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2006-08-29

 

Mínimo "razoável"  =  mais emprego?


O mínimo, no máximo!...



A actualização salarial é um princípio basilar de justiça social. Os trabalhadores por conta de outrem sabem-no bem, por experiência e aflição próprias. Face ao aumento dos produtos e serviços essenciais, a desvalorização leva a que, ganhando nominalmente o mesmo, o dinheiro recebido não dê para fazer face ao aumento continuado das despesas.

Se isso é verdadeiro para as altas e médias remunerações, imagine-se para as baixas!... A depreciação salarial atinge proporções desumanas, num dos países da UE que mantém dos mais baixos níveis salariais.

Há quem entenda, como Vital Moreira, no Causa Nossa, -- ler post intitulado “E os que não têm salário nenhum?” -- que a actualização do salário mínimo, há pouco reivindicada pela CGTP, acaba por ter efeitos contraproducentes.
Segundo ele, tal exigência (passar dos actuais 385,9€ para os reivindicados 410€, -- mais 24 € em 2007, o que representa cerca de 1€ por dia, -- na esperança de chegar aos prometidos 500 € em 2010) porá em risco a criação de emprego, já que, face a tal exorbitância, as entidades empregadoras retrair-se-iam, optando, depreende-se, pela robotização intensiva das suas unidades de produção.

O raciocínio do nosso professor de Coimbra é curioso. Suspeita que os gestores, quando a actividade económica o justifica, deixam de empregar seja quem for por o salário mínimo ter sido actualizado; e deixa supor, também, que a precariedade reinante não convive com atropelos de todas as espécies aos direitos de quem trabalha, sendo que as remunerações inferiores ao salário mínimo nem sempre são o pior que pode acontecer no universo de arbitrariedades a que boa parte dos trabalhadores tem de sujeitar-se.

Quando os sindicatos concordarem, “compreensivamente”, que um salário mínimo não actualizado é a receita para a redução do desemprego, não estarão, por certo, a defender os interesses dos desempregados. Estarão, pelo contrário, a pactuar com o padrão arcaico de falta de exigência em relação a empregadores e empregados; de baixos salários para baixas qualificações; de estancamento da crítica social em nome de uma distribuição que acentua as injustiças e o marasmo.

Apesar de a retoma se afigurar lenta e caprichosa, acho que devemos aspirar a um pouco mais…

Comments:
Como têm vivido os outros Países Europeus com salários acima de 500 euros? Devem estar todos sem empresários e investidores!
Não demora muito e o Vital Moreira vai sugerir que os Desempregados devem Pagar uma taxa de Inactividade, que reverterá para o Estado ou para as Associações Empresariais!
 
Lamento, eu sou empresário numa área especializada como a prestação de serviços de informática.
O que se tem vindo a passar nos últimos anos é os clientes a exigirem reduções dos preços. E quanto maiores pior. Passaram a ter empresas de compras que compram a quem vende mais barato. Se for preciso manda-se vir da India, dizem.
Eu pergunto : Com o mercado neste estado como posso eu pensar em aumentar os ordenados ?
Claro que no resto da Europa é diferente. A economia é outra. Tenho contacto com empresas Espanholas e Francesas. Eles conseguem actualizar preços e não baixar. E já conseguim cobrar o dobro do que por cá se cobra.
 
Qual é a area de mercado em que os Clientes não exijam redução de preços?
Isso não significa que seja só a mão-de-obra o indicador a ser afectado. Na maior parte dos casos não significam nem 10% do custo!
 
Na minha área isso não é verdade.
 
Os sindicalistas, muitos deles há mais anos no "poder" do que AJJ, deveriam de ser impedidos de concorrer às direcções dos sindicatos ao fim de um limite aceitável de mandatos no exercício dessas funções. O mundo mudou muito, a internet, as condições de trabalho, a luta de classes, e tudo o mais que sabeis. O seu distanciamento dos interesses de quem trabalha são hoje um realidade cruel. Esses senhores, com emprego bem certo, e qualidade de vida aceitável, constituem-se numa classe profissional própria, de certa forma parasita dos que ainda "vergam a mola". Dai surgirem estes equívocos no que efectivamente são os interesses da classe trabalhadora.
 
VITAL MOREIRA tem toda a razão...

os sindicatos sópedem regalias para quem tem emprego garantido.. eo fitodeles é mais sala´rio para os escalões que mais recebem ou seja os "mamões da função publica"...Mais salários para eles é igual a mais reforma, mais regalias...
os sindicatos há muito que deixaram de estar ao serviço do Povo e dos trabalhadores mais desfavorecidos e desempregados...

justiça social é urgente... e não estou aver como se diminui o desemprego com aumentos salarias..

o problema é mesmo esse que interessam aumentos de salário a quem nem sequer emprego tem?
 
Penso que a questão salarial não se resume a encontrar inimigos entre os trabalhadores.
O modelo de crescimento português nos últimos anos parece apontar para uma aposta nas exportações em detrimento da expansão do mercado interno. Daí poderá advir a secundarização de eventuais benefícios que possam resultar do aumento da procura interna na sequência do aumento do salário mínimo.
Mas então surgem outras questões:
1 - Será que o aumento das exportações é sustentável se apenas se basear nos baixos salários?
2 - Até onde estaremos dispostos a aceitar o argumento de trabalho em troca da manutenção de salários mínimos?
3 - Como aplicar o tão falado choque tecnológico se o salário mínimo continuar a ter a importância que tem para as empresas?
4 - Até quando será possível ao mundo desenvolvido consentir a formulação de objectivos de competitividade a nível global quando alguns concorrentes têm regras de jogo que os aproximam, em termos laborais, da Europa do Sec XIX?
5 - Os fluxos migratórios, a intensificação dos conflitos internacionais não serão sinais de que as desigualdades sociais, de que a lógica do trabalho a preços mínimos e de que a concentração dos lucros e do poder económico está a resultar numa crise internacional cada vez mais aguda?

Neste contexto, parece-me que a permanente hostilização dos sindicatos pelos motivos invocados é bastante redutora. Por outro lado, afirmar que os mesmos apenas defendem os interesses de um bando de funcionários públicos preguiçosos é-o ainda mais. Efectivamente, por muitas críticas que se faça à função pública a mesma não poderá ser acusada de incumprimento da legislação laboral e de fuga ao fisco. Desconfio que, se os empresários portugueses declarassem tudo o que produzem e o trabalho necessário (pago e não pago porque feito fora de horas) as produtividades do sector público e do sector privado não seriam tão diferentes assim...
CT
 
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