2) O que fica a representar a votação de Manuel Alegre?
Assim puxo a palavra.
Entretanto, como se confirmou o pior cenário, monto o cavalo ao contrário.
A meu ver, Mário Soares não teve em conta a nacional hipocrisia.
Toda a gente diz mal de tudo mas não tolera ver e ouvir dizer mal.
Dentro do mau cenário este, o da unha negra, como ontem Miguel Sousa Tavares, plagiando-te;) também justamente considerou, é o menos mau.O que afinal sempre prova a existência de Deus. Ainda que um deus menor.
Alegre bem que pode sonhar com a fundação de um partido... O PS dominado pelos liberais de Sócrates não satisfaz a muitos socialistas, nomeadamente aqueles que alinhavam com Ferro. Existe espaço para um partido entre PS e PCP... Pelo menos enquanto o PCP não se reformar... Mas falta a Alegre a coragem e força para avançar. Aliás, ele sempre foi pouco consistente neste pequeno "cisma", e não me parece que avance agora para um "cisma" de maior escala...
<< Home