2006-07-31
Onze minutos!... (3)
Era para ter sido assim, mas não foi.
O João Tunes -- no seu Blogue Água Lisa (6) -- tem levantado, com razão, algumas questões acerca da percepção do conflito «Israelo-Árabe». Obviamente, os «civis inocentes» não valem mais de um lado que do outro. Porém, não se pode fazer da igualização das vítimas um argumento tão alto como o muro que os israelitas começaram a construir há três anos, isolando os palestinianos uns dos outros, confiscando terras, limitando o acesso aos cursos de água, aqui com barreiras electrificadas, acolá com torres de vigia.
Uma das coisas que parece escapar à percepção do conflito do Médio-Oriente é precisamente o estatuto (dissimulado) do Estado Hebraico comportando-se como potência ocupante da Palestina.
A complicação advém, primeiro, da irrenunciabilidade dos palestinos ao direito de resistência. Aqueles que tomam o ponto de vista de Israel deveriam ter a frontalidade de prescrever, sem pestanejar, a lista das formas de luta «permitidas» nos territórios ocupados.
Segundo, porque a dimensão globalizadora da política faz com que Rússia, China, Índia, UE, além, evidentemente, dos EUA, exerçam as suas pressões e marquem presença na região, de acordo com os seus interesses.
Terceiro, porque a comunhão terminológica na maioria dos nossos media, molda enviesadamente a percepção do conflito.
A um «rapto» de um soldado israelita, contrapõe-se, via de regra, a «prisão» de um terrorista de uma qualquer facção.
O único grupo legitimado por este livro de estilo invisível é o de Israel, com o seu exército, as suas polícias e a sua Lei de Talião. Os outros estão irremediavelmente fora da lei.
É altura de nos começarmos a interrogar se para garantir a segurança (e sobrevivência!) do Estado de Israel, os palestinianos podem aspirar, pelo menos, ao direito de existir...
Para um post, em “retaliação” de amigo com gosto por uma conversa exigente, disparaste três. O que confirma que as “katiuskas” não são armas de um tiro só mas de disparos múltiplos (e sequenciais). E diga-se que, no caso, a balística dele é de alta qualidade e elevação, portanto a não perder de vista os tracejados das trajectórias.
Recapitulando com algum vagar os argumentos trocados, constato que andámos, cada um ao seu modo, a juntar algumas peças das metades do puzzle que é o drama do Médio Oriente naquela parte que vai do Sinai até Beirute (e o Iraque e o Irão ali tão perto…). Mas como cada um de nós (herança da orfandade da “guerra fria”?) não se arrisca a meter engenho na construção da metade ao outro cometida, quase certo é que, cada qual à sua maneira, se mostrará incapaz de ver o puzzle resolvido com as partes todas inteiras.
Nada de estranhar. É o que por aí mais se vê - mais desconversa que conversa (as ideologias são tramadas, teimam em não morrerem). Nem sempre com os mesmos escrúpulos de rigor, fair-play e respeito pelo pensar de outras cabeças, diga-se. Valha isso se da conversa, dos argumentos, dos factos também, alguém se quiser dar ao trabalho de juntar as duas metades dada a incapacidade que cada um demonstra de passar á almejada síntese.
Não descanso agora porque não tenha lucrado com a conversa. Nada disso, antes pelo contrário. O acicate promete durar. Só faço pausa para digerir com vagares de prazer intelectual, o teres admitido que Stalin, quando da criação do Estado de Israel como noutros assuntos, nem sempre foi coerente entre o seu pensamento teórico (nomeadamente expresso na sua obra-prima “Marxismo, Nacionalismo e a Questão Colonial”) e a sua prática estatal. Caso contrário (se Stalin não claudicasse perante o seu pensamento, antes tendo seguido os Estados Unidos), o Estado de Israel nunca se teria encravado nas terras de paz, cultura, tolerância, avanço civilizacional e bem estar da Palestina, em plena harmonia sunita-xiita, sem Hamas nem Hezbollah. E aí também reside uma quota das culpas da instabilidade mortífera que por ali se viveu e vive, sem fim à vista. Stalin errou porque não teve capacidade de antever que Israel, mais que o direito de um povo a ter um Estado e uma Nação, nunca passaria além de uma ponta de lança hiperbélica ao serviço do imperialismo nas terras do muito petróleo. Reconheceste e eu marquei um ponto. Chega-me por agora.
Aquele abraço.
João Tunes
Obviamente os Americanos viam-se ameaçados pela perda das Lages e Guerra seria inevitavel!(quem diria, contra Israel!)
Estou ansioso por ver os relatórios de contas das empresas de armamento em 2006!!!!
Que estarão a preparar para 2007?
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