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2006-05-16

 

Menos maternidades para melhores partos

Numa onda populista para defender interesses partidários vemos alguns autarcas, um ou outro deputado, dirigentes de partidos e sindicalistas a defender a continuidade de maternidades sem recursos humanos e tecnológicos, prontos a sacrificar as condições de saúde indispensáveis ao nascimento dos Portugueses a troco de um futuro e incerto punhado de votos.
Médicos especialistas de todos os partidos defendem a decisão do Governo de fechar algumas maternidades sem condições mas alguns dirigentes partidários da oposição no activo defendem, com argumentos bizarros, o contrário, esquecidos de que defendiam o mesmo quando no Governo.
Ontem no programa Os Prós e os Contras os esclarecimentos prestados pelo Ministro da Saúde, Correia de Campos e por vários especialistas da saúde, incluindo médicos da Comissão Nacional sobre o Plano Nacional de Saúde Materna e Neonatal foram convincentes sobre a vantagem do encerramento das maternidades propostas pelo Governo.
Um impacte particular teve a intervenção de Albino Aroso, médico ginecologista, um dos mais destacados especialistas na área do planeamento familiar e saúde que criou em Portugal a primeira consulta de planeamento familiar, em 1969, e um paladino da luta em prol da maternidade.
Muito interessante e esclarecedora é a entrevista à Radio Renascensa, publicada no Público de ontem, deste ex- secretário de Estado de Sá Carneiro e Cavaco Silva, firme defensor do direito da mulher à interrupção voluntária da gravidez. Nela se demarcou das posições demagógicas de dirigentes partidários, incluindo os do seu partido. Disse aliás que o plano de encerramento de mais maternidades já estava decidido no Governo anterior e referiu que, o anterior "encerramento de 150 maternidades [desde 1989 com Leonor Beleza] não tinha causado tanto reboliço".
O Programa Nacional de Saúde Materno-infantil iniciado em 1989 é um caso raro de sobrevivência e continuidade ao longo de Governos de cores partidárias diferentes e os resultados, o grande decréscimo da mortalidade infantil em Portugal, estão à vista:


---1960------1990------2004---

60

10,9 3,8
(mortalidade infantil por mil nascimentos)

Parece claro que o encerramento de serviços de parto sem condições adequadas foi no passado e é no presente uma decisão acertada. De uma posição abaixo da média da UE, Portugal passou, na mortalidade infantil, para a 4ª melhor posição mundial.
N'Os Prós e os Contras não faltou a demagogia partidária e o populismo autárquico. O deputado do PSD, Fernando Negrão, defendeu a maternidade de Elvas por "razões patrióticas".
Tenha-se presente que o registo de nascimento pode desde há muito, ser feito no local de residência da mãe, salvaguardando-se assim a tragédia nacional de partos em Badajoz e a entrega dos nossos filhos a Castela.
O presidente da câmara de Barcelos (PSD) e suposto inimigo da iniciativa privada, destruiu todo o trabalho da Comissão Nacional sobre o Plano Nacional de Saúde Materna e Neonatal com a insinuação de que o Ministro quereria servir uns interesses inconfessáveis da medicina privada a instalar futuramente no hospital de Braga. Instado pelo ministro a fundamentar ali a insinuação assobiou para o lado.
Entretanto hoje no telejornal Carvalho da Silva explicava que o encerramento programado de maternidades não passava de uma tramóia do Governo para dar lugar a maternidades privadas naquelas terras de poucos partos. Julgará que os privados decidiram perder dinheiro para colocar dispendiosas maternidades ao pé de cada vilória?
Verberar-se-á o economicismo. Mas é evidente que se o dinheiro abundasse contratavam-se médicos e enfermeiros especialistas em Espanha ou no Leste, comprava-se mais e melhor equipamento e, Sócrates sonhando com a reeleição, colocaria uma maternidade em cada paróquia.
Apontar-se-á o dedo à pouca informação das populações para explicar o seu estado de alarme. Mas muitos dos que apontam o dedo é que, por razões partidárias, têm feito o que podem para alarmar.

Comments:
Os protestos das populações também têm a ver com a percepção do que os espera, não é? Para já, vão nascer mais longe. Depois, ficam por lá. Depois... logo se verá.

Fátima
 
1 - o plano da comissão é um documento feito por subordinados do ministro.já o li e não encontro razões técnicas que justifiquem o encerramento.
o número de 1500 partos como mínimo é justificado como sendo necessário para que os médicos não "percam a mão", ou seja, que vão treinando enquanto vão trabalhando....
para perceber a falácia basta calcular quantos partos faz por ano cada médico da alfredo da costa.....
2 - o presidente da câmara de barcelos não assobiou para o lado! prontificou-se a mostrar o caderno de encargos do novo hospital de braga que obriga ao encerramento de barcelos!
3 - a dra. blandina do hospital de bercelos, desmentiu, ponto por ponto, as conclusões do presidente da comissão, o que indica que elas são falsas e que o presidente não sabia do que estava a falar!
4 - quem é o ex-secretário de estado que em conjunto com outros empresários, vai abrir clínicas privadas em "vilórias"????
5 - um tema nunca falado em nenhum dos "debates" : a média de maternidades/número de habitantes é igual à média europeia para taxas de natalidade muito semelhantes o que quer dizer que se fecharem maternidades ficaremos abaixo da média!
6 - dizer que os casos complicados tem de ser transferidos para outros locais com melhores condições não passa de poeira atirada para os olhos....
quantos feridos graves (queimados, traumatizados) são transferidos diáriamente para outros hospitais por falta de condições e equipamentos e pessoal no hospital de origem????
também vão fechar esses serviços?
 
Olá RN.Pois eu acho que o seu post é excelente. Não lhe tiro,nem acrescento uma vírgula.Sofia
 
O Fátima podia-lhe responder que segundo o seu ponto de vista - e dando de barato o exagero - mais vale morre perto do que nascer longe. O "que os espera" é uma maternidade com as condições mínimas asseguradas ainda que com o incómodo de se situar mais longe. O risco de uma "desgraça" para um filho e depois para toda a família por toda a vida, passa a ser menor.
A menos que se trate duma conspiração urdida por médicos e políticos para "privatizar" as maternidades mas nada mostra isso. Nem a idoneidade das pessoas envolvidas nem a extraordinária diminuição da mortalidade infantil dos últimas décadas que foi a par de menos 150 maternidades e melhores partos.
Tal como à Fátima também agradeço ao Luikki o longo, e por isso amável, comentário. parece que vimos programas diferentes.
No seu ponto 2. diz que o PC Barcelos invocou o caderno de encargos mas isso é uma tolice. Que prova isso? Que vão melhorar o H de Braga? nmas isso não só será matural como provavelmente obrigayório para melhor atender as parturientes que venham de Barcelos.
No ponto 4. fez alguma confusão. Não chamei ao caso (a esse caso)nenhum ex- Sec.Est.
Depois procura-se enxergar economicismo. Mas o fundo da questão é essa e é clara para toda a gente. O cacau não chega para ter as maternidade que existem com pessoal médico e equipamentos suficientes. O Min disse que mais que o dinheiro, é a falta de pessoal especializado que obriga ao fecho mas todos percebemos que os recursos humanos também se obteriam com mais ou menos dificuldade desde que houvesse dinheiro. Portanto é dinheiro, obviamente.
Há uns anos atrás no tempo em que eu nasci pelas aldeias e as charnecas dopaís paria-se em casa ou nos campos a trabalhar. Portanto também se poderia optar por deixar parir em maternidades precárias. Mas que responsabilidades exigiriamos então, como cidadãos, a qq Governo que não estivesse atento a isso.
Proponho ao Luikki que não perca a sua saudável fogosidade com causas mal sustentadas e se guarde para as que não deixam dúvidas merecem a sua energia e são muitas.
Obrigado Sofia. Sinto-me em pecado (mas só venial) por há tanto tempo não ir ao seu belo Diário da Mulher Aranha. A verdade é que tenho andado em total abstinência bloguística. Mas, onde posso, digo sempre, só se ganha em visitar o blog da S.
 
Até corei:-) Faz bem em andar em abstinência bloguística, eu devia tirar umas férias disto. Estou em plena dependência:-)Sofia
 
se alguém tem causa mal sustentadas é o ministo da saúde e a pandilha que o apoia!
no ponto 2 referi, de facto, o caderno de encargos do NOVO hospital de braga..
porque raio é que um caderno de encargos tem de referir específicamete o encerramento de uma unidade de partos num outo hospital?
porque vai ser gerido por privados????
e, já agora, será que o actual hospital de braga tem condições físicas e de rh (para não falar na falta de humanismo que de consegue numa linha de produção) para 3.000 partos/ano????
no ponto 4 tornei a não fazer nenhuma confusão...simplesmente denucio o facto de um ex-secretário de estado (da saúde) estar envolvido no processo de licenciamento de clínicas privadas em locais remotos (ou, se prefere, em vilórias...)claro que, por mera coincidência..........
lamento a sua falta de astúcia para comentar os pontos 5 e 6!
 
Meu caro Raimundo

Isto da abstinência bloguística tem piada!!
Não posso aprovar tal coisa, pois mal retornaste e já andas a ser "desancado". É a parte nobre dos blogs. Só espero que agora venham defender os seis hospitais militares existentes em lisboa. E nestes nem até não deve haver problemas de técnica.
Um abraço
 
"Os cães ladram e a caravana passa", parece ser o comentário que melhor se adapta a esta discussão e á forma de fazer politica e tomar decisões neste jardim á beira mar plantado. De resto, seja por motivos de segurança, de racionalização, de prevenção ou outros, cada qual o mais louvável, maternidades, escolas, esquadras de polícia, etc, tudo vai fechando um pouco por todo o lado num sinal óbvio de que estamos a melhorar como país onde parece só haver lugar para mais emigrantes escravos (ou quase) de uma minoria de empresários bem típicos do empreendorismo á portuguesa.
 
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