.comment-link {margin-left:.6em;}

2006-03-23

 

A quadratura do Iraque

Vi a parte final da "quadratura do círculo". Pacheco Pereira que obviamente defendeu e continua a defender a invasão do Iraque pelas mesmíssimas razões da Administração Bush, sem confundir as razões com os pretextos, isto é o petróleo e a projecção estratégica, com as balelas das armas de destruição maciça (ADM) ou da democracia, a certa altura, falando como que em petit comité, descaiu-se a dizer que já o vice-presidente Cheney (aquele com quem ninguém quer ir caçar patos) advertia, antes da invasão, que não era boa ideia justificá-la com as ADM, (que fatalmente se revelaria, mesmo aos cegos, que não existiam) mas com a democracia.

Também Lobo Xavier, se deu ao trabalho de explicar que nem tudo estava mau no Iraque. Só lhe ocorreu a realização de eleições. Mas em que condições? Em que clima de liberdade de expressão? Aquelas em que os xiitas foram votar no candidato xiita, os sunitas no candidato sunita e os curdos no candidato curdo? Mas mesmo que fossem "livres e justas" eu ponho o caso em nós Portugueses. Imaginemos que uma imaginária potência islâmica (sendo Portugal um barril de petróleo) para derrubar o ditador Salazar invadia o país e nos deixava no caos do Iraque. À fome, sem água, sem electricidade, no meio do terror generalizado. Imaginemos que um qualquer berbere numa Quadratura do Círculo, explicaria nas Arábias, que em Portugal nem tudo era mau. Tinham sido feitas umas eleições (sob a vigilancia do exército invasor).

Pacheco Pereira aduziu mais um argumento para explicar que aquela mortandante diária não era contra os americanos mas lá entre eles. Este sim foi um argumento que me estava a tocar fundo quando de repente me lembrei... e se os militares norte-americanos estivam tão indefesos, tão expostos como os civis. Tão à mão de semear?

Jorge Coelho ao menos não esteve com papas na língua. Chamou os bois pelos nomes e tratou o assunto com uma frontalidade que salvou a conversa. Um marciano nem perceberia que estavam a falar do mesmo assunto.

Fico triste (mas só um pouco!) ao ver intelectuais e políticos do gabarito do Pacheco Pereira e do Lobo Xavier a dizer estas coisas.

Comments:
Olá RN.Post interessante. Tenho pena de não ter visto o programa em causa. Sabe, aqui de longe acho que "intelectuais" e políticos como os que menciona são um pouco como o Bernard Henri-Levy em França. Vivem à sombra dos louros arrecadados e no fundo bem vistas as coisas não dizem nada de excepcional, nem têm raciocínios propriamente intelectuais. Mas ganharam um estatuto... é pena. São precisos outros, não há insubstituiveis. Eu aprecio muito mais as opiniões que leio aqui.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?