2006-06-20
A Azambuja aqui mesmo ao pé de Saragoça!
Soube, à hora do almoço, que os trabalhadores da Opel/Saragoza estão a realizar uma greve (duas horas por turno) de solidariedade com os trabalhadores portugueses da Opel/Azambuja, em luta contra o encerramento da fábrica.
A General Motors tenciona deslocalizar a unidade da Opel da Azambuja, juntando-a à fábrica de Saragoça.(Ver notícia do Diário Digital, aqui).
A resposta dos trabalhadores de Saragoça, opondo-se à manobra e expressando apoio aos trabalhadores portugueses, constitui uma comovedora lição. As fronteiras que não se fecham à circulação atrabiliária dos capitais têm de permanecer abertas à entreajuda dos trabalhadores.
Sabemos que a permanência da Opel na Azambuja depende de muitos outros factores, de entre os quais se destaca a posição negocial do Governo Português. Todavia, a acção dos trabalhadores de Zaragoza, independentemente dos resultados imediatos, traz para a luz do dia, algo que, às vezes, parece permanecer aprisionado nos livros do século passado. Algo que é possível mas raramente se concretiza.
Me llamarán, nos llamarán a todos, tu y tu y yo...
então temos um entusiasta pelo sindicalismo ibérico? Não acha esses ideais um poucochinho ultrapassados?
Fátima
Alguns dos nossos amigos integraram-se em empresas concorrentes tendo iniciado um processo de combate em outras Areas do negocio em que os escandinavos se mantiveram. Não será dificil adivinhar que os Loirinhos saíram a perder.
Pudessemos na Iberia transferir o poder para a Ford, Seat ou outra marca, boicotar a Opel e talvez as consequencias na GM fossem piores do que os estrategas imaginavam.
Deixem-me sonhar.
porque todos não somos demais para defender o direito ao pão.
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Fátima,
Ultrapassados os ideais da solidariedade? - Menos efectivos, em termos de resultados, face ao contexto, talvez. Ultrapassados, não.
De modo que, meus amigos, como em capitalismo a última coisa que as empresas sacrificam é o lucro, a situação não é assim tão simples. A solidariedade dos trabalhadores espanhóis favorece os da Azambuja mas penaliza os do destino da deslocalização da fábrica. A realidade é mais complexa do que a poesia deixa entrever. AC
Fátima,
Não. Não acho que esteja ultrapassada a necessidade de responder às ameaças de deslocalização com solidariedades do tipo da que o poste descreve.
Quanto à leitura racionalista que o último comentador fez, deixo aqui um desafio sugerido pelo nosso vizinho Adolfo Mesquita Nunes, do Arte-de-Fuga (http://aartedefuga.blogspot.com):
«Devemo-nos questionar como é que um país onde os salários são mais altos consegue, no final da linha de produção, ser mais competitivo...»
Eis uma outra abordagem racionalizadora cuja resposta, se conhecêssemos a discriminação dos factores de produção, poria a nu o que é que torna as coisas mais caras em Portugal. A tecnologia? O fisco (IA, etc.)? As qualificações profissionais? Os encargos financeiros?
A competitividade, sem aclarar estes aspectos, tende a circular como um chavão ideológico neo-liberal, e pouco mais.
Que acham?
Correcção. O endereço do blogue «A Arte da Fuga» e do poste referido é
http://aartedafuga.blogspot.com/2006/06/ler.html
Ou ainda, dito de outro modo, o apontamento do
A Arte da Fuga, pode ser lido
aqui.
Fátima
Rui Esculápio
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