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2006-06-08

 

Crónica desesperada





Vivemos tempos estranhos e ninguém pode fingir que não se dá conta apesar de muitos não quererem admiti-lo. A nossa guarda republicana, destacada em Timor, detém um meliante mas não encontra maneira de prendê-lo. As tropas australianas que ocupam o território não aceitaram o detido, nem reconhecem a autoridade da republicana guarda. Ninguém percebe porque o meliante não foi encaminhado para uma unidade das forças de segurança timorenses. Alô? Timor? Ainda aí estão? Prenderam a nossa guarda republicana?!

Os incêndios, indiferentes ao calendário ministerial, irromperam. O ministro da administração interna, que tinha prometido o imprometível no ano passado, ensaia explicações técnicas e intimamente agasta-se por não ter também o controlo da metereologia. Todo o poder é limitado. Bolas!

Entretanto a ministra da educação avança com a primeira reforma realmente radical: os tpc vão passar a ser feitos na escola. Passam, por isso, de tpc’s para tpe’s, visando, com o acompanhamento qualificado de alguém do corpo docente, suprir os défices de competências que as diferenças sociais fazem supor. Daqui a uns anos, o país, penhorado de gratidão, organizará uma grande homenagem à ministra. Os professores esquecerão, comovidos, as pequenas atribulações do aparente antagonismo destes dias. Rolo Duarte será amnistiado e a sua coluna no DN de há dias, esquecida, também.

O medo regressou em força. O desemprego tempera-o a preceito, e a precariedade desenfreada, travestida de polivalência futurista, assenta arraiais no terreno e nas ideologias que parecem andar à procura de novas fronteiras. Fronteiras do quê?, pergunta-se. Provavelmente trata-se das fronteiras entre a realidade e a ficção. Os funcionários públicos (a mais) vão digladiar-se contra os seus congéneres (a menos); os novos mandarão os velhos reformar-se mais depressa, enquanto o governo indexa a idade da reforma à esperança de vida. Poderá ainda haver esperança? Sim. Pode. Se aumentarmos as exportações e formos mais competitivos que os chineses e os albaneses. Porém, as coisas estão a tomar um rumo inesperado. A cidade foi invadida por uma grande manada de vacas estranhas que se imobilizaram nas principais praças e ruas. Não sabemos ainda o que virá a seguir.

Comments:
Caro MC,
Compreendo a sua inquietação. Essa coisa das vacas é angustiante. O que responder às crianças?! Não faço ideia … Será que não sou boa mãe? Ou que não estou nas melhores condições?
Quanto à Albânia, sugiro o envio de uma força da GNR para os obrigar a gostar de nós. Se lá houver petróleo, claro.
Cumprimentos,
 
Se me fôr permitido gracejar (?), só posso dizer: o que virá depois?
Depois das vacas? - Pelo caminho que isto leva, o dilúvio!
 
Cuidado Manuel, ele anda por aí um gang de ladrões de vacas, já actuaram em Paris, se chegam a Lisboa ainda o puxa palavra vai ter muito que falar :)
 
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