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2006-07-01

 

NÃO deixemos que APAGUEM A MEMÓRIA




Não é aceitável que o Governo do PS trate com o mesmo soberano desprezo, próprio de quem foi usufrutuário do regime fascista, a História da luta do povo português contra a ditadura.
Será necessário explicar ao Governo de José Sócrates e aos deputados do PS que houve uma ditadura fascista? Que houve quem lutasse contra ela? Incluindo membros do seu próprio partido? E que não devem ter vergonha dessa luta e dessa resistência?

Se este, como anteriores governos, permite que o Estado deixe de cobrar milhões em benesses e facilidades aos banqueiros disponha-se no mínimo a não sacrificar ao défice e à gula de interesses imobiliários o pouco que resta dos símbolos da resistência como é, entre outros, a prisão do Aljube em Lisboa.

O mínimo que se lhes pede é que não deixem que APAGUEM A MEMÓRIA.

O movimento NÃO APAGUEM A MEMÓRIA teve hoje um auspicioso sucesso (tendo em conta as expectativas) com a concentração de uns 150 ou 200 ex-presos políticos e outros combatentes da ditadura fascista, convocada para as 11 horas junto à antiga prisão do Aljube, próxima da Sé de Lisboa. O Movimento (sem controlo partidário) quer sensibilizar as autoridades e a população da necessidade de preservar a Memória da luta heróica de milhares de portugueses e de grande parte do povo oprimido pelo regime do “Estado Novo” nos 48 anos da sua retrógrada e implacável ditadura.

O objectivo desta iniciativa é a exigência de que a antiga prisão do Aljube, uma das mais sinistras prisões do fascismo português seja transformada num espaço museológico que permita às gerações vindouras conhecer a história do seu país e que se possam orgulhar dos seus antepassados. Dos que não se submeteram à exploração infrene, às ameaças, aos vexames, à perda do emprego, à perseguição, à tortura, à prisão indefinida, às ameaças de morte (várias vezes concretizada) e resistiram e lutaram. Por vezes renunciando a tudo.

Mais informção, fotografias e links aqui ao lado no MEMÓRIAS


Comments:
É penoso comentar. Só posso expressar o desejo de que o espaço museológico se concretize quanto antes.
 
De quem não tem memória dificilmente se pode esperar que valorize a memória histórica. Para esta tecnocracia, armada em comissão liquidatária, o velho edifício será apenas mais uma mercadoria pronta a "passar a patacos".

José Manuel
 
Aliás isto é algo contra o qual Alexandre Herculano já se tinha insurgido há quase dois séculos:

"Esses que julgam progresso apagar ou transfigurar os vestigios venerandos da antiguidade que sorriam das nossas crenças supersticiosas; nós sorriremos tambem, mas de lastima, e as gerações mais illustradas que hão de vir decidirão qual destes sorrisos significava a ignorancia e a barbaridade, e se não existe uma superstição do presente como ha a superstição do passado. (...) Destruimos activamente; destruimos, porque a destruição é uma vertigem desta epocha. (...) Agora é o instincto barbaro, a malevolencia selvagem, a philosophia da brutalidade. Dura ha poucos annos; mas esses poucos annos darão maior numero de paginas negras á historia da arte do que lhe deu seculo e meio. O picão e o camartello só ha bem pouco tempo que podem dizer--triumphámos. Até então escaliçavam-se paredes, roçavam-se esculpturas, faziam-se embréchados; mas agora derribam-se curuchéus, partem-se columnas, derrocam-se muralhas, quebram-se lousas de sepulturas, e vão-se apagando todas as provas da historia. Faz-se o palimpsesto do passado. Corre despeiado o vandalismo de um a outro extremo do reino, desbaratando e assolando tudo. Comico perfeito, desempenha todos os papeis, veste todos os trajos. Aqui é vereador, alli administrador de concelho: ora é ministro, logo deputado: hoje é escriptor, ámanhan funccionario. Corre na carruagem do fidalgo, faz assentos de debito e credito no escriptorio do mercador, dá syllabadas em latim de missaes, préga nos botequins sermões d'economia politica e do direito publico, capitaneia soldados, vende bens nacionaes, ensina sciencias; em summa, é tudo e mora por toda a parte. Attento ao menor murmurio dos tempos que foram, indignado pela mais fugitiva lembrança das gerações extinctas, irrita-se com tudo que possa significar uma recordação. Assim excitado, argumenta, ora, esbraveja, esfalfa-se. O eretismo dos nervos só póde affrouxar-lho, como as harmonias melancholicas de harpa eolia, o ruido de algum monumento que desabe.
Apesar da ferocidade nervosa do vandalismo, não se creia, todavia, que elle é desalinhado no vestuario, carrancudo na catadura, descomposto nos meneios. Nada disso. O vandalismo é aprimorado no trajo, lhano e grave a um tempo no porte, pontual na cortezia. Encontrá-lo-heis nas sallas requebrando as damas, dançando, tomando chá; no theatro palmeiando com luvas brancas os lances dramaticos. Entende francês e leu jà Voltaire, Pigault-Lebrun e os melhores tractados do wisth: quasi que sabe ler e escrever português. O vandalismo é culto, instruido, civil, affavel. Tirem-lhe de diante os monumentos; será o epilogo de todos os dotes e boas qualidades; será a mansidão incarnada."

José Manuel
 
"um espaço museológico que permita às gerações vindouras conhecer a história do seu país"

1) Um espaço museológico é coisa que custa dinheiro a criar e, sobretudo, a manter. Justificar-se-á gastar esse dinheiro que é, ao fim e ao cabo, dos contribuintes?

2) Será que as gerações vindouras estarão interessadas em conhecer os detalhes desta parte - sombria - da história do seu país? Não preferirão, justificadamente, esquecer tais detalhes? Será que alguém quererá, alguma vez, visitar tal museu?

Para que serve um museu que pouca gente, ou ninguém, visita? Justifica-se criar e manter tal museu?

Luís Lavoura
 
Esquecer não muda o passado, apenas evita que se aprenda algo com ele. Portanto, maior risco de que venha a repetir-se existirá. Além de que seria uma grande ingratidão para com os que se arriscaram para nos livrar a todos da ditadura. Tenho vergonha de ver que têm que ser estes novamente a mexer-se.
 
Eu apoio totalmente a iniciativa e estou também de acordo que este movimento civico consiga fazer prevelecer as suas intenções, só acho é que as t-shirt's podiam ter sido feitas em Portugal pois ainda existem fabricas de vestuario cá, tenho pena que tenham mandado fazer num país cheio de miséria como é o Bangladesh.
 
Sou brasileiro e estou procurando informações sobre meu antepassado Leonardo da Senhora das Dores Castelo Branco, que em 1835, escreveu "O Impio Confundido" publicado em Lisboa, refutando o ateismo de Pegault Lebrun.
 
Sugestão ao brasileiro que procur antepassado:
Propcurar na Torre do Tombo (Instituto dos arquivos nacionais)
aqui: http://www.iantt.pt/
 
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