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2006-07-06

 

Em nome do interesse nacional


Precisamente: em fundo vermelho (ou será rosa?)


Hoje houve greve da Função Pública. A 5ª versão dos projectos de Regime de Mobilidade dos Trabalhadores da Administração Pública, remetido aos sindicatos em finais do mês passado, mantêm indefinições grosseiras e clausulas gravosas que concitaram a rejeição dos principais sindicatos do sector.

Ver-se-á, a seguir, se o Governo mantém, ou não, a sua «nova» linha «thatcheriana».

Para crentes e não crentes, aqui fica uma sugestão de leitura. Pedro Magalhães assinou um artigo intitulado “’Thatcherismo’ à portuguesa”, no PÚBLICO, que pode também ser lido aqui.

Passando por cima dos interesses representados, das promessas eleitorais, de um mínimo de bom senso, e das bases mais elementares de uma gestão democrática, o Governo prepara despedimentos encapotados na Administração Pública.
Conseguiu unir contra este estilo governativo praticamente todos os sindicatos do sector. O Governo pretende, porventura, invocando uma visão restrita do interesse público, falar em nome dos que não votaram no PS para isto. Prepara primeiro as condições para fazer a vida negra aos trabalhadores e, depois, então, apresentará (?) os resultados dos estudos.

É evidente que está mal. Deveria proceder ao contrário.

Entretanto, vai instalando um clima de receio, retracção, e renúncia de direitos.

Se é a barbárie thatcheriana o que visa, vai bem lançado. Podem os socialistas (de gema e simpatizantes) pôr as barbas de molho. Trata-se da mais um ciclo típico do PS. Marques Mendes e Ribeiro e Castro não poderão fazer muito mais do que aplaudir, ruborizados. De facto, a direita não faria «melhor».

Comments:
Continuo a não entender as enormes disparidades sobre as percentagens de adesão. Cerca de 80% (Sindicatos) ou 10% (Governo). Não haverá aqui extremismos de ambos os lados?

Carlos Soutelo
 
Deveria o Governo fazer ao contrário? 1º apresentar os estudos e depois lixar a vida aos trabalhadores? Percebo a ideia mas a fórmula é ...fraca.
O governo deveria, isso sim, após a apresentação dos resultados (quem está a mais ou a menos, onde e porquê) fazer propostas concretas, justas e fundamentadas.
Quanto à publicitação das taxas de adesão à greve, nada de novo.
 
1) As greves da função pública não são novidade. Há uma greve de dois em dois meses, em média. Esta é apenas mais uma. A única diferença interessante é que a esta greve aderiram também sindicatos da UGT.

2) Os despedimentos, encapotados ou não, na função pública são imprescindíveis. É impossível manter uma função pública sem despedimentos quando se tem um país em que a) a demografia está estagnada, b) a economia está estagnada, e c) não há razões para aumentar as funções do Estado. Embora seja evidente que há muitos funcionários públicos esforçados e necessários, também é evidente que há muitos outros que precisam de ser despedidos, seja porque são totalmente inúteis, seja porque são totalmente preguiçosos.

Infelizmente, posso dar exemplos.

Luís Lavoura
 
______________________________

O meu caro Luis Lavoura há-de perdoar-me a frontalidade. A sua argumentação do 1º bloco de texto é de uma vacuidade assustadora. Como leio os seus comentários sempre com muito interesse, mesmo quando discordo (é o caso, desta vez), surpreende-me que enumere as greves desprezando as razões delas, vendo nesta última apenas a diferença de todos os sindicatos terem aderido. Sei que existe esta atitude de alergia ideológica mas, como compreenderá, na discussão, soa mais como a expressão de um estado de alma do que como ponto de vista susceptível de debate.
Não é por a coisa se fazer amiúde que as suas razões são condenáveis. Metendo todas as greves no mesmo saco, o meu caro está a querer confundir períodos e causas distintas.
O bom funcionário público é -- no quadro dessa displicência cheia de pressupostos reservados -- aquele que trabalha afincadamente, é assíduo, pontual, atento, obediente e, de preferência, não levanta problemas.
Na minha opinião, não é assim. As responsabilidades pelo estado a que isto chegou deve ser assacadas a quem de direito, sem subterfúgios palavrosos. Maiorias parlamentares, governos, ministros e secretários de estado, direcções gerais, cadeia hierárquica de chefias e funcionários, devem de responder por o que está bem e por o que está mal.
Não é isso o que o Governo propõe.

Os despedimentos encapotados não são imprescindíveis. O meu caro Luis Lavoura, se tem dúvidas quanto a isso, vai, com certeza, tirá-las durante o ano que vem. Em muitos serviços há défice de pessoal. Seria interessante saber porque razão, naqueles em que há excesso de funcionários, a mobilidade, já antes possível (porque já regulamentada), não foi aplicada.
Tem alguma ideia acerca disto?

Se quiser dar exemplos, agradeço. Também lhe posso dar muitos e edificantes.

Não me diga que acha bem que o Governo primeiro adiante as medidas para a solução a aplicar e só depois apresente os resultados do estudo a decorrer.

Não acha estranho?

Cordialmente
 
Luis Lavoura dixit:
"há muitos outros que precisam de ser despedidos, seja porque são totalmente inúteis, seja porque são totalmente preguiçosos.
Infelizmente, posso dar exemplos."

Pois é, só que o Luís esquece-se de dizer que os funcionários não vivem em auto-gestão. Têm hierarquias e chefias que dirigem os serviços e uqe os funcionários ão normalmente o espelho de quem os dirige.

E são muitos mais os exemplos de que a origem da incompetência origina-se em chefias de nomeadas unicamente por lealdade política (nomeadamente por este governo)e que são completamente ignorantes quanto à natureza e objectivos dos serviços. Ou pensa que vão ser estes recém nomeados, portadores de cartões cor de rosa, que serão dispensados?

Considerar como banal o facto de um processo com estas consequências para as pessoas, possa ser conduzido de forma "encapotada" mostra-nos o perfil ético do sr. Lavoura.

José Manuel
 
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