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2006-06-16

 

O regresso do kitch à análise política?



Quem vai reformar as escolas?



Continua a parecer-me demasiado simplificador colocar a ministra e as políticas do governo para a educação, de um lado, juntamente com os «bons professores»; e, do outro, os sindicatos afectos ao PCP e os «maus professores».

Não cola.

Li vários anúncios e comunicados de professores que não aderiram à greve chamando, apesar disso, a atenção para o facto de a sua não adesão não dever ser confundida com qualquer tipo de apoio à actual ministra, seu estilo e suas políticas.

O governo vai perder muitíssimo, a médio prazo, com estas simplificações grotescas e dicotomizações apatetadas. Não haverá nenhuma reforma eficaz sem envolvimento e adesão activa do «factor humano» que assume nas escolas a principal tarefa do ensino. Sem professores, as reformas não serão possíveis. Afrontá-los e diminuí-los não me parece inteligente... nem eficaz.

Por outro lado o cíclico deslustramento do papel dos sindicatos na discussão e negociação das políticas sectoriais, preocupa-me. Sobretudo nesta fase em que o Governo, recorrendo à estafada táctica das generalizações, está a empurrar todos para o mesmo lado.

Finalmente, o papão comunista/soviético na argumentação de suporte ao Governo, decepciona. É o kitch da análise política? É o ranço ideológico? Ou será apenas a epidemia das generalizações a propagar-se, deitando pela janela, a água do banho, o bebé, e a banheira?

Não sei, ao certo. Mas lá que gostava de saber, – gostava!

Comments:
Os responsáveis pelo estado da educação não é dos maus professores, nem do pcp, nem dos sindicatos. Podem ajudar, em momentos, mas o principal responsável é o(s) governo(s). Não percebo como poderá ser ao contrário.
 
os professores têm a sua quota parte de responsabilidade... mas demonizá-los é um erro, porque é redutor e desvia a atenção de outras causas tão ou mais importantes que o desleixo de alguns professores... políticas erradas, perda de autoridade dos professores nas salas de aula, excessiva vitimização dos "meninos" deliquentes, etc...

de qualquer modo, estas medidas de avaliação têm pelo menos o mérito de criar mecanismos menos automáticos de promoção e que podem (sublinho: podem) servir de motivação aos melhores e punição ao piores...

ou seja, não são perfeitas, mas são do melhor que já se viu nos últimos governos...
 
Há de facto muita resistência por parte de algumas organizações a qualquer mudança no sector do ensino.
Sempre que se faz o diagnóstico e se tomam medidas com vista à alteração da situação, lá vem aquela lenga-lenga de que lhes estão a retirar direitos e a comprometer o futuro dos alunos...
É do conhecimento público que muitos dos professores estão a dar aulas porque não conseguiram colocação numa outra área qualquer.
Porém, a verdade é que o sindicato dos professores tem agido como uma qualquer organização corporativa de má memória; depois marcam umas greves antes dos feriados e fazem ponte depois destes, que por sua vez se colam ao fim-de-semana. Com estas atitudes afectam unicamente os estudantes e seus familiares directos.
Claro que será injusto colocar todos no mesmo saco, mas há momentos em que a falta de responsabilidade se traduz num grande exemplo de falta de cultura cívica.
 
Sei que pensam continuar com as greves, mas desta vez o S. Pedro não lhes deixou grande margem para irem a banhos: bom, sempre aproveitaram para não fazer nada, e dificultar, ainda mais, a vida aos alunos em final de período escolar - alguns com exames marcados para daqui a dias.
 
Essa coisa de acusarem os professores de estarem a dar aulas porque não arranjaram lugar noutro sítio é um bocado exotérica. Não me digam que esses malvados professores queriam um trabalho com melhor salário e que lhes permitisse saber com alguma antecedência em que ponto do país estariam no ano seguinte!!?? Claro que isso é coisa não acontece com os restantes portugueses ... que gostam de ganhar mal ... e de instabilidade ... E que só aceitam o emprego ideal ... por isso estão todos radiantes e 100% realizados com o trabalho que têm ... e nunca pensaram em mudar de patrão!
 
Maia uma "pérola" da proposta ministerial de Regime Legal da Carreira do Pessoal Docente da Educação Pré­‑Escolar e dos Ensinos Básicos e Secundário, habitualmente designado como Estatuto da Carreira Docente, é o artigo 111º. Aqui o transcrevo na íntegra:
«Artigo 111º
Acumulações
1 – O exercício de funções docentes em estabelecimentos de educação ou de ensino públicos é feito em regime de exclusividade.
2 – O regime de exclusividade implica a renúncia ao exercício de quaisquer outras actividades ou funções de natureza profissional, públicas ou privadas, remuneradas ou não, salvo nos casos previstos nos números seguintes.
3 – É permitida a acumulação do exercício de funções docentes em estabelecimentos de educação ou de ensino públicos com:
a) Actividades de carácter ocasional que possam ser consideradas como complemento da actividade docente;
b) O exercício de funções docentes em outros estabelecimentos de educação ou de ensino.»

De acordo com esta proposta fica interdito o exercicio de quaisquer actividades fora da escola, remuneradas ou voluntárias. O professor fica proibido de pertencer aos bombeiros voluntários da terra ou mesmo de ensaiar o grupo de teatro da colectividade local? Os que são artistas plásticos e expõem as suas obras , terão que deixar de pintar? E aqueles que escrevem livros que não sejam estritamente manuais escolares?
José Régio, Vergilio Ferreira, Mario Dionisio e outros foraam professores do Secundário e tiveram o descaramento de também publicarem livros. Se fosse hoje eram considerados uns malandros e arriscavam-se a um processo disciplinar.
E os professores que fazem alguma investigação nas ciencias sociais ou nas ciencias do ambiente? Não tem nada a ver com as aulas e deverão ficar proibidos de exercer essa actividade.

Há quem diga que é por caua de alguns professores acumularem com as "explicações". Mas nesse caso não se percebe porque continua a ser permitido aos medicos e enfermeiros acumularem com a clínica privada. Ou aos juizes acumularem, para descrédito da justiça,, com cargos na federação e liga de futebol.

Com esta orientação a escola será em pouco tempo uma mera "creche" para adolescentes e os professores pasarão a ser uns meros "baby-sitters".

José Manuel
 
José Manuel, cada carreira tem o seu estatuto. Aos médicos é permitido fazer clínica privada, aos professores não é. São estatutos diferentes, e prontos. De facto, deveria ser proibido aos médicos estarem ao mesmo tempo a fazer clínica privada e num hospital estatal mas, infelizmente, (ainda) não é. O facto de passar a ser proibido os professores ganharem dinheiro a dar explicações aos seus alunos é, indubitavelmente, positivo.

Luís Lavoura
 
Talvez, mas não é só isso que passa a ser incompatível.

Pior é permitir-se aos deputados da República continuarem a exercer a advocacia em paralelo.

José Manuel
 
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