Mais uma vez um deputado vem tentar justificar o injustificável: a falta de quorum da AR na quarta feira de Páscoa.
Até acho que o deputado Luís Pita Ameixa tem razão nos argumentos teórico-políticos que aponta para o mau funcionamento da AR que, no seu entender, se circunscrevem aos seguintes aspectos:
O funcionamento desactualizado e errado dos partidos, no que se refere à AR.
A lei eleitoral.
A desactualização e funcionamento do Parlamento, mais próximos, do século XIX, do que dos ritmos do tempo moderno.
Mas daqui a justificar o que aconteceu vai um fosso maior que a profundidade da fossa do Pacífico. Outro argumento que não colhe é o de que quem criticou o comportamento dos deputados olha-os, como funcionários públicos. Eu critiquei e continuo a achar que não há explicação para tanta falta, a não ser o desinteresse e alguma irresponsabilidade e não os entendo, como ex-funcionário público, nessa situação.
Eu bem sei que os funcionários públicos, hoje e há mais tempo, são tidos como uma classe "proscrita" , diria quase "parasitária", pela sociedade e os sindicatos do sector têm contribuído muito para isso. Assim, toda a tentativa de nenhuma conotação com esses funcionários "intelectualmente maltrapilhas" só pode colher prebendas. Neste contexto, os professores não querem ser vistos como funcionários públicos, são técnicos de ensino, os médicos idem são técnicos da saúde, os enfermeiros também. Os juízes, magistrados, forças da ordem, forças armadas, etc etc, os trabalhadores dos institutos e serviços autonómos também não são funcionários públicos. Dificil contabilizar assim mais de 700 000.
Mas aí o senhor deputado foi buscar um mau argumento para justificar/compreender a ausência dos senhores deputados, ao dizer que a AR "traz os deputados muito subutilizados e ao mesmo tempo cansados, em muitos casos, subutlizados e cansados, por míngua de responsabilidades pessoalizadas."
Já pensou onde está a maior subutilização de pessoas neste País? Já pensou se os argumentos invocados vão no sentido de compreendermos as faltas dos deputados como seria interessante sem greve uma falta da função pública em percentagem equivalente à dos deputados?
E, finalmente, porque só agora se coloca o mau funcionamento da AR, quando ele é mais do que visível, há muitos anos?
O que fazem os deputados que estão lá há dezenas de anos para não não têm levantarem essas questões?Têm andado distraídos? É o mínimo que se pode deduzir.
Penso que não seria mau "dar a mão à palmatória" e então numa base mais sadia partir para outra.
A democracia também se exerce no reconhecimento dos erros, independentemente das razões que podem minorar esses erros.
Tinha dado por encerrado este tema, mas por bem intencionados que sejam, não entendo certos argumentos para certas atitudes.
# posted by Joao Abel de Freitas @ 11:34