2006-08-13
Tendas em Paris
Ás vezes uma pequena provocação tem consequências positivas. A história é fácil de contar, no último inverno a associação Medecins du Monde (MDM) distribuiu 300 tendas de campismo aos sem-abrigo parisiences. Quem já visitou Paris conhece certamente a imagem dos sem abrigos, por aqui designados pudicamente por SDF (sans domicile fixe). A iniciativa de MDM tornou esta população muito mais visível e incómoda, ninguém gosta de ter uma tenda no seu bairro. Inquieto pela imagem de Paris o governo encomendou um relatório e anunciou, esta semana, a criação de 1 100 lugares de abrigo de urgência. A composição social dos sem-abrigo mudou muito nos últimos anos, até aos anos 70 a população de sem abrigo era sobretudo composta de marginais (designados por clochards), os pobres viviam em grande parte nos bairros periféricos ou nos bairros degradados conhecidos por bidonvilles. Hoje a situação é bem diferente o numero aumentou muito: entre 2 000 e 5 000 dormem cada noite na rua em Paris, mais de 10% têm um trabalho regular (um exemplo pode ser visto num interessante artigo do Monde). Uma das razões para esta situação é o enorme aumento dos preços do mercado imobiliário, é cada vez mais difícil viver em Paris e arredores para alguém com o salário mínimo.
Comments:
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Ao ler este artigo apeteceu-me de repente montar tenda em frente ao centro de emprego da minha area de residencia!
A silgla mantinha-se SDF: Sujeito Desempregado Frustrado!
Como ganho 1000 euros/mês até Dezembro talvez seja a forma de luta a partir de Janeiro2007!
A silgla mantinha-se SDF: Sujeito Desempregado Frustrado!
Como ganho 1000 euros/mês até Dezembro talvez seja a forma de luta a partir de Janeiro2007!
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Parabéns pelo poste .
Ver ao perto é tb uma maneira de testar a justeza do que vemos ao longe, das nossas abstracções e outras crenças mais ou menos nobres.
Em Portugal, segundo os resultados de um estudo patrocinado pelo ISS (2004), há cerca de 3.000 Sem-Abrigo, predominantemente portugueses, com idades compreendidas
A crise familiar, as razões de saúde e a toxicodependência são as principais razões que justificam o elevado número de sem-abrigo em Portugal.
Segue um excerto do JN em que são divulgados alguns pormenores.
"Há 2717 sem-abrigo em Portugal, de acordo com o último estudo (2004).
"Os Sem-Tecto realidades invisíveis" é um inquérito, agora concluído pelo Instituto
de Segurança Social (ISS), que visa caracterizar aquela realidade nas cidades
sede de concelho. O ISS validou 467 inquéritos. São maioritariamente homens,
portugueses, entre 30 e 59 anos, solteiros e com o Ensino Básico (1.º e 2.º ciclos). Metade considera que os apoios recebidos de nada adiantaram.
Em 340 inquiridos, 55% diz que não tem actualmente qualquer contacto com
instituições que apoiem sem-abrigo. Aos 45% que recebem algum tipo de ajuda,
valem, sobretudo (60%), as Instituições Particulares de Solidariedade Social
(IPSS) e Organizações Não Governamentais (ONG). Vestuário (20%) e alimentação
(29%) são claramente os dois items em que o apoio aos sem-tecto se
consubstancia."
Não sei, ao certo, se estavam à espera que o pessoal estrangeiro indocumentado (les sans papiers d'ici) se disponibilizasse para, donairoso, responder ao inquérito, mas, como sabes, tudo é possível...
Parabéns pelo poste .
Ver ao perto é tb uma maneira de testar a justeza do que vemos ao longe, das nossas abstracções e outras crenças mais ou menos nobres.
Em Portugal, segundo os resultados de um estudo patrocinado pelo ISS (2004), há cerca de 3.000 Sem-Abrigo, predominantemente portugueses, com idades compreendidas
A crise familiar, as razões de saúde e a toxicodependência são as principais razões que justificam o elevado número de sem-abrigo em Portugal.
Segue um excerto do JN em que são divulgados alguns pormenores.
"Há 2717 sem-abrigo em Portugal, de acordo com o último estudo (2004).
"Os Sem-Tecto realidades invisíveis" é um inquérito, agora concluído pelo Instituto
de Segurança Social (ISS), que visa caracterizar aquela realidade nas cidades
sede de concelho. O ISS validou 467 inquéritos. São maioritariamente homens,
portugueses, entre 30 e 59 anos, solteiros e com o Ensino Básico (1.º e 2.º ciclos). Metade considera que os apoios recebidos de nada adiantaram.
Em 340 inquiridos, 55% diz que não tem actualmente qualquer contacto com
instituições que apoiem sem-abrigo. Aos 45% que recebem algum tipo de ajuda,
valem, sobretudo (60%), as Instituições Particulares de Solidariedade Social
(IPSS) e Organizações Não Governamentais (ONG). Vestuário (20%) e alimentação
(29%) são claramente os dois items em que o apoio aos sem-tecto se
consubstancia."
Não sei, ao certo, se estavam à espera que o pessoal estrangeiro indocumentado (les sans papiers d'ici) se disponibilizasse para, donairoso, responder ao inquérito, mas, como sabes, tudo é possível...
Venham mais tendas: Jardim da Estrela, Jardim Constantino, Campo Pequeno, Avenidas Novas, Monsanto, Amoreiras, Jardim do Príncipe Real, Avenida da Liberdade, etc., etc. 3000 (?) sem abrigo, já dá muita tenda. E o Porto, e Coimbra e o Funchal e o Algarve?
Gritarão alguns lá se vai o Turismo.
Gritarão alguns lá se vai o Turismo.
Olá Manuel, muito obrigado pelo cometário e pelo interessante link, dá para comparar as duas realidades: portuguesa e francesa.
Neste aspecto a situação francesa parece-me mais preocupante que a portuguesa (mas talvez me engane) pois por aqui a condição de sem abrigo extravasa a marginalidade que me parece ser a norma em Portugal.
Outro aspecto que observo é a enorme desumanização das relações familiares, quantas vezes por aqui lemos histórias de individuos que após perderem o emprego perdem tambem a solidariedade familiar...
Neste aspecto a situação francesa parece-me mais preocupante que a portuguesa (mas talvez me engane) pois por aqui a condição de sem abrigo extravasa a marginalidade que me parece ser a norma em Portugal.
Outro aspecto que observo é a enorme desumanização das relações familiares, quantas vezes por aqui lemos histórias de individuos que após perderem o emprego perdem tambem a solidariedade familiar...
Um artigo publicado na "Pública" de ontem remetia-nos precisamente para esta questão, focando Paris,Tóquio e Los Angeles.
Em Lx os sem-abrigo não têm a visibilidade que um "igloo" confere mas que são demasiados para uma cidade com a sua dimensão é um facto e que acabam como os das outras cidades citadas é facilmente constatado.
O que fazer quando deixamos tantos "às portas da cidade"?
Em Lx os sem-abrigo não têm a visibilidade que um "igloo" confere mas que são demasiados para uma cidade com a sua dimensão é um facto e que acabam como os das outras cidades citadas é facilmente constatado.
O que fazer quando deixamos tantos "às portas da cidade"?
soube disto hoje e achei uma ideia fantástica. só para saber, acham que se alguém fizesse uma coisa semelhante cá (acho que talvez fosse boa ideia a parte antiga de lx), surtiria efeito?
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