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2006-05-25

 

Timor Lorosae e Loromono. Além do petróleo

Casa em que não há pão... Mas a instabilidade em Timor Leste não decorrerá só das graves carências e do abismo entre as expectativas criadas pela independência e a situação real de pobreza e desemprego. Outras causas parecem visíveis. A heterogeneidade étnica, linguística e cultural. A falta de consolidação das estruturas do Estado, a coexistência de instituições democráticas modernas com uma sociedade quase tribal. Além da irresistível e ainda não há muito tempo demonstrada tendêndia da Igreja Católica local (sem que isso contradiga o seu papel positivo na coesão nacional) para se arrogar maior legitimidade para representar o povo timorense do que os órgãos democraticamente eleitos e de se imiscuir na política.
As figuras carismáticas talvez não usufruam do melhor entendimento entre si. O primeiro ministro Mari AlKatiri é muçulmano e acusado de comunista pelo major dissidente e por algumas figuras da Igreja. Ramos Horta, é pela sua projecção internacional e especial relação com os EUA, outro galo na mesma capopeira. Chanana Gusmão, herói nacional, sobre quem recaíam especiais responsabilidades desiludiu alguns. Foi eleito Presidente da República quase à força porque preferia ser fotógrafo amador e ir gozar a lua de mel com a sua esposa. Entrevistado pela RTP o 1º M - interrogado - diz que nada sabe da tomada de controlo de todas as forças de defesa e policiais por Chanana Gusmão. E que isso não faz sentido porque era necessário ter sido declarado o estado de sítio que por sua vez teria de ser previamente autorizado pelo Parlamento e que nada disso acontecera.

A compreensão das dificuldades actuais e outras futuras, previsíveis, talvez não dispensem a ponderação da poção mágica - o petróleo. Muito petróleo que, se ainda não dá muitos dólares, todos sabem que ele ali jaz, a exercer uma atracção fatal, no mar que a fronteira com a Austrália divide.
A negociação com a Austrália foi muito dura e este país-continente achou que o governo de Mari Alkatiri foi demasiado bem sucedido na partilha.

Para Barbedo Magalhães "o que está por trás das sucessivas crises em Timor-Leste desde a conquista da independência em relação ao domínio indonésio é a "legislação, que é do melhor que há no mundo, sobre os recursos resultantes do petróleo". A lei, diz, é de uma "transparência realmente excepcional, que torna muito difícil os abusos e a corrupção. E, naturalmente, quem está habituado a resolver tudo pela via da corrupção, quer Estados, quer companhias, não gosta dessas coisas".

Do lider da rebelião, major ALfredo Reinado, pouco sei. Uma ex-cooperante portuguesa em Timor entrevistada ontem por um dos canais de TV dizia que visitara em tempos a sua unidade e lhe parecera um caos. Os militares fardavam-se como queriam ou andavam meio desfardados. Nas horas de serviço os militares uns dormiam nas casernas outros andavam por ali.
Ao Público, por telefone, o major disse ontem (peça de Francisca Gorjão Henriques) que "todas as populações do Oeste [Timor Loromono] que se sentem descriminadas estão comigo". " Gostaria de voltar à vida civil. Estou farto de ser militar" E no mesmo artigo se informa que "apontou o dedo ao Governo que acusa de ter como único objectivo manter-se no poder mas elogiou o ministro dos Negócios Estrangeiros José Ramos-Horta.

Comments:
Sobre o envio de um contingente da GNR para Timor-Leste a pedido do seu Governo
Nota do Secretariado do Comité Central do PCP
26 de Maio de 2006
O PCP exprimiu o seu acordo ao envio de um contingente da GNR para Timor-Leste a pedido expresso e formal das instituições democráticas deste país: Governo, Presidência da República e Parlamento Nacional.
Na sequência de posições de princípio já anteriormente divulgadas, este acordo foi expresso perante as garantias dadas pelo Governo Português quanto à missão deste contingente, nomeadamente a de se situar no respeito pela soberania e as instituições democráticas de Timor-Leste, actuar na dependência dos legítimos órgãos de soberania timorenses, não ficar em caso algum subordinado a comando estrangeiro.
Esta posição do PCP decorre também dos particulares deveres de amizade e solidariedade de Portugal para com a República Democrática de Timor-Leste e a sua desinteressada contribuição para a consolidação da soberania e das instituições democráticas do Estado timorense.
Naturalmente que a posição favorável do PCP ao envio do contingente da GNR, tendo como base o respeito pelas instituições e pelo quadro constitucional timorense, está condicionada à evolução da situação em Timor-Leste e ao seu enquadramento regional e internacional. Uma alteração nos anunciados pressupostos desta missão exigirá a sua pronta reconsideração.
A grave situação criada em Timor-Leste é sem dúvida expressão das dificuldades e contradições inerentes à construção de um novo Estado independente após tantos anos de colonialismo e ocupação estrangeira. Mas é também expressão de interferências externas visando condicionar a livre opção do povo timorense e de reconhecidas ambições relacionadas com os recursos petrolíferos de Timor-Leste, como é manifestamente o caso da Austrália, que no passado chegou ao ponto de reconhecer a jurisdição da Indonésia ocupante. É por isso preocupante que o principal contingente militar estrangeiro seja australiano e tenha desembarcado em Timor-Leste em circunstâncias pouco claras.
O PCP está consciente da complexidade da situação e considera indispensável que o Governo Português mantenha a Assembleia da República, os partidos políticos e o povo português ao corrente de novos desenvolvimentos.
O PCP reitera ao povo timorense e ao seu Governo legítimo a solidariedade de princípio para com a sua luta pela consolidação da soberania e pelo progresso social e confirma à Fretilin, a grande força da resistência e da libertação, a amizade e solidariedade dos comunistas portugueses.
http://www.pcp.pt/index2.html
 
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