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2006-03-18

 

Cavaco Silva em Belém (2)

Vasco Pulido Valente (Público de 2006-03-18, sem link):

"Pese embora a José Manuel Fernandes, quando se tratou das nomeações para o Conselho de Estado, Jorge Sampaio fez precisamente o contrário de Aníbal Cavaco Silva. Queria que os partidos reopresentados na Assembleia da República... estivessem também representados no Conselho de Estado. Ofereceu por isso, um lugar da sua quota pessoal ao presidente do CDS e outro ao secretário-geral do PCP...

O CE, sendo consultivo, não decide nada, mas na mediada do possível deve representar a opinião do regime e do país. Deixar de fora o CDS ou o PCP diminui como e óbvio, sua eficácia e o seu valor, e contribui poara isolar o Presidente.
...A comparação com Sampaio (José Manuel Fernandes que me desculpe) volta aqui a ser reveladora. Sampaio não foi buscar uma dúzia de lunáticos ao formigueiro da extrema esquerda para o ajudarem. E por um bom motivo. Um pequeno grupo de zelotas, para não dizer pior, acaba frequentemente por influenciar (ou envenenar) a atmosfera ideológica de uma instituição.

...Essas criaturas [os conselheiros de Estado escolhidos por Cavaco] chegam com um passado, encarnam causas, trazem uma agenda e exercem funções de algum alcance. Não são o dourado de uma porta. São uma franja da direita irreformada e irreformável, que o dr. Cavaco instalou no centro da política."



Vítor Dias (Público de 2006-03-17):

"....E é por isso que queremos escrever preto no branco e claro como a água que não nos sentimos nada felizes nem reconfortados, bem pelo contrário, por ver chegar à Presidência da República uma personalidade como Aníbal Cavaco Silva.

Porque, contra a corrente da amnésia e do relativismo político e para além de cruciais razões de futuro, não nos esquecemos de que, há 21 anos, a sua ascensão a líder do PSD e depois a primeiro-ministro se alicerçou no truque de fazer crer que um "novo PSD" tinha começado com ele e que para trás não havia nem história nem responsabilidades do seu partido e na suprema mistificação de ainda haver ministros do PSD no Governo do Bloco Central e, em simultâneo, conseguir fazer uma campanha eleitoral de crítica devastadora à acção desse Governo, mesmo quando os ministros em exercício do PSD estavam a seu lado nos palcos dos comícios.

Porque não nos esquecemos que gastou uma década inteira a fazer invariavelmente uma perversa campanha contra "os políticos" e "a política", sempre protegido pela insistente rábula de que, na chefia do governo, era apenas um submisso escravo do interesse nacional e um economista e professor universitário que só o destino, o acaso ou o amor ao país tinham empurrado para a vida política.

...Porque não nos esquecemos que foi com Cavaco Silva no cargo de primeiro-ministro que os compradores do Totta em apenas três anos tiveram os lucros suficientes para compensar o que tinham pago pela aquisição daquele banco nacionalizado e também não esquecemos...(artigo completo aqui)


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