2006-09-19
Os prós e contras de ontem
Ou melhor vou opinar apenas sobre "meio" prós e contras, pois não vi a parte da discussão das carreiras e o que terá vindo depois.
Pelo demasiado tempo de antena, prós e contras é um programa de e para "resistentes" que precisam de uma prévia preparação física.
Demasiado longo e com uma moderadora interventiva de mais e nem sempre bem preparada sobre os assuntos que leva a debate. Esta minha opinião é do programa em geral e não da parte de ontem em especial.
Ontem estava curioso para ver como a Ministra da Educação se saia do confronto, após o seu último desastre na AR mas também de TV.
Na parte que vi não se saiu mal e até direi que, pela intervenção dos representantes dos conselhos directivos presentes e pela representante da associação de matemática se saiu bem, pois pela boca de terceiros soube-se que educação está a fazer caminho e da boca da ministra saiu a sua determinação de ir em frente. Achei positivo saber que a ministra tem saído da 5 de Outubro para trabalhar no terreno e não (só) para inaugurações.
Pela informação obtida não dei por perdido o meu tempo. Mas não resisti até ao fim. Não pelo sono mas por um livrinho que me esperava.
Fiquei com uma dúvida sobre a reacção dos sindicatos em todo este processo. Não estarão os sindicatos a sentir-se "ameaçados" porque, de facto, parece estar a surgir um novo parceiro nas escolas que são os conselhos directivos?! Ninguém gosta de perder o monopólio.
Comments:
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Acompanho o João Abel na maioria das impressões gerais que descreve acerca da primeira parte do debate.
Tb me parece que a Ministra esteve bem -- muito melhor do que em debates e intervenções públicas anteriores -- e os professores e as escolas passaram a ocupar um lugar diferente no seu discurso. Considero esse aspecto muito positivo.
Na parte que o João Ael não viu, a Ministra mostrou que, no essencial, mantém a mesma posição fechada relativamente à esfera sindical. Afirmou que não procura a convergência (o que é estranho), enervou-se demasiado, e foi demagógica quando confrontada com questões concretas.
Não se perdeu tudo.
Enfim, perguntar a uma mãe (como Fátima Campos Ferreira fez) se achava que a matriz de mudança se fazia sentir no "terreno" quando o ano lectivo mal começou, dá o tom da boa vontade que marcou praticamente todo o programa.
A situação continua, no entanto, preocupante. O governo parece ter apostado no Ministério das Escolas que funcionam bem; operou mudanças positivas e esperançosas; diz que há entre os nossos professores iguais e melhores do que na Finlândia, mas conseguiu, do mesmo passo e estranhamente, colocar todas as organizações sindicais contra o Governo.
Dá-se, assim, uma situação algo esquizóide: a maioria dos professores apoia muitas das reformas da Ministra mas, simultaneamente, protesta contra a marginalização a que votou os sindicatos e contra a degradação do estatuto da carreira docente.
A questão de fundo permanece: nos processos de aprendizagem, os professores são um elemento vital. Ir ao encontro das suas aspirações e respeitar os seus direitos viabilizará um factor de estabilidade social indispensável ao sucesso das melhores políticas do Governo.
É este, tb, o meu desejo.
Acompanho o João Abel na maioria das impressões gerais que descreve acerca da primeira parte do debate.
Tb me parece que a Ministra esteve bem -- muito melhor do que em debates e intervenções públicas anteriores -- e os professores e as escolas passaram a ocupar um lugar diferente no seu discurso. Considero esse aspecto muito positivo.
Na parte que o João Ael não viu, a Ministra mostrou que, no essencial, mantém a mesma posição fechada relativamente à esfera sindical. Afirmou que não procura a convergência (o que é estranho), enervou-se demasiado, e foi demagógica quando confrontada com questões concretas.
Não se perdeu tudo.
Enfim, perguntar a uma mãe (como Fátima Campos Ferreira fez) se achava que a matriz de mudança se fazia sentir no "terreno" quando o ano lectivo mal começou, dá o tom da boa vontade que marcou praticamente todo o programa.
A situação continua, no entanto, preocupante. O governo parece ter apostado no Ministério das Escolas que funcionam bem; operou mudanças positivas e esperançosas; diz que há entre os nossos professores iguais e melhores do que na Finlândia, mas conseguiu, do mesmo passo e estranhamente, colocar todas as organizações sindicais contra o Governo.
Dá-se, assim, uma situação algo esquizóide: a maioria dos professores apoia muitas das reformas da Ministra mas, simultaneamente, protesta contra a marginalização a que votou os sindicatos e contra a degradação do estatuto da carreira docente.
A questão de fundo permanece: nos processos de aprendizagem, os professores são um elemento vital. Ir ao encontro das suas aspirações e respeitar os seus direitos viabilizará um factor de estabilidade social indispensável ao sucesso das melhores políticas do Governo.
É este, tb, o meu desejo.
Caro João Abel,
Apesar de comentares “meio programa”, concordo com a tua “semi-análise” e acho pertinente a tua interrogação final.
Na Educação, estão instalados alguns dos mais fortes e resistentes dos espíritos corporativos que povoam a Administração Pública. E que a distorcem do sentido da sua “função pública” – servir as escolas e os alunos, sendo antes cultivado o acesso a rápidas carreiras e boas remunerações. O que é fortalecido na sua componente “conservadora” sabendo-se, como se sabe, que a par de um punhado largo de professores por vocação pululam os professores por sobrevivência e omissão (pela impossibilidade de acederem a outras vias profissionais de ganharem a vida). Acresce que a legião corporativa professoral está barricada, na defesa dos seus “interesses de classe”, num corpo profissionalizado e numeroso (são muitas, demais, as centenas de professores que só “ensinam” sindicalismo em “full time”) que enquadra o aparelho sindical da classe e cioso da forma privilegiada como interfere e pauta nas decisões ministeriais, sobretudo no fito de bloquearem mudanças que perturbe o “status quo” da apregoada “dignidade dos professores”. E, pelo impacto que qualquer movimentação reivindicativa dos professores tem sobre a vida de quase todos os portugueses, afectando-lhe a rotina dos filhos, é quase irresistível o recurso persistente à politização dos problemas da classe, lançando-os na luta sempre que a propósito e a despropósito e para alegria exclusiva de controleiros desejosos de apresentar boas folhas de serviço.
No último “Prós e Contras” da RTP, foi patente a forma vitoriosa como a Ministra se está a sair bem da sua estratégia de contornar o corporativismo professoral e ligar-se directamente à Escola e à resolução concreta dos seus problemas, empurrando a Educação rumo à modernidade e á responsabilização. E não será novidade menor o aparecimento de uma nova camada de professores motivados na ligação às comunidades locais e apostados na modernização eficiente dos problemas colocados Escola a Escola, com brio no serviço à “causa pública”. Como foi igualmente patético o esforço do representante da Oposição para criticar a ministra. Para não falar na triste figura do representante sindical (da Fenprof) a que nem lhe valeu a ajuda guerrilheira de um professor excitadamente furibundo vindo de Seia, qual Viriato a descer da Serra da Estrela para desancar o Estado de Direita.
João Tunes
Apesar de comentares “meio programa”, concordo com a tua “semi-análise” e acho pertinente a tua interrogação final.
Na Educação, estão instalados alguns dos mais fortes e resistentes dos espíritos corporativos que povoam a Administração Pública. E que a distorcem do sentido da sua “função pública” – servir as escolas e os alunos, sendo antes cultivado o acesso a rápidas carreiras e boas remunerações. O que é fortalecido na sua componente “conservadora” sabendo-se, como se sabe, que a par de um punhado largo de professores por vocação pululam os professores por sobrevivência e omissão (pela impossibilidade de acederem a outras vias profissionais de ganharem a vida). Acresce que a legião corporativa professoral está barricada, na defesa dos seus “interesses de classe”, num corpo profissionalizado e numeroso (são muitas, demais, as centenas de professores que só “ensinam” sindicalismo em “full time”) que enquadra o aparelho sindical da classe e cioso da forma privilegiada como interfere e pauta nas decisões ministeriais, sobretudo no fito de bloquearem mudanças que perturbe o “status quo” da apregoada “dignidade dos professores”. E, pelo impacto que qualquer movimentação reivindicativa dos professores tem sobre a vida de quase todos os portugueses, afectando-lhe a rotina dos filhos, é quase irresistível o recurso persistente à politização dos problemas da classe, lançando-os na luta sempre que a propósito e a despropósito e para alegria exclusiva de controleiros desejosos de apresentar boas folhas de serviço.
No último “Prós e Contras” da RTP, foi patente a forma vitoriosa como a Ministra se está a sair bem da sua estratégia de contornar o corporativismo professoral e ligar-se directamente à Escola e à resolução concreta dos seus problemas, empurrando a Educação rumo à modernidade e á responsabilização. E não será novidade menor o aparecimento de uma nova camada de professores motivados na ligação às comunidades locais e apostados na modernização eficiente dos problemas colocados Escola a Escola, com brio no serviço à “causa pública”. Como foi igualmente patético o esforço do representante da Oposição para criticar a ministra. Para não falar na triste figura do representante sindical (da Fenprof) a que nem lhe valeu a ajuda guerrilheira de um professor excitadamente furibundo vindo de Seia, qual Viriato a descer da Serra da Estrela para desancar o Estado de Direita.
João Tunes
É assim... os ex-sindicalistas estão para o sindicalismo de hoje, como os ex-seminaristas estiveram para a vocação redentora da padralhada. Num caso e no outro, são os mais anti (qualquer coisa).
Os sindicatos (todos) dos professores estão errados. A ministra está certa. E, claro, o João Tunes, também.
Rui Lex
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Os sindicatos (todos) dos professores estão errados. A ministra está certa. E, claro, o João Tunes, também.
Rui Lex
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