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2006-02-28

 

Brave New World/Minority Report

A fúria repressiva não tem limites; um dos temas predilectos de uma parte da classe política francesa é a repressão dos menores que o ex-ministro do interior do governo Jospin, Jean-Pierre Chevénement, chamou de "sauvageons" e Sarkozi chama "racaille".
Um relatório do INSERM, instituição de investigação médica, que está a causar grande polémica fala de identificação de risco de delinquência em crianças de 3 anos. O tal relatório propõe que se identifique crianças cínicas ou que apresentem baixo índice moral.

Aconselho-vos a leitura da entrevista de Bernard Golse director do serviço de pedopsiquiatria do maior hospital de crianças de França ao Libération ou o editorial do Monde.
Comments:
França também é aquele país, supostamente europeu, civilizado e liberal, onde, a pretexto do combate à poligamia, se obriga casais, inclusivé com filhos, a divorciar-se, e se obriga pessoas a viver, não nas casas que elas livremente escolhem em conjunto, mas separadas. Onde se separa os filhos dos seus pais por estes serem polígamos.

É horripilante. França está transformada numa ditadura.

Luís Lavoura
 
De facto é bastante assustador. Cada vez mais se tenta controlar e formatar o ser humano por forma a torná-lo "inofensivo".Será que vamos seguir o caminho dos EUA onde muitas crianças são consideradas hiperactivas e se inundam de medicamentos desde a mais tenra idade sem que haja provas médicas reais de que de facto são hiperactivas.É horripilante.O que irá acontecer à diferença, personalidade, criatividade e génio que não existem num mundo sem diferenças?
 
Luís Lavoura

De facto a poligamia é proíbida em França, e uma lei (que tem, julgo, cerca de 5 anos) só reconhece os casais, uma das esposas de uma família polígama fica por assim dizer "de fora". Nenhuma lei em França pode obrigar quem quer que seja a divorciar e muito menos pode impedir as familias de viverem onde querem e com quem querem.

Dito isto penso saber a que situações se refere. De facto alguns organismos de habitação social expulsam famílias poligamas ou fazem chantagem para que se separem. E há alguns casos de abuso da noção de protecção das crianças a famílias polígamas, são casos raros e dependentes de interpretações de juizes ou de assistentes sociais demasiado "zelosos".

Já agora, se me permite, gostava de lhe assinalar que a sua análise é exactamente a inversa daquela que faz a extrema direita (estilo Le Pen e de Villiers), esses dizem que as famílias poligamas ocupam todos os alojamentos sociais, que recebem imenso dinheiro do estado, que transformam os filhos em deliquentes, etc.
 
Na verdade, há fenómenos neste nosso civilizado mundo ocidental que fazem pensar...
Essas das crianças cínicas, de 3 e menos anos de idade, parece fazer-nos regressar às velhas teorias de Lombroso. Já nascemos cínicos, não é verdade?!
Um abraço, Pedro.
(jcm)
 
A própria existência da questão levanta a realidade de existir um forte desajustamento da maneira como estamos a criar as nossas crianças. Isto é, não é relevante (é, mas não totalmente) que existam ou não crianças de 3 anos nessas circunstâncias. É muito mais relevante, ser PLAUSÍVEL que possam existir. É isso que é assustador.

Algo falha muito no nosso modelo familiar, no Ocidental, que encafua s crianças em depósitos a partir dos 3 meses, que deixa às escolas responsabilidades que são dos pais (educação sexual, entre outras).

É este paradigma económico que retira cada vez mais os pais aos filhos que urge mudar. Antes que ele nos mude a todos...
 
Pedro Ferreira, referia-me explicitamente a alguns casos que vi relatados numa notícia da Deutsche Welle (que não é propriamente uma má fonte), linkada não há muito tempo no blogue Blasfémias. Nessa notícia falava-se explicitamnete de casais polígamos que recebem pressões ou são forçados a divorciar-se, e também a separar a habitação, sendo forçada uma das esposas com o respetivos filhos a ir viver longe do pai destes.

A descrição deixou-me horrorizado.

Veja:

http://www.polygamyinfo.com/intnalmedia%20plyg%20139inde.htm

http://www.dw-world.de/dw/article/0,1564,1664241,00.html

Luís Lavoura
 
Luís Lavoura, muito obrigado pelas referências. Após leiture penso que estamos de acordo. O seu comentário e o meu parecendo incompativeis podem compatibilizar-se compreendendo o problema do ponto de vista da xenofobia. De facto, nimguem pode ser obrigado a divorciar, muito menos a mudar de casa, excepto... se for estrangeiro e precisar de renovar a autorização de residência, aqui entra-se no reino da "dupla pena" e do arbitrário.

Só outro comentário: um cidadão europeu com vida dupla (e há muitos), duas mulheres duas famílias, etc nunca será incomodado, veja-se o exemplo do presidente Miterrand. Já um estrangeiro pode ser enviado de volta para o país de origem...
 
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Felizmente as reacções (quer a da entrevista, quer a do editorial que referes) são desempoeiradas. Aí, como aqui e noutros lados, a pulsão eugenista está constantemente a vir ao de cima. A essa «luz», poderão muitos dos que justificaram o «tour de force» de Sarkozy, temendo pela estabilidade da «banlieue», compreender melhor a «programação anti-delinquentes» de uma certa direita.
Obrigado pela oportunidade do poste.
 
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