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2006-08-22

 

Mais outra crónica desesperada (3)



Günter Grass

Saramago apoia Günter Grass, num momento particularmente difícil da vida do escritor alemão. Para temperar narrativamente a sua solidariedade com um ex-nazi que permaneceu em silêncio até há pouco (coitado!, Nobel-esse oblige), José Saramago lembra-nos a alegoria de um homem que seguia o circo para toda a parte perante a estranheza dos que o reconheciam, de terra em terra, sempre atento a todos os espectáculos. Veio a saber-se, mais tarde, que o safado queria assistir (era já a vertigem do directo?) à queda dos trapezistas que, segundo ele, haveria de ocorrer um dia ou outro.
Que dizer?
Que Saramago fez isso com Günter Grass?
Ou que os voyeurs que nós, afinal, também somos, se comprazem em seguir tutti quanti até ao dia em que o respectivo passado se revela em todo o seu horror, manifesto ou encapotado?


Às vezes, nem o Nobel nos salva.


Comments:
…telhados de vidro, muitos os têm…
 
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