2006-07-29
Onze minutos!...(1)
Fac simile da declaração dos EUA reconhecendo, de facto, o Estado de Israel
[Continuação da conversa com João Tunes, -- ver Água Lisa (6), aqui. Como levantou muitas e interessantes questões, vejo-me obrigado a ir por partes. ]
Do Paquistão à Tunísia, sabe-se que Israel nunca quis a Paz com os seus vizinhos. Sempre esperou, desde a fuga para a frente de 1948, poder ditar os termos de «partição» da Palestina. Teve grandes e decisivos apoios para passar a perna à recém criada ONU e aos seus parceiros, é certo, mas isso não mudou nada na hostilidade generalizada que hoje enfrenta. A fundação nasceu torta. O «outro» Estado da Palestina nunca chegou a sair debaixo da usurpação fundadora de Ben Gurion.
No seu livro “Marxismo, Nacionalismo e a Questão Colonial”, Staline repudiava quaisquer veleidades de “nacionalidade judaica” e de “Estado Sionista”. A posição que a então URSS veio a tomar contrariou frontalmente esses princípios doutrinários. Diga-se, em abono da verdade, que não foi a primeira vez, nem a última, que Staline e os seus seguidores deram provas de instrumentalismo tacticista, borrifando-se nos princípios para conseguirem resultados.
De qualquer modo, a posição da URSS foi seguidista. A primazia pertence historicamente aos EUA. Apesar das vozes discordantes em Washington, o Presidente Truman, sabendo que Israel estava a violar os acordos de partilha, reconheceu, de facto, 11 minutos após a declaração de independência, o Governo provisório do Estado de Israel.
Muita coisa mudou de então para cá. Menos a cobertura dos EUA às violações de que o Estado hebreu, impunemente, fez tradição. E isso torna crescentemente difícil qualquer entendimento na região. Porque um dos estados (o Israelita) foi fundado e reforçou-se, enquanto o «outro» é o que se vê. Mesmo após o último arremedo, ainda em vida de Arafat, a tropa isarelita demoliu-lhe edifícios e saqueou os arquivos. Tudo muito exemplar.
O «ocidente» acorda sempre, estremunhado e desmemoriado, para o sítio de onde lhe chega o Sol, quando Israel está em apuros. Enquanto os vizinhos, (incluindo esse tal Estado Palestiniano que ainda não passou de uma fase embrionária, prisioneiro da Mossad, das milícias e da tropa) são humilhados nos check points, torturados nas prisões e assassinados nos campos de refugiados, os nossos media conformam-se com os eufemismos da “brutalidade dos que têm de atacar para se defender”.
Esta atitude, que se arrasta há mais de sessenta anos, não chega a ser cobarde. É apenas de um desconhecimento e de uma inconsciência avassaladores.
Até o insuspeito Embaixador José Cutileiro veio escrever (Expresso da semana passada) que o
“Grande responsável desta crise é a Administração Bush. Desde que chegou ao poder, em vez de, sem abandonar Israel, ajudar as duas partes a procurarem entender-se como tinha sido prática americana, deu rédea solta a Israel e afastou-se.”
O Presidente Truman, se pudesse ouvir este desabafo, não acharia justo, com certeza. Como pode George W. Bush, do pé para a mão, surripiar-lhe, assim, todo o protagonismo. Não acharão, na posteridade, que um intervalo de 11 minutos (onze)!, dá a entender, enfim, uma certa cumplicidade?
Abraço.
João Tunes
Excelente o teu post, deu=ixarei os meus comentarios sobre a nefasta influencia de Israel no Libano para um post futuro.
So gostaria de acrescentar uma informacao: apos a retirada unilateraldo Sul do Libano em 2000 Israel nunca trasnmitiu a carta das zonas minadas ao governo Libanes, desde essa data cerca de 100 civis morreram devido a explosao de minas.
um abraco
excelente!
porque será que uns seres, que citculam por aí, apoiados nos membros posteriores, não conseguem perceber esta realidade?
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