Aznar esteve na RTP no programa Os Prós e os Contras em 25 de Setembro. Quem não conhecesse o seu passado concluiria mesmo assim que se tratava de político muito arguto e com pleno domínio da arte comunicacional.
Acompanhando à distância o que se passa em Espanha foi com incredulidade que assisti a Aznar a explicar com ar sério que não está claro que os atentados de Madrid de 11 de Março não tenham tido pelo menos a colaboração da ETA. Apertado pela apresentadora Fátima Campos Ferreira sobressaiu que o único fundamento era não ter gostado de ter sido desmentido.
Na política do vale tudo a mentira é uma arma que não surpreende num político como Aznar mas insistir para além de todo o verosímil já me parece patético. A mentira se não foi a total responsável pela derrota do PP e vitória de Zapatero teve seguramente uma parte da responsabilidade no feliz desfecho mas Aznar e a direita estão muito arrogantes e não aceitam terem sido desmascarados. Talvez com a estulta esperança de que o eleitorado que não aceitou a mentira lhe devolva, no futuro, os votos.
Se relembro Aznar na RTP é porque o PP e a direita em Espanha - fazendo fé nas notícias de alguns jornais espanhóis - está a desencadear uma acirrada campanha, usando a sua influência nos media e a sua forte implantação entre os juizes contra o juiz Garzon que interrogou os polícias que foram utilizados para sustentar a versão da ETA para o 11 de Março e constatou o que já não era segredo, sob a pressão do Governo de Aznar eles mentiram a seu contento.
Segundo El País um dos vogais (eleito pelo PP) do Consejo General del Poder Judicial (CGPJ) fez queixa do Juiz Garzon ao Órgão de Inspecção para descredibilizar as suas conclusões e o GGPJ (maioria escolhida pelo PP) preferiu fazer o frete ao PP a defender a Justiça e recusou-se a defender o juiz Garzon apesar dos membros do órgão de inspecção presentes nos interrogatórios terem garantido ao CGPJ a correcção da investigação.
"El PP y todo su entorno se lanzó este fin de semana contra Garzón al conocer que había imputado a los tres peritos por falsedad tras un interrogatorio de varias horas en el que los policías admitieron que habían vinculado a ETA con el 11-M tomando como base una sustancia que nunca se había utilizado en España para un atentado terrorista ni para nada que tuviera relación con los explosivos. "Los peritos también admitieron que ese borrador de informe, que nunca llegó a ser oficial, lo volvieron a firmar 14 meses después de redactarlo para hacerlo pasar como oficial cuando su jefe preguntó por informes donde se relacionara a ETA y el 11-M. El PP y sus medios afines mantienen sin evidencia alguna que lo respalde la teoría de que ETA pudo participar en el atentado más grave de la historia de España."
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# posted by Raimundo Narciso @ 00:53