PUXAPALAVRA

Quando o mar bate na rocha...

Passaram há pouco 32 anos sobre a revolução de Abril de 1974. Mesmo assim, alguns dos que exultaram com a conquista de novos direitos de que a sociedade portuguesa foi esbulhada longa e repressivamente, declaram-se confusos por quaisquer cidadãos ou instituições deles fazerem uso e finca-pé.
É extraordinário!
Aqueles que festej(ar)am efusivamente, entre vivas e cravos vermelhos, a recuperação dos direitos que o Estado democrático garante, amofinam-se conjunturalmente por esta ou aquela providência cautelar atrasar, por pouco que seja, a acção do executivo.
Ou se esqueceram dos princípios básicos da República Democrática, ou me falhou alguma inovação estruturante em matéria de ética do direito.
Hei-de ver se percebo…

Entretanto, o Governo de José Sócrates, tocando uma partitura com bemóis de centro-esquerda e sustenidos de direita, deixa os estados-maiores, comissões nacionais e congressos do CDS-PP e do PPD/PSD desorientados. Quer Marques Mendes, quer Ribeiro e Castro, nas suas presuntivas transitoriedades, não conseguem convencer o «povo de direita» de que fariam melhor governo do que o Eng. José Sócrates está a fazer. E esse é, antes de outros mais finos, o factor de maior embaraço. À sombra dele, Portas espera, enquanto Mendes acredita poder vir a ganhar estatura eleitoral com … o passar do tempo.
Desenganem-se.
Sócrates vai tentar continuar a fazer o que até aqui tem feito.
Perspectiva, com razoabilidade transcendente, o que a «nova esquerda» poderá vir a fazer depois dos bancos, grandes empresas e altos quadros, se locupletarem; entretanto, vai aplicando as medidas de direita que desorientam os incompetentes do barrosismo e do santanismo, pela simplicidade técnica com que encontra no Parlamento uma câmara de eco governamental.
À direita, há quem ache Sócrates desleal. Se é ele a fazer esta política contra a direita, o que restará, então, aos partidos da direita?
Fazer as políticas de esquerda?

# posted by Manuel Correia @ 17:04