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2006-05-29

 

Prós, Contras e antes pelo contrário




O programa de Fátima Campos Ferreira, Prós & Contras (RTP-Um, segundas-feiras à noite) vai para férias, depois de, hoje, debater com Belmiro de Azevedo, Medina Carreira, Silva Lopes e Ferreira de Oliveira, “Para onde vai o país?”(*).

Passando por cima da bizarra representatividade social e política dos convidados desta noite, a formulação peca por um certo fatalismo implícito. A metáfora permite que palavras e (outras) coisas se desloquem, num espaço-tempo imaginário, aparentemente sem que a humana agência, derivada de muitos braços de ferro e da negociação de interesses diversos, possa interferir decisivamente no curso dos acontecimentos.

Não custa muito antever a resposta de um painel com esta composição…

No entanto, se o país de deslocasse, de facto, se fosse efectivamente para algum lado, a esfera da política haveria de ter algo a dizer.

O país, para já, “vai partir para Timor” – ver, a este respeito, o post do nosso vizinho João Tunes no seu Água Lisa (6), ver aqui – mas não me parece que vá ser esse o tema da conversa…

Não adianta muito perguntar quando já se conhece a reposta.


(*)
Trata-se de uma insistência de Fátima. Em 13 de Março p.p., o título do programa inquiria, – “Um ano depois… [da Maioria Absoluta do PS] Para onde vai o País?” e chamava para o plateau Carlos Carvalhas, Proença de Carvalho, Jorge Armindo e Francisco Sarsfield Cabral.

Comments:
Olá Manuel

A tua pergunta lembrou-me uma crónica do filósofo Michel Serres que passou ontem na rádio. O tema é o debate e ele diz que nos debates políticos ninguem convence ninguém. Como sei que dominas bem o francês aqui te deixo o link.
 
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Viva, Pedro.

Obrigado pelo link . Sou um leitor atento do Serres mas nunca lhe tinha ouvido a voz.
Ouvi, deliciado a exposição (quem escuta? quem convence quem? que há de novo na discussão?). Gostava de seguir o debate, mas não descobri se é possível...
Serres segue a senda de Norbert Elias, para quem a sublimação e a renúncia da violência pavimentam as relações civilizadas.
Fica-me, apenas, uma dúvida, que aliás o recentemente falecido Fernando Gil também tinha: se a polémica for conduzida de boa-fé, porque razão não me renderia eu a um bom argumento?
Mas como o Serres se refere ao debate político, talvez a questão não se aplique.
Em todo o caso, obrigado.
 
Manuel

Na vida profissional, e na vida associativa é muito comum deixar-me convencer por argumentos alheios, aliás também muitas vezes convenço outras pessoas.

Infelizmente os exemplos de debate construtivo em política são raros. A nível local conseguem-se ainda muitas coisas mas quanto mais alto se sobe na hierarquia política mais sectários se tornam os intervenientes.
 
Sobre o tal programa da Fátima Campos Ferreira: (I) Medina Carreira demonstrou com gráficos que a economia de Portugal estava muito melhor nos anos 60 e 70 do que hoje. Eu, apesar de ter nascido por essa altura, julgo lembrar-me de qualquer coisa sobre haver muita pobreza e emigração em massa nessas décadas. Mas deve ser confusão pois Medina Carreira demonstrou que Portugal estava melhor do que hoje. (II) Houve uma discussão surrealista, lederada por Fátima Campos Ferreira, sobre como algumas pessoas têm a lata de pôr em causa as conclusões de Medina Carreira sem provarem que os seus números estão errados. Devo vir de outro planeta uma vez que me parece evidente que números certos podem ser interpretados de forma errada. E também que a única coisa que os números de Medina Carreira demonstram é que o PIB per capita e a despesa pública tinham aqueles valores, não que Portugal estava melhor ou pior. (III) Silva Lopes argumentou que era preciso não descurar a redistribuição da riqueza, sob pena de daqui a uns anos termos de viver em condomínios fechados e policiados para nos protegermos da criminalidade. Fiquei preocupada porque não tenho a certeza, como parece ter Silva Lopes, de, num cenário destes, conseguir um lugar dentro do tal condomínio. Poderia ficar do lado de fora, juntamente com os tais criminosos que, julgo ter percebido, são os portugueses que se afundarão na pobreza. Assim se percebe em nome de quem falam os nossos "fazedores de opinião".
 
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Obrigado Teresa.

Bem observado.
Estou de acordo.
Assino por baixo em toda a linha.
 
É o problema de se analisar istoapenas do ponto de vista da macro-economia. O facto de haver excelentes indicadores macro-económicos não impede que a maioria da população real bata no fundo. Os bons indicadores macro-económicos (economia abstracta) são frequentemente feitos à custa de péssimos indicadores micro-económicos (economia real)A estatística "per capita" presta-se a todo tipo de manipulações e mistificações. É só escolher os números que nos convêm e esquecer os outros e todas as teses são justificáveis pela estatística.

Quanto a Medina Carreira alguém lhe devia dizer que ninguém come macro-economia.

José Manuel
 
Convido-os a visitar e a comentar o meu blog em www.angolasempre.blog.com sobre diversos temas da actualidade social, económica e política Angolana.

Carlos Lopes
 
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