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2006-07-19

 

Com o pé no pescoço é impossível negociar

O gigante tem o pé no pescoço do vizinho, derrubado no chão. Imaginemos que para tentar alterar a situação em que se encontra este dá umas unhadas na perna do gigante e que este responde partindo a cacete as pernas do subjugado vizinho.

A imprensa portuguesa inclina-se em geral para dar razão ao gigante. Porquê? Porque independentemente das razões que os levaram àquele estado, foi o energúmeno prostrado no chão que recomeçou a briga com as traiçoeiras unhadas. Porque não está ele quieto? Como faz o gigante?

Israel ocupa ilegalmente há 39 anos a faixa de Gaza e a Cisjordânia, rouba, com colonatos, o melhor território aos palestinianos e submete-os a um jugo insuportável. Até ao desespero dos “mártires” homem-bomba.

Não se trata de escolher entre um Estado moderno, ocidental, com regras democráticas e o mais retrógrado e medieval fundamentalismo islâmico.
A solução, a paz, o desarmamento do fanatismo, só pode começar quando o gigante (militar e nuclear) tirar o pé do pescoço do vizinho. O regresso de Israel às suas fronteiras. Com o reconhecimento (então mais facilmente alcançável) das suas fronteiras e da sua segurança.


Comments:
O mapa político para o médio oriente está há já algum tempo traçado.
Agora pouco mais resta que esperar para saber quanto tempo vai passar até ser implementado
 
o desarmamento do fanatismo?
de qual deles?
 
"Israel ocupa ilegalmente há 39 anos a faixa de Gaza..."

Gaza? Tem a certeza?
Foi desocupada há cerca de um ano e os seus lideres políticos transformaram-na numa pequena Somália.

Será que as populações ficaram melhor após a retirada israelita?
 
"rouba, com colonatos, o melhor território aos palestinianos"

Não creio que isso seja verdade. O melhor território é, em toda a lógica, aquele que foi em primeiro lugar ocupado pelas povoações palestinianas. Os colonatos judeus vieram ocupar o topo de montes, e outra terra vaga de menor valia.

O que Israel rouba aos palestinianos, de forma crucial, é a água. A Cisjordânia tem um belo aquífero debaixo dela, o qual tem sido o mais explorado possível por Israel. Os palestinianos ficam com pouquíssima água para eles.

Aliás, os colonatos judeus saíram de Gaza precisamente porque a falta de água lá é dramática. O aquífero de Gaza já está todo invadido por água do mar. Os colonos judeus já não tinham água de jeito para regar os seus jardins. Gaza não tem nenhuma valia, ao contrário da Cisjordânia.

O sul do Líbano também seria valioso para Israel, dado que o único grande rio do Líbano, o Litani, desagua ali, e a sua água pode ser extraída por Israel, desde que lhe possa chegar à margem...

Luís Lavoura
 
“Quem se mete com Israel, apanha!” é, desde a construção do Estado de Israel, a máxima única e indiscutível da sua política de defesa-ataque perante os seus vizinhos. Sem vacilar perante os direitos humanos e o direito internacional (incluindo as resoluções da ONU), a compaixão perante as vítimas (incluindo as inocentes), as opiniões de inimigos e de amigos. De tal forma assim é que o Estado de Israel é essencialmente um Estado militarizado em permanência, fazendo da eficiência do seu poderio militar, mais a reconhecida eficácia dos seus serviços secretos, o principal suporte de sobrevivência enquanto Nação. Ou seja, por esta extremada e brutal natureza da sua filosofia de Estado, Israel pareceria que tinha todos os condimentos para ser um Estado autoritário e proto-fascista. E, no entanto, um paradoxo neste “estar de Israel” é que ele coexiste, portas dentro, com o pleno funcionamento de um sistema democrático, em constantes alternâncias políticas, sem notas gritantes de violações de direitos, liberdades e garantias. Com uma ressalva permanente - “Quem se mete com Israel, apanha!”.



Segundo os nossos padrões civilizacionais, mesmo a nossa cultura que venera as instituições, a brandura dos costumes, a arte da negociação e da retórica, o civilismo contra o domínio castrense, o primado do direito e da legalidade, a máxima israelita choca e repugna. Então, no “campo da esquerda”, prisioneiro dos velhos maniqueísmos entre explorados e exploradores, ricos e pobres, opressores e oprimidos, fortes e fracos, autoritários e democratas, imperialistas e libertadores, pombas e falcões, não há forma de a encaixar. E, no entanto, outro paradoxo, a sociedade israelita não só comporta uma forte corrente marxista, um Partido Comunista que já foi poderoso, pluralidade para todas as correntes de opiniões (inclusive a fortíssima corrente pacifista e defensora do diálogo e da harmonia com os vizinhos árabes) e em grande parte da sua existência tem sido governado, isoladamente ou em coligação, por um Partido que é membro proeminente da Internacional Socialista.



Os israelitas sabem (e nós não sabemos?) que se abandonarem a sua máxima dogmática, sequer se vacilarem na aplicação agressiva da prática continuada de “dois olhos por cada olho, três dentes por cada dente”, desaparecem do mapa em três tempos perante a complacência ou a inanidade ocidental. Pois que o mundo islâmico radical, esse fundamentalismo que repugnamos e tememos mas não enfrentamos, os encara como um tumor maligno incrustado em terras suas. E, assim, um Estado que, em si mesmo, é uma sucessão de paradoxos, cria-nos este, agora nosso, paradoxo – reconhecemos-lhes o direito à sobrevivência e à defesa, negamos-lhe o direito a atacarem para se defenderem, choramos as suas vítimas como se eles, os israelitas, tivessem de ser condenados eternos, até à extinção judaica, caminhando ordeiramente pelos caminhos do Holocausto, imitando a vez que o fizeram levados, como um rebanho, pelos nazis. E o nó de todos os paradoxos israelitas é que eles, decididamente, teimam em não se deixarem extinguir. E, entretanto e para nós, só sobra a impotência dos indignados. Assim, como gostar de Israel? Mas eles pouco ralados com as nossas repugnâncias, defendem-se. Atacando. Ou, dito de outra forma, combatendo, por eles e por nós, de formas absolutamente condenáveis e terroristas, a frente fundamentalista islâmica apostada em transformar o mundo em terras e mares com Alá como Amo e Deus único e obrigatório, sem palmo para nele habitarem judeus, cristãos, muçulmanos tolerantes, ateus ou o quer que seja diferente. Assim, como não estar por um lado de que se não gosta?

João Tunes
 
"O que Israel rouba aos palestinianos, de forma crucial, é a água." - comentou L. L.

Eu diria antes:
"O que Israel rouba aos palestinianos, de forma crucial, é o sentido de dignidade."
E isso, ninguém perdoa.
 
Não creio que alguém em Israel, neste momento, possa estar disposto a algum gesto de paz, ou em desautorizar estes ataques.

Não depois do esforço moral feito para desmantelar os colonatos.
 
Há alguns dias, alguém formulava esta pergunta dilemática, a qual cito de memória: "Em vez de nos interrogarmos acerca da possibilidade de os vizinhos de Israel aceitarem a sua existência, não será mais lógico saber se Israel aceita a existência de um Estado Palestiniano?"
 
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