2006-08-08
Tahar Ben Jelloun e Amos Gitai
«Existir é dispôr de um estado com fronteiras contínuas e seguras, é poder ir à escola e depois à universidade, é fazer projectos para o futuro, é ter um passaporte, é viajar, ter uma polícia, un exército, construir estradas, hospitais, parques, creches, casas sem pensar que, um dia, elas serão arrazadas por escavadoras que atacam sem piedade os habitantes suspeitos de abrigarem resistentes à ocupação...
Existir, para Israel, é ter fronteiras seguras e reconhecidas, ter garantias de segurança para os seus cidadãos, não ver mais kamikazes explodirem num restaurante ou num autocarro,matando inocentes, é não mais ter medo de foguetes atirados do outro lado da fronteira, é resolver de uma vez por todas a questão da vizinhança restituindo os territórios ocupados em troca da paz, libertando os prisioneiros, fazendo um grande esforço para renúnciar à lenda do grande Israel, é deixar de acusar os povos árabes do crime contra a humanidade que foi o holocausto, cometido em nome, convem lembrar, de uma ideologia europeia, é enfim aceitar vir a ser um estado no qual a normalidade não é uma doença.» Tahar Ben Jelloun, Le Monde
«Entretanto, nem os israelitas nem os palestinianos têm tempo de resolver as questões quotidianas e humanas que aqui, como em todo o mundo, se colocam, os problemas das reformas e do salário mínimo. O conflito impede qualquer avanço social. Atenção à confusão entre o conflito principal entre israelitas e palestinianos e os diferendos entre Israel e os países árabes. O primeiro é um conflito essencial, pois a terra pertence aos dois povos e são eles que têm de encontrar um meio de viver em paz.» Amos Gitai, Le Monde