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2006-03-13

 

Educação - Mais uma medida que se impunha

O ME quer criar provas nacionais para avaliação de conhecimentos e competências.
Mais uma medida óbvia do Ministério da Educação.
Já ouvi os principal argumento contra dos sindicatos e de alguns amigos que são professores:
Concordo que por dominar a matéria não é necessáriamente bom professor.

No entanto nenhum professor poderá ensinar correctamente a matéria se não a dominar.
Ou seja : Dominar a matéria é uma condição necessária mas não suficiente para ser bom professor.

Seria de facto bom existir também uma forma de avaliar a capacidade pedagógica de um professor.

Actualmente a seriação, avaliação e acesso à carreira é efectuada com base apenas nas notas da faculdade.
Desta forma ocorrem situações caricatas como alunos de 12 na faculdade mudarem a meio do curso e passarem a ser alunos de 18, passando à frente dos seus colegas originais que eram alunos de 15.

Desta forma, e comparando com a situação actual será sempre menos injusto a avaliação dos conhecimentos que nenhuma avaliação.
Comments:
Esta é sem dúvida uma medida necessária, mas não é suficiente.

Em primeiro lugar se, como se deduz da notícia, ela só vai ser aplicada a quem entre agora na carreira docente, então os efeitos só serão vísiveis a médio ou longo prazo, e a situação é urgente.

Outro aspecto que me preocupa é a organização da avaliação das competências. Estas provas terão que respeitar um equilibrio entre a avaliação dos conhecimentos própriamente ditos e a avaliação da capacidade de transmitir esse conhecimentos. Se as comissões que vão decidir da organização não forem equilibradas corremos o risco de ver os exageros de certas escolas "pedagógicas" tornarem-se lei.
 
Absolutamente de acordo.
Há uma enormíssima distância entre ter a formação académica e a formação para leccionar. Entre estes dois factores está certamente muita generosidade e a preocupação com o outro (cidadão) e até com o País, ou a falta dela.
Que não nos doam as mãos para aplaudir a Ministra da Educação, pelo menos com o mesmo vigor como se critica tudo.
 
Uma medida óbvia, de aplaudir em termos teóricos. Ninguém consegue ensinar o que não sabe, embora a pedagogia seja importante. Isto foi dito e redito no post e nos comments. Acrescento saber o que se ensina é determinante. Será que as escolas de educação actuais preparam os professores em termos de conteúdos? Não serão os insucessos, como o da Matemática, uma resultante do não domínio da matéria? Pelo menos as escolas de educação não estão bem cotadas e então que volta dar-lhes?
 
Se o Ministério considera que os cursos e universidades que aprovou estão a formar licenciados ignorantes nestas matérias científicas só tem que tirar todas as consequências desse facto que é encerrá-los.

Um exame pode avaliar conhecimentos científicos e aspectos teóricos, mas não avaliará competências pedagógicas que dependem principalmente das interacções com estudantes reais. Em todo o caso é um grave erro a extinção dos estágios nas escolas, com turmas próprias, onde na prática do terreno e com a orientação de profissionais mais experientes se formavam e avaliavam os candidatos a professores. O exame não substitui isto e por isso espanta-me que se queira já aplaudir uma medida que não se sabe muito bem o que é que vai avaliar (conhecimentos científicos ou competências pedagógicas?).

José Manuel
 
O encerramento dos cursos que formam ignorantes é óbvio.
Mas mesmo que não formem ignorantes a seriação por notas é injusta.
Como já disse o exame falha ao não avaliar as competências pedagógicas.
No entanto é muito mais justo avaliar os conhecimentos do que não avaliar nada.
Quanto ao aplauso é relativo ao que se sabe até aqui. Farei as minhas criticas ao que achar que não é correcto.
 
Olá João Abel, para responder à tua pergunta, no caso da matemática a falta de preparação dos professores é a primeira causa mas há outras:
- desvalorização social dos professores: hoje em dia a escolha da profissão de professor do secundário faz-se muitas vezes por defeito.
- a política de recrutamento do ministério que consistiu, durante muitos anos em baixar cada vez mais os requesitos necessários para se ensinar matemática.
- um problema social de falta de cultura matemática (algo a que um autor americano inumeracia). Quantas vezes não vemos as crianças reproduzirem o estéreotipo de que a matemática é dificil e "chata"?
- a atitude irresponsável de equipas de pedagogos do ministério que produziram programas e orientações de ensino da matemática que seguem teorias de ensino completamente irresponsáveis (como por exemplo a ideia peregrina de que se devem evitar as demonstrações).
 
Em resposta a José Manuel. A abolição dos estágios é uma enorme asneira, aí estou completamente de acordo.
Só que, na minha opinião, para se acader à profissão é necessário provar que se domina a matéria e que se sabe expor. No caso da matemática sou completamente avesso a uma solução "corporatista" do estilo: limitemos o ensino da matemática a licenciados em matemática. Prefiro uma solução à francesa (CAPES/Agreg) onde um leque relativamente grande de formações dá a possibilidade de inscrição num concurso com duas componentes: a escrita, onde se mostra que se domina a matéria e a oral (ou lição) onde (teóricamente) se mostra que se sabe expor claramente uma matéria. O sistema tem sido desvirtuado mas vai funcionando, a qualidade média de um professor de matemática do secundário francês é boa, e a matemática é uma das disciplinas de que os alunos mais gostam. Já agora, depois do concurso os professores teem um ano de estágio antes da nomeação definitiva.
 
Concordo com a medida, com o post e também com alguns dos comentários em que se fala, porexemplo, do facto de socialmente ser professor já não ser uma profissão com a dignidade que já teve.
Aliás, do meu curso de engenharia, foram para professores os que não conseguiram arranjar outro tipo de emprego.
Mas esta questão da avaliação deverá (deveria) ser alargada a outras profissões. Por exemplo administradores de empresas públicas, presidentes de organismos estatais, etc.
 
A avaliação do mérito é sempre muito difícel de fazer sem cometer erros. Mas se queremos progredir é indipensável torná-la obrigatório em todas as carreira profissionais.
Entre outros meios filmar um certo número de aulas por ano e por professor? De acordo com critérios a estabelecer. Nomeadamente algumas desas aulas com o conhecimento prévio do professor e outras não. Filmes que estariam também ao seu dispor.
Outra critério, mais indiciário do que conclusivo, (cada forma de avaliar de per si é sempre muito falível) Mas também ajudaria a comparação de resultados entre as várias disciplinas numa mesma escola (mesmo universo de alunos)
O bom professor necessita de conhecer com profundidade a matéria (muito para além do que ensina) necessita de expôr bem e necessita ainda de verdadeiro empenhamento no seu trabalho! Três condições indispensáveis que obrigam a criar boas condições de trabalho aos professores e aumentar-lhes a respeitabilidade social.
Claro que os sindicatos estão contra. O seu descrédito já é tão grande que não piora a sua situação.
Tenho a sensação - é só um palpite - tendo em conta o universo dos professores que conheço que uma avaliação séria chumbaria um grande número deles.
Uma observação ao comentário do Pedro farinha: você está a querer acabar com os "jobs for the boys" ou quê. Isso dava cabo da tradição!
 
Pelas razões acima expostas é que foi um errro acabar com os estágios integrados. Nestes estágios integrados no último ano de licenciatura os candidatos a professor eram orientados durante 1 ano por um profeessor do quadro de escola. REalizavam planificações dos programas e de cada aula, que era posteriormente criticado e avaliado.Havia um conjunto de aulas que eram assistidas pelo orientador da escola e outro conjunto que eram assistidas pelos professores daa Universidade e que eram posteriormente criticadas e avaliadas. O mesmo acontecia com outras actividades que os estagiários tinham obrigação em organizar como as visitas de estudo. No final não só se fazia uma avaliação mais rigorosa dos candidatos, como saiam com mais conhecimentos e competências para trabalhar nas escolas reais, assim como conhecimentos práticos que não integram o curriculo das licenciaturas.
Substituir isto por um mero exame não contribui para melhorar a qualidade dos professores. Bem pelo contrário. Quando muito pode servir para uniformizar critérios de graduação.

José Manuel
 
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