2006-07-19
O mito Al-Zarqawi
A cinematográfica morte, com bombardeamento aéreo, para alimento da indústria televisiva, do “mais perigoso terrorista” o jordano Abu Musab al-Zarqawi, líder da Al-qaeda no Iraque teve, como os círculos bem informados previam, pouca ou nenhuma consequência no nível da mortandade, do terrorismo e da resistência iraquiana.
A Administração norte-americana hipervalorizava a importância de al-Zarqawi para efeitos de propaganda e de algum modo ligar a invasão do Iraque à ficção da forte presença aí da Al-Qaeda no tempo de Sadan (uma mentira deliberada) .
Há muito que meios da resistência iraquiana desvalorizavam a influência e o papel de al-Zarqawi ao mesmo tempo que exibiam pela Europa, incluindo Portugal, filmes e outra informação sobre a resistência iraquiana e os massacres da população civil nomeadamente da cidade de Faluja, metodicamente bombardeada pelo exército americano com armas incendiárias desconhecidas e, ao que parece, bombas de neutrões.
Este efeito propagandístico apela provavelmente às crenças religiosas profundas do povo americano e, nomeadamente, à sua crença no Demónio. O Mal aparece personificado numa pessoa concreta, em vez de ser atribuído, como seria correto, à mentalidade de todo um grande conjunto de pessoas.
É ridículo e lamentável que os nossos mídia nos sirvam esta vulgar propaganda americana como tendo alguma coisa a ver com a realidade. A nós, que não acreditamos em Belzebu.
Luís Lavoura
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