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2006-08-14

 

Como ardem, ardem, ardem... os incêndios...

Sirvo-me da base de dados da memória. Do empirismo que não da ciência. Sem outras exigências que não a de também deixar aqui um alvitre.
Vemos nos últimos anos muitos mais incêndios de floresta. Não me parece que seja só das hodiernas facilidades da TV e do aproveitamento dos bonitos efeitos pirómanos para o share.
A pobreza de dados estatísticos mais recuados não permitirá dar-nos um panorama rigoroso e quantitativo do que se passou no último século. Apesar disso arrisco que a nossa atrabiliária intervenção no ambiente o tenha desequilibrado já o suficiente para aí radicar o aumento das temperaturas estivais.
Termómetro alto, humidade baixa, floresta importada de pinheiros e eucaliptos, a limpeza da floresta ao deus dará, os bicharocos que somos, ainda muito embrutecidos e desleixados (para além do incêndio deliberado, por razões económicas, vinganças e loucura) constituem um caldo de cultura incendiária para o qual não é remédio nem o Sr. António Costa do PS nem qualquer António Costa de qualquer outro partido. De modo que Ela... arde. E arderá ainda por muitos e bons anos. Enquanto alguns daqueles ingredientes incendiários não desaparecerem. Claro que sempre se pode melhorar alguma coisa, com mais bombeiros, melhores bombeiros, mais aviões, melhores aviões e tal.
O pequeno proprietário de floresta, absentista ou não, pode pagar a limpeza das suas courelas? O Estado... sim o Estado, pode, quer ou sabe? O chefe dos bombeiros lá de cima, há dois dias, nas telenovelas de fogo das nossas televisões, gritava indignado com o estado explosivo da floresta do Estado com feno seco subido mais de metro e meio de altura, que ardia que deus a dava ali frente a ele, impotente a quem só restava bravejar.
Bom dia. E bons fogos.

Comments:
Os problemas não se resolvem sobre o joelho. Não estou contra este governo em especial. mas também estou, porque esperava melhor, ou seja, mais seriedade. A falta de uma estratégia de combate aos fogos de verão, bem sustentada, é que indigna, seja deste seja de anteriores governos. E depois a demagogia: este ano é que vai ser. E não vai... porque não se estudou,porque não há a honestidade de dizer: o plano é este e demora tantos anos com as seguintes medidas, algumas bem duras. Porque obrigar os donos dos terrenos a limpar as matas tem que se lhe diga e não vai a brincar. Não há ministro que os tenha "no sítio". Ministro ou Ministra, porque uma Ministra também os pode ter, quantas vezes com mais eficiência. De demagogia estamos fartos. E O Ministro A. Costa, este ano, pecou por demagogia, ingenuidade ou ignorância.Ana Esteves
 
A propaganda do Ministro A. Costa sobre o combate aos incêndios deu expectativas. Afinal tudo como dantes. E porquê? Porque como refere o João Abel, num outro post, não se lançou uma política séria de oredenamento de tudo o que tem a ver com a floresta. Um Ministério, como defende a Ana Esteves para esta área, justifica-se mais que muitos dos existentes.
Ou será que não queremos sair da cepa torta, porque os incêndios interessam a alguém(ns)?.P. Silveira
 
Amanhã já vai chover e este assunto dos incêndios torna-se tão importante como os semáforos desligados às 5 da manhã!...
 
Caríssimo Raimundo,

Pelo lido, na forma como voltaste, tiveste umas inspiradas férias. Folgo com isso. Precisamos de malta inspirada na retoma. Abordaste excelentemente o tema dos “fogos nas matas”. Tão bem que acho, modesta opinião minha, que conseguiste (quase) melhor que “o pornographo” quando falou assim sobre as matas (as nossas pobres e abandonadas matas):

“O primeiro transporte que utilizei foi um comboio, meio de locomoção que me provoca sempre um doce êxtase, devido à vibração e ao ruído que faz aquela imitação curiosa do Better Things dos Massive Attack (tum-tum-tcht-weunweun-weun-tum-tum-tcht). Ia eu assim absorvido, de olhos semicerrados, quando vejo sentada à minha frente uma matrona silvestre, no Setembro da vida, adormecida e ressonante. Cansada, decerto, dos trabalhos e dos dias da cidade. A saia exageradamente curta para a abundância de tudo o que se sentava no banco, tinha subido bastante. Vittorio de Sica ter-se-ia babado, mas, a mim, a visão daquela donna dormente em tais preparos inspirou-me uma reflexão sobre um dos principais problemas do nosso país e que vem muito a propósito nesta altura: a mata.”
”É no Verão que toda a gente se lembra da mata. Que está uma desgraça, que ninguém a limpa, que faz começar os fogos, e assim. A gente que tem matas reage de maneiras muito diferentes: quem tem mais vergonha, rapa-a totalmente e orgulha-se de mostrar aos vizinhos o terreno glabro. Outros são pela naturalidade e exibem, desafiadores, matagais imensos onde não entra homem sem pau. Há também a gente manhosa, que limpa só as extremas dos campos, até onde se avista de fora, para "não dar mau aspecto", e deixa o centro cheio de tufos.”
”A mim quer-me parecer que o problema nunca foi bem compreendido pelas autoridades: a mata pode ser perigosa ou não consoante o local onde cresce e o tipo de vegetação que envolve. Por exemplo: se for nas colinas, é óbvio que se tem de limpar a mata, porque a inclinação dificulta o trabalho dos bombeiros e, com o vento, propaga-se o fogo mais depressa. Já nas pequenas veigas e covas, onde nascem os braços dos rios, é normalmente húmido, pelo que pode ficar uma matinha aparada, desde que aromática (alecrim, rosmaninho, esteva, carqueja, etc.).”
”Por outro lado, se tiverdes mata nos mamoeiros, não tardeis e limpai-a asinha. Mas se for nas coníferas e nos carvalhos, deixai-a como preferirdes.”
(http://pornographo.blogspot.com/2006/08/108-as-aventuras-do-pornographo-no-pas.html)

Um grande abraço e muitos desejos de bons posts.

João Tunes
 
E não são só as matas por limpar que fazem estragos com os incendios.São tambem os terrenos baldios,ou aqueles que, os que os donos não fazem caso,cobertos de silvas com metros de altura ,aguardando alguma expeculação imobiliária .Todos os anos limpo 3 metros de terreno dos vizinhos,que confinam com o meu,e mesmo assim não me safei do fogo de há 2 anos.E o que isso nos custa em tempo ,esforço e dinheiro? Porque não há quem cumpra a lei?E se nos queixassemos,nas instancias devidas,não sei se algum efeito positivo teria,para alem do receio de represálias,por parte dos proprietários "incomodados"
É o que temos!
 
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