2006-03-28
A economia cresce pouco. As desigualdades crescem muito!
Essa excitação toda que tem andado por aí com as OPA's, já foi dito que não tem nada a ver com a exuberância da economia. É mais concentração de capital, enriquecimento rápido para meia dúzia, umas migalhas se não alguns inesperados prejuizos para os que andam à babugem da bolsa e mais... desemprego. É um percurso normal na economia de mercado e mais ainda na economia globalizada. Nada de excessivamente exaltante, em todo o caso. Nem de "confiança na nossa economia".
Já disse, não sei se vezes demais, que Sócrates está, em geral, a governar bem e a tomar medidas corajosas e indispensáveis para o país tentar sair da cepa torta. Mas, como diria o outro, o problema é da economia stupid! E a economia sofre daqueles males todos que estamos fartos de ouvir. Entre eles o dos trabalhadores pouco qualificados mas, pior ainda (e isso ouve-se menos) dos nossos empreendedores não mais qualificados.
Apesar das idas à Finlândia ninguém está a pensar aqui, julgo eu, fazer uma revolução que nos atire para padrões próprios de tão baixas latitudes. Para isso teríamos que trazer os finlandeses ou então colmatar, do pé para a mão, o handicap de não termos aderido à Reforma no séc. XVI, de termos passado demasiado tempo a viver da mama das colónias e agora, no nosso tempo, não termos feito as reformas que se impunham durante o consulado de Cavaco Silva e a apostolado de António Guterres.
O essencial é fazer tudo para conseguirmos produzir alguma coisa que os outros queiram comprar, qualquer mercadoria que a Espanha não faça melhor, que os chineses não façam igual por metade do preço. O Governo está a fazer o que lhe compete melhorando "o ambiente" empresarial. Veremos agora o que fazem os empresários. Para além de OPA's!
Mas se é essencial, na governação, criar as melhores condições para produzir mercadoria vendável, Sócrates não pode descurar a coesão nacional e o fosso crescente entre os poucos muito ricos e os muitos muito pobres. E nesta frente em que talvez se criem 150 mil empregos mas me parece que se "criarão" 200 mil ou mais desempregados não se está a fazer tudo. E é indispensável fazer tudo!