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2006-07-06

 

Ir a Afonso Henriques para ver o que falhou

Cientistas vão abrir hoje [agora, agora mesmo, às 17horas] em Coimbra o túmulo do primeiro rei de Portugal, é o título a toda a largura da página 28, do Público de hoje.

Nem necessitei de ler mais, percebi logo o objectivo e o alcance de tão meritória iniciativa.
Tem a ver com a derrota de ontem. De Portugal perante a França.
E acho muito bem. Merecíamos ganhar. De um ponto de vista patriótico, é claro.
Os mais imediatistas dirão que o culpado, ainda que involuntariamente foi o nosso esforçado Ricardo Carvalho que involuntariamente bateu na perna do maldito francês e, não estando o árbitro comprado por nós (ou comprado por menor preço!) logo este se decidiu pelo injustíssimo penalty.
É uma visão simplista das coisas. Somos um país, uma nação, uma pátria. E os cientistas usam a cabeça, querem e com razão ir à raiz das coisas. Então que melhor se poderia fazer senão ir à raiz da nacionalidade, ao Fundador, o nosso Afonso Henriques, o grande Conquistador? É aí que a nação começa e é a partir daí que temos de averiguar o que falhou na nação que somos perante esses chauvinistas peneirentos, invejosos e malcriados que são os Gauleses, os Francos, Franceses, ou lá o que são.

Parabéns à Eugénia Cunha e à equipa de cientistas de que faz parte, por ir estudar os ossos (se é que ainda há ossos), ou o pó que resta do nosso primeiro rei (se é que é dele) e que cheguem a conclusões antes do próximo mundial.


Comments:
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Depois de ler o teu bem desarrincado post, logo o deleite se me cortou com um sobressalto identitário, acerca das nossas origens. Pois se filho de franco, os nossos longínquos megatetaravós podem ter sido gauleses. Isso tornaria esta peleja menos grave. Apesar de a fundação da nacionalidade ter de se comprazer com uma refrega familiar (mãe - filho), esta derrota frente à selecção francesa poderia, ao fim e ao cabo, não ir além de um arrufo familiar.

Pelos restos do nosso priemiro rei!
 
Olá Manuel, deixa-me corrigir as tuas afirmações, o nosso primeiro rei não era franco, mas borgonhês (bourgignon como se diz por aquí), acresce ainda o facto de que nesses tempos recuados a França não era a de hoje e não inclía a Borgonha (nem outra actuais províncias como a Bretanha).

um abraço
 
O nosso burgonhês D. Henrique, segundo as melhores fontes, era mesmo de estirpe mais elevada que o primo Raimundo que se ficou por Castela com a Urraca. Era, quanto a feitos militares, um dos mais considerados cavaleiros da época. Tal pai tal filho.
As cortes é que não se pareciam. A burgonhesa era então a mais requintada da Europa.
 
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Obrigado pelos comentários (Raimundo) e correcções (Pedro). É viver e aprender.
 
Caro MC, não o corrigi por achar que estava a referir-se aos francos na acepção corrente.
Ver, p.ex., aqui. De facto, ["também vale notar que o termo “franco” (por exemplo al-Faranj em arábico ou Falangji em chinês) foi usado na Idade Média para descrever qualquer europeu. Durante as Cruzadas, quando os europeus na maioria das vezes lutaram unidos, eles chamaram a si mesmos “francos”].
Estaríamos a falar, aliás, de períodos diferentes. Tenho de voltar mais vezes ao vosso Blogue, pois interesso-me muito por estas coisas da História.

Carlos Soutelo
 
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...e obrigado também ao C.Soutelo pela missão de conforto. Se se interessa por história, não se vá embora sem dar uma olhadela ao vizinho blogue «Egas Moniz» (http://egasmoniz.blogspot.com) onde, passe a imodéstia, vou trazendo a lume algumas reflexões sobre um cientista português intrigante.
Volte sempre.
 
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