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2006-08-10

 

David maniqueísta contra Golias bem pensante (1)



David e Golias

Há uma série de falsos debates em torno da questão Israelo-Palestiniana (a precedência enunciatória de Israel não é irrelevante) que parecem ser lançados apenas com o intuito de aumentar o ruído e dificultar a reflexão.

Ocupo-me de três deles.

O 1º é o que insinua haver uma intimidade não assumida entre as críticas anti-sionistas e os propósitos anti-semitas.

O 2º sustenta, mesmo contra a evidência do contínuo histórico, que a brutalidade Israelita é defensiva, enquanto a reacção palestiniana é ofensiva.

O 3º é o da dicotomização, que reduz a complexidade do tema colocando todos os árabes de um lado, e os Israelitas do outro.

Alguns dos debatentes, cheios de boa vontade e sentido de missão, escrevem quilómetros de prosa, tentando demonstrar a sua coerência anti-sionista, demarcando-se da abjecção do anti-semitismo (versão nazi); adiantando, também, que contrariar as retaliações cegas e desproporcionadas por parte de Israel, não significa a aprovação automática dos actos de terrorismo que lhes deram pretexto, vindos eles do Hamas ou do Hezbollah; e que, quer em Israel, quer nos países árabes, há diferentes vozes de distintos coros, tornando-se o diálogo com alguns deles incontornável se se busca, como às vezes se diz, uma solução pacífica para os conflitos.

Tempo perdido.

Quando a discussão se escora em processos de intenção, suspeitas indemonstráveis e fugas à análise da história, desemboca-se invariavelmente
num confronto de monólogos.

Temos de reconhecer, é claro, o direito à propaganda. Bom, mas nesse caso, não vale a pena fingir que se aceita a discussão.

Maniqueístas são sempre os outros.

Comments:
Olá Manuel, não sei em quem estás a pensar ao escrever o teu texto (mas poderia especular) mas deixa-me dizer-te "muito obrigado". Faço uma leitura do teu texto quase como uma defesa das minhas posições, e podes crer que por aqui fui várias vezes acusado de anti-semitismo.
um abraço
 
Só mais um pequeno comentário, vale a pena ler as reacções ao Artigo de Ben Jelloun que cito no meu post precedente para ilustrar o que dizes. Na mesma onda é triste ver alguns comentadores acusarem Edward Said de anti-semitismo só porque este é extremamente crítico de Israel.
Outro exemplo é o insulto de anti-seminta de Bernard Henry-Lévy ao cineasta israelita Eyal Sivan por este ter realizado um filme "Route 181" onde segue a linha de fronteira da resolução das Nações Unidas que establece dois estados na Palestina.
 
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Viva Pedro.

Escrevi este poste a pensar na «grande narrativa hebraica» e na sua parcialidade de observação que se pode comparar apenas com a incapacidade de reconhecer os erros que comete.

Quanto ao teu anterior poste, gostei particularmente da posição (difícil e complicada) do Amos Gitai e da sua coragem em escrever coisas como esta (traduzo ao correr da pena):

“A particularidade do conflito do Médio-Oriente é o de ele estar a ser integralmente filmado. É o conflito mais mediatizado do planeta, e a telenovela preferida do mundo inteiro. Uma telenovela sem fim, onde os bons e os mauzões trocam regularmente de papeis.”

Este aspecto que Amos Gitai enfatiza -- o de estarem a ser o centro das atenções e, por extensão, dos jogos estratégicos globais -- é muito revelador para mim. Em contraponto com aquelas regiões do mundo em que «nunca acontece nada», (na opinião de muitos correspondentes estrangeiros), no Médio Oriente está sempre a acontecer tudo! Ora, o sítio do mundo em que está sempre a acontecer tudo, tem de ser, por definição, complicado. Porque é aí que os grandes empenhos geoestratégicos se focam, simplificando a querela com a vulgata da retórica. Não se pode vencer o inimigo admitindo que ele tem razão num ou noutro ponto.
Os que, como nós, o fazem, a despeito das esperadas incompreensões, estão tramados.
São modos de estar.
Um abraço
 
Consultem este link
http://resistir.info/chossudovsky/pipeline_btc.html
 
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