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2006-06-06

 

As voltas da paridade



Ai!, se não fossem as "quotas" onde andaria o atletismo!...


A “paridade” é um ideal justo para muitas das pessoas que se têm pronunciado publicamente. Mesmo que, em certos casos, o número de mulheres viesse, porventura, a sobrelevar o de homens, não faria mal nenhum. A disposição de princípio é pois, como se vê por tão ampla boa vontade, favorável a que as mulheres participem na vida política em pé de igualdade com os homens.

Como consegui-lo? Se 32 anos depois da Revolução de Abril isso ainda não foi possível, importa fazer algo ou não?
Sim. Desde que o Estado não se intrometa na vida interna dos partidos, sancionando-os por não conseguirem incluir nas suas listas a percentagem "mínima" que a Lei aponta.
Sim. Desde que as “quotas” não sejam atentatórias da dignidade feminina, assim ferida pela discriminação positiva que as coloca em posição de “favor”.
Sim. Desde que a evolução seja gradual, geralmente aceite, paciente e contempladora dos critérios de selecção em vigor, uns mais informais do que outros.

Todos estes “sins” querem dizer “não”. Um “não” redondo, pesado e conservador. Porque em nome destes “sins, mas…”, a discriminação negativa da mulher no seio da maioria das organizações políticas, continua, matreiramente aboletada.

Em contrapartida, os candidatos nomeados por virtude da “quota” dos secretários gerais, acham-se perfeitamente legitimados; os da “quota” dos presidentes, também; idem aspas, para os da “quota” do Secretariado ou da Comissão Política.

Só as candidatas da “quota” da decência e da determinação ( mínimas) se deveriam sentir desconfortáveis.

Está-se mesmo a ver onde este argumento leva.

Francamente!

Comments:
O que também me pareceu chocante foi a facilidade com que o veto político do presidente foi aceite. Um veto político não pode ser, a curto prazo, ultrapassado pelo parlamento ?
 
E o que é que o meu caro MC tem a dizer do veto do Cavaco? Estou de acordo com a Teresa. Está com receio de dizer o que pensa do cavacal critério?

Fátima
 
areia para os olhos!
como é habitual.......
 
Faltou-me dizer que gostei bastante do seu post, acho que sintetizou muito bem a questão. E de uma forma construtiva.
 
Excelente, a comparação com as quotas dos secretários-gerais e etc.

Belo post.

Luís Lavoura
 
____________________________

Obrigado por todos os comentários.

Fátima,

não pensei suficientemente no significado do veto do PR. Aguardo a reacção da maioria para compreender melhor o lance. Esta coabitação pode revelar caracerísticas "novas"...
Mas se a Fátima quiser ir avançando algo da sua lavra acerca do veto, agradeço.
 
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