2006-06-03
Três anotações de fim-de-semana
1. O patrão da Sonae “descobre” o jogo. É verdade que está contente com a situação actual. Cavaco e Sócrates satisfazem-no ao ponto de expressar publicamente o agrado com a conjuntura político-institucional que chega a exceder, num ponto ou noutro, as suas expectativas.
O que o preocupa agora, para além da sorte da OPA lançada sobre a PT, é a Constituição da República Portuguesa. Sustenta que um movimento de empresários deveria encabeçar uma frente política, vasta e crescente, para impor à Lei das Leis os amanhos que a óptica empresarial aconselha.
Estamos a ver a vitalidade com que Belmiro de Azevedo defende os seus pontos de vista e os seus interesses; o eco que encontra na imprensa do seu grupo empresarial e na comunicação social adjacente; a compreensão, receptividade e apoio de que tem beneficiado por parte deste Governo.
Para perceber melhor o filme da situação, basta reparar no modo como estão a ser tratados os outros “parceiros sociais”.
2. A solução que o Governo propõe para dar resposta aos chamados “excedentes” da Administração Pública é de facto “melhor” da que Marques Mendes alvitrava. Sem cuidar dessas velharias da civilização que são os direitos, os contratos, e a decência, Teixeira dos Santos encontrou uma maneira de despedir progressivamente quem entender, sem ter de pagar indemnizações (pelo contrário, com reduções progressivas das remunerações) e remetendo para depois os critérios de selecção, reconversão e recolocação.
Moral da história: com Marques Mendes, os funcionários públicos considerados a mais, negociariam uma indemnização, caso a caso; com Sócrates, são despedidos a pouco e pouco e, ainda por cima, vão “indemnizando” o Estado, recebendo cada vez menos, e pagando prestações sociais mais altas para não serem (ainda) mais prejudicados no cálculo da reforma.
Na ocorrência, Marques Mendes deve sentir-se, de facto, traído e envergonhado. É compreensível.
3. O CES (Conselho Económico e Social) criticou o Governo pelo “esquecimento” do desemprego. O Governo não coloca nas GOP (Grandes Opções do Plano) o combate ao desemprego como um “eixo prioritário”.
Vendo bem, após conferir a substância das duas anotações anteriores, o CES não deveria surpreender-se.
Belmiro de Azevedo tem, de facto, razões para estar satisfeito. Os trabalhadores, não.
Começam a divisar-se melhor (ainda) as medidas programáticas da auto-intitulada “Nova Esquerda”. São quase todas mais directas e abjectas que as da “Velha Direita”. Com a particularidade perversa de serem avançadas em nome do “Socialismo Democrático” em resultado de profundos debates e luminosas conclusões sob a égide das “Novas Fronteiras”.
O que o preocupa agora, para além da sorte da OPA lançada sobre a PT, é a Constituição da República Portuguesa. Sustenta que um movimento de empresários deveria encabeçar uma frente política, vasta e crescente, para impor à Lei das Leis os amanhos que a óptica empresarial aconselha.
Estamos a ver a vitalidade com que Belmiro de Azevedo defende os seus pontos de vista e os seus interesses; o eco que encontra na imprensa do seu grupo empresarial e na comunicação social adjacente; a compreensão, receptividade e apoio de que tem beneficiado por parte deste Governo.
Para perceber melhor o filme da situação, basta reparar no modo como estão a ser tratados os outros “parceiros sociais”.
2. A solução que o Governo propõe para dar resposta aos chamados “excedentes” da Administração Pública é de facto “melhor” da que Marques Mendes alvitrava. Sem cuidar dessas velharias da civilização que são os direitos, os contratos, e a decência, Teixeira dos Santos encontrou uma maneira de despedir progressivamente quem entender, sem ter de pagar indemnizações (pelo contrário, com reduções progressivas das remunerações) e remetendo para depois os critérios de selecção, reconversão e recolocação.
Moral da história: com Marques Mendes, os funcionários públicos considerados a mais, negociariam uma indemnização, caso a caso; com Sócrates, são despedidos a pouco e pouco e, ainda por cima, vão “indemnizando” o Estado, recebendo cada vez menos, e pagando prestações sociais mais altas para não serem (ainda) mais prejudicados no cálculo da reforma.
Na ocorrência, Marques Mendes deve sentir-se, de facto, traído e envergonhado. É compreensível.
3. O CES (Conselho Económico e Social) criticou o Governo pelo “esquecimento” do desemprego. O Governo não coloca nas GOP (Grandes Opções do Plano) o combate ao desemprego como um “eixo prioritário”.
Vendo bem, após conferir a substância das duas anotações anteriores, o CES não deveria surpreender-se.
Belmiro de Azevedo tem, de facto, razões para estar satisfeito. Os trabalhadores, não.
Começam a divisar-se melhor (ainda) as medidas programáticas da auto-intitulada “Nova Esquerda”. São quase todas mais directas e abjectas que as da “Velha Direita”. Com a particularidade perversa de serem avançadas em nome do “Socialismo Democrático” em resultado de profundos debates e luminosas conclusões sob a égide das “Novas Fronteiras”.
Novas Fronteiras???
Se ainda for possível, depois disto tudo, seja:
Bom fim-de-semana.
Comments:
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A sua avaliação da proposta do ministro Teixeira dos Santos é justa. De facto, se for por diante, os funcionários despedidos irão empobrecendo, cada dia mais, até chegarem a uma reforma de miséria.
Parabéns.
Estou de acordo consigo.
Fátima
Parabéns.
Estou de acordo consigo.
Fátima
Não diga essas coisas do "empreendedor", o Belmiro é o Mao dos "empresários" portugueses, os que mamam à força toda nos nossos impostos, e depois ainda se autointitulam como forças motrizes, ele que distribua bem pelos colaboradores dele a riqueza que gera.
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