.comment-link {margin-left:.6em;}

2006-06-20

 

Estalou a polémica! Alegações Finais.



1. O meu amigo Raimundo Narciso adoptou uma táctica curiosa nesta troca de propósitos. Fez aquilo que nas nossas brincadeiras juvenis equivalia ao «toca e foge». Quando ele argumenta, os céus e a terra rejubilam de entendimento e sintonia; quando é o interlocutor que se adianta, então o pobrezinho (eu, neste caso) não dá uma para a caixa, não atina, completamente a leste “do que interessa”. Nesse passo, RN, condescendente, puxa pela cumplicidade do auditório: “(…) percebe-se que ele não está a contestar argumentos”; “MC não está a responder a mim”.

Em tudo o resto, RN é relapso.

2. Não desmonta a minha “acusação” dos três truques; acha que governar não é (apenas?) moderar lobbies ou corporações; continua, convenientemente, a expulsar os professores da reflexão qualificada acerca do ensino, retirando-lhes a competência de se pronunciarem acerca do que é melhor para os alunos e dando-a, total e exclusivamente, à Ministra da Educação. A passagem em que RN exprime esta hierarquização merece ser recordada. Escreve ele que

"A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, tem a responsabilidade do ensino e por conseguinte a sua acção deve ser posta ao serviço dos alunos ou seja, de todos os portugueses. Os sindicatos dos professores, diferentemente, têm a obrigação de defender os interesses profissionais dos professores."

3. Então os professores e as suas organizações não estão preocupados com as questões do ensino? Essas preocupações não são parte integrante das competências profissionais dos professores?
Eu respondo que sim. RN dá a entender que não.

4. Esta é de facto uma das maiores divergências que tenho com o Raimundo Narciso. E dela derivam quase todas as outras. Na minha perspectiva, professores, educadores, auxiliares, alunos e pais, devem respeitar-se e compreender o âmbito de intervenção de cada um, aperfeiçoando as respectivas prestações, abertos à crítica, concorrendo para definir melhor objectivos pedagógicos que estão (quase sempre) mal definidos num mundo em que os processos estão em constante mutação.

5. Esta tarefa ciclópica (e utópica, a muitos títulos) encontra nos professores um manancial de experiência que não deve ser desprezado, desvalorizado ou equivocado. Sem a inclusão dos professores na estratégia de reforma do ensino, adeus minhas encomendas. O RN supõe que o estilo farfalhudo da Ministra da Educação se justifica porque a sua legitimidade política passa por cima de tudo o resto. Neste ponto, estou convicto de que governar em democracia com método e estilo autoritários, não pode trazer nada de bom. Mais tarde ou mais cedo, com esta Ministra ou não, o Governo será obrigado a inflectir, chamar os professores e as suas organizações a participar mais, revendo algumas propostas desgarradas e disparatadas, melhorando outras, discutindo, negociando e reconhecendo o lugar prestigioso dos professores no sistema educativo.

6. Os três truques que a Ministra da Educação e o meu amigo Raimundo Narciso utilizam para “deitar poeira para os olhos da opinião pública” – a expressão é dele e inaugura uma nova época nestes tipo de estudos – são uma perda de tempo. No fundo, ninguém acredita que 1) a autoridade institucional da Ministra lhe confere razão em tudo o que faz, diz e teima; 2) que os professores e as suas organizações não têm, de entre as suas competências profissionais, legitimidade para intervir qualificadamente na discussão das políticas públicas; e 3) que todas as estratégias (e agendas) são legítimas, salvo a da Fenprof.

7. A polémica pode ser estimulante, sobretudo se for travada de boa fé. Estes três truques, não.


Comments:
eheheh isto já está a dar para rir, só acho mal haver comentarios que não são assinados de forma a saber quem os põe como os anonimos.
 
ihihih, a falares de anónimos com um "alias" desactivado dás mesmo vontade de chorar.

Fátima
 
Mais umas risadas eheheh

Bem MC e RN não se aborreçam...
 
Estimados Bloggers,
Gostaria de apresentar as minhas sinceras desculpas ao "anonymous" e ao sr. Raimundo Narciso em particular.
O teor do meu "post" a propósito das tarefas a atribuir aos Profes, tinha unica e exclusivamente um sentido Ironicamente Parvo e intencional da minha parte, procurando contra argumentar as exposições do RN, da unica forma que está ao meu alcance: o baixo Nivel da populaça sem estudos, que apenas lê uns livritos de vez em quando, que por acaso tem filhos na escola, pontualmente tem acesso a alguma informação e Pouco mais.
Os traumas que me acompanham são ainda das poucas posses pelas quais não pago imposto (ainda!), mas não pude deixar passar em claro as alegações anti sociais do nosso caro Raimundo que denotam uma acentuada "cegueira politica", com a qual convivo muito mal!
Sou votante à 20 anos e admiro personalidades em todos os partidos politicos, porque acredito que nem todos são Bons Rapazes mas eles existem em toda a parte, só não acredito nos radicais separatistas e rotuleiros que praticam sem escrupulos o lema: "se não és por mim, és contra mim!".
 
Manuel Correia,
os meus parabéns pela sua intervenção que agora chega ao fim, que se afirmou essencialmente pela lucidez.
Sinceramente nunca vi nada mais estúpido em matéria de política educativa, e falo como professor e como pai.
Com o divórcio instalado entre professores e a tutela, onde pensam que chegará a profundidade das reformas que se pretendem instituir? Que benefícios trarão para os nossos filhos, a desmotivação e a revolta dos professores?
É que aquilo que se quer impôr não é de modo nenhum o mérito,é somente a diminuição cega da despesa, que trará indubitavelmente um abaixamento da qualidade do ensino e um aumento da conflitualidade nas escolas, a que os tribunais futuramente não serão alheios, principalmente no âmbito da progressão da carreira.
Não é assim seguramente que se oferece aos portugueses melhor oferta educativa.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?