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2006-05-16

 

A posição da UE face ao Irão

Javier Solana diz que a UE está disponível para apoiar o Irão no acesso ao nuclear para fins pacíficos.

Esta declaração curiosa, peca por tardia, para não dizer por ineficácia. ...

Se a tempo e baseada, poderia ter funcionado de "ponte" na sequência de que o Irão privilegiava o diálogo com os europeus neste domínio.

É uma declaração curiosa e tardia porque a UE nunca definiu/assumiu uma posição clara e de demarcação dos EUA.

Teerão anunciou agora estar disposto a negociações directas com os EUA. E a posição aparentemente algo arrojada da UE esfumou-se, porque de arrojo pouco tinha, por lhe faltar sustentação.

A diplomacia é um jogo, mas para ser eficaz tem de ter consistência.


Comments:
A propósito do Irão, deixem-me transcrever para aqui o que escrevi num outro lado:

"O programa nuclear iraniano

Antes do mais deixem-me dizer que nada tenho contra o povo iraniano ou contra a energia nuclear. Tenho sim, e muito, contra o governo iraniano e as armas nucleares.

Também me irrita a desigualdade e a lógica de dois pesos e duas medidas praticada por uma organização que deveria ser democrática (e garantir a democracia) que se chama ONU. Essa organização começa por ter um Conselho de Segurança em que existem países que têm direito a permanência constante. Outros, rotativamente, lá podem tomar assento nesse Conselho. Querem coisa mais anti-democrática do que esta ?!

E não concordo, igualmente, com a lógica que o Irão não pode enriquecer urâneo, mas outros países já podem. Mesmo que o receio seja que o enriquecimento do urâneo seja para a construção de armas nucleares, porque o Irão não pode ter armas nucleares e outros podem ? Será pela cor de pele dos iranianos ? Pela religião dominante ? Por ser um país bélico ?

Se a ONU funcionasse e defendesse a paz no mundo, já há muito teria proibido a existência de armas nucleares mas para todos os países não só para alguns. Se a agência nuclear funcionasse, permitira a utilização de energia nuclear após a realização de vistorias e auditorias de segurança. A energia nuclear é, cada vez mais, indispensável ao desenvolvimento humano, no entanto dada a sua perigosidade só pode ser utilizada com tecnologia sem falhas e medidas de segurança bem planeadas.

Mas nada disto interessa. É o Irão, então não pode enriquecer urâneo e ninguém se preocupa, sequer, em tentar explicar porquê."
 
A oferta da UE é um logro.

O que a UE oferece é energia nuclear dependente. O Irão ficaria refem, para a sua energia nuclear, dos países da UE.

O que a UE pretende é proibir o Irão de enriquecer urânio. O Irão ficaria então, para obter o urânio necessário para as suas centrais nucleares, dependente da boa-vontade de terceiros. Boa-vontade que, como se sabe, é pouca para com esse país.

Que país aceitaria isto? Ter urânio, ter centrais nucleares, mas estar proibido de enriquecer o seu próprio urânio, no seu próprio território, para alimentar as suas centrais?

A UE, neste como noutros assuntos, não passa de um pau-mandado dos EUA.

Luís Lavoura
 
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