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2006-03-14

 

MIchelle Bachelet presidente do Chile

Uma Presidente assim, com este rosto aberto, jovial e franco não pode deixar de inspirar simpatia e confiança. Independentemente do resto e só para me cingir ao aspecto, compará-la com rostos carrancudos é como comparar um dia de sol radiante com um dia de chuva. [Breves dados biográficos]
Tomou posse no Sábado, em Santiago do Chile, e na investidura não conseguiu esconder a comoção.
O Presidente da República no Chile é simultaneamente o chefe do Governo e ela já o constituiu. São vinte ministros. Dez mulheres e dez homens. O Ministro da Defesa, o da Planificação, o da Economia, o da Saúde, por exemplo, são... adivinhe! São mulheres.
Os secretários de estado são trinta e dois. Desasseis homens e desasseis mulheres. Secretárias de Estado mulheres são, por exemplo, a da Justiça, a da Marinha, a do Desporto, a da Agricultura, a das Finanças. O critério não foi, como se vê, as pastas mais "femininas" para as mulheres.



A passagem de testemunho de Ricardo Lagos para Michelle Bachelet contou com um grande números de chefes de Estado e governantes estrangeiros nomeadamente Condolesa Rice ou a vice-presidente do Irão, mas a presença mais espectacular foi a de Evo Morales, pois foi a primeira vez que um presidente da Bolívia veio ao Chile, países que mantém relações tensas (com duas guerras pelo meio e a perda de territótio e de acesso ao mar pela Bolívia). Evo Morales teve direito a um comício num estádio, organizado a pedido de sindicatos e organizações populares de esquerda. Emocionou-se quando os presentes começaram a gritar "acesso ao mar para a Bolívia". Disse que nunca esperou ouvir uma palavra de ordem daquelas, da boca de chilenos)


Comments:
Olá Raimundo, a diferença em relação às imagens da tomada de posse de Cavaco Silva é impressionante. Parecem dosi mundos diferentes.
 
Talvez, a política no seu melhor!
O tempo o dirá.
 
Já agora um bom conselho para quem goste de cinema, o filme "boa noite e boa sorte", e a dignidade de quem arrisca, pela defesa daquilo em que acredita. A ver e apreciar, sem dúvida.
 
Bachelet, o pai (assassinado) e a mãe foram vítimas de Pinochet. Agora é a vez das suas vítimas para bem do povo chileno. O Evo Morales também luta pelo povo boliviano. Assim saiba aguentar-se sem provocar demais o império do Norte.
AM
 
Estou em dissonância com a minha admirada Michelle Bachelet e com os seus respeitáveis admiradores incondicionais, entre os quais se destaca o meu admirado amigo Raimundo Narciso. Apenas porque tamanha precisão paritária me soa a pancada maníaca, uma variante artificial de igualdade de géneros conquistada numa folha A4 quadriculada. Até porque isto do rigor nas igualdades tem muito que se lhe diga. Porque há igualdades a conquistar mas outras igualdades também a considerar e cruzar. Suponhamos que um único ministro ou uma única ministra (podendo serem mais), um único secretário ou uma única secretária (podendo serem mais), pertence, por fatalismo biológico, a um determinado género mas a vida lhes revelou uma orientação (ou gosto) sexual divergente com a marca biológica original. Sei lá, uma ministra cuja aspiração maior na vida seja ter tomates para ser ministro e, com eles, combater a burguesia; ou um secretário de estado que goste de ir para a cama com lingerie sexy-erótica e se excite a acariciar uma púbis masculina e provocar-lhe erupções de luta do proletariado. Um caso único e hipotético de contradição entre aparência e essência, respeitável na contabilidade das igualdades, só por si, mandaria ás malvas o porfiar aritmético-maníaco e igualitário da simpática Michelle Bachelet. Pior, a igualdade-alvo dogmatizada corre um hipotético mas sério risco de ser uma ofensa à igualdade sentida e vivida por parte das respeitáveis pessoas ministeriadas, revelando uma igualdade para fora e uma iniquidade para dentro. Oxalá nada disto se passe, ministro seja ministro, secretária de estado seja secretária de estado, e o Chile seja feliz.

João Tunes
 
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