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2006-10-15

 

Condoleza Rice

Cheguei ao mesmo tempo que Condoleza Rice. A entrevista, é claro, era para ela. Ela própria e não para a Secretária de Estado. Mas, já se sabe, mesmo quando olhamos para uma não deixamos de ver a outra.Foi ontem na SIC Notícias, no 60 Minutos da CBS que Crespo - e com razão - não se cansa de sublinhar ser um programa de excelência.

Concentrei-me no firme propósito de avaliar sem preconceitos a mulher que ali se apresentava. Como se eu tivesse acabado de percorrer os 13 biliões de anos de luz desde a IOK-1, uma galáxia para lá de todas as galáxias, ignorasse o Iraque, Abu Grahib, Guantânamo, o roubo da 1ª eleição de W. Bush.

Uma mulher enérgica, esbelta, agradável, 51 anos, solteira. Como se convida uma Secretária de Estado para sair? Ri-se e diz que tem muitos amigos. Gostava de casar? "Claro quem não gosta de encontrar alguém com quem se queira viver o resto da vida". Gostei da resposta. Inteligente no mínimo.

Natural do Sul viveu os anos negros do racismo, do opróbrio do apartheid norte-americano em Birmingham. Se no caminho tinha sede os pais, "como todos os pais para preservarem os filhos da humilhação" - explicava Condoleza - diziam-lhe que bebia quando chegasse a casa para não ter de ir beber à torneira reservada aos pretos. Condoleza Rice descendente de escravos, era amiga das 4 meninas assassinadas na Igreja Baptista que os racistas fizeram explodir para travar as suas corajosas lutas pela liberdade, para pôr os pretos no seu lugar.

Condoleza - os pais não seriam propriamente pobres - terminou com brilho a sua licenciatura [curta, acho eu] na universidade de Standford aos 19 anos.
Reúne em sua casa amigos que interpretam, com ela ao piano, música erudita.

Depois a entrevistadora confrontou-a com o Iraque e o resto. E pronto, assisti, cada vez mais triste mas sem surpresa à defesa de todas as mentiras. Que sim sabendo o que sabe hoje faria o mesmo. Mas da mesma maneira? "Bom não podemos reinventar o passado" etc.

Que caminhos percorreu aquela mulher para acabar como uma dirigente política das forças retrógradas herdeiras das que tudo fizeram para não se libertar da condição de "escrava"? Que a aterrorizaram em menina, a segregaram na juventude.

É pena que Condoleza Rice não tenha escolhido o campo da luta que libertou os seus pais e avós e a si própria e se tenha integrado no campo ideológico dos herdeiros da Ku Klux Klan.


Comments:
Não os conseguindo vencer, (facilmente) juntou-se a eles…
 
Seja como for é de admirar a força que faz algumas pessoas subirem e progredirem. E quem sabe ainda para mais longe...

Não pude ver o programa. Ela chegou a falar das próximas eleições?
 
Zé: Só conhendo melhor o percurso e a vida de Rice seria possível especular com alguma probabilidade de acerto porquê este percurso e não outro. O certo é que se juntou a eles.
SAM: a parte política foi curta cingiu-se ao Iraque e à fidelidade a W. Bush. Não se falou das presidenciais nem se seria candidata.
 
Eu compeendo muito bem o que escreves, Narciso.
Fiquei a admirar o percurso dela, mas não percebo o seu posicionamento politico, em função da sua experiencia pessoal.
 
A Sra Condoleeza Rice foi vice-reitora da Universidade de Stamford.
Quanto ao percurso politico dela, ela é filha de um pastor protestante, oriunda do sul dos USA, onde a esmagadora maioria da população (branca e negra) é socialmente conservadora (e a maioria é também politicamente conservadora). Isso não significa que ela tenha alguma coisa a ver com o KKK e similares (originalmente os Negros americanos eram apoiante do partido Republicano, que foi o partido que aboliu a escravatura e defendeu os direitos dos mais desfavorecidos juntamente com alguns democratas do Norte, antes de virar à direita e os democratas virarem à esquerda).
Ela representa talvez a essência original da outrora ala direita dos republicanos no sul (corrspondente à actual ala mais moderada dos republicanos no sul, sempre minoritária naquela regiao).
Uma última nota, o KKK estava originalmente (até aos anos 70) associado aos Democratas do Sul (Partido Democrático). Como tal não foi esse partido (o republicano, que a segregou, embora tenham recolhido os democratas do sul mais racistas e conservadores que abandonaram o partido Democratico após o fim da segregação racial).
Isto independentemente de qualquer consideração pessoal de gostos ou afinidades politicas.
Quanto às proximas presidenciais americanas, alem de serem em 2008?,
como ela está muito associada a àla conservadora (não confundir com neoconservadores nem com ultraconservadores), os candidatos com mais hipóteses neste momento são os que se opuseram a medidas controversas de G.W. Bush, e que correspondem a variantes mais moderadas desse conservadorismo (McCain) ou mesmo aos sobreviventes dos republicanos liberais (Giuliani) (antigamente chamados de republicanos rockefellerianos, não confundir com os republicanos progressistas que migraram para os Democratas e que se ainda permanecem nos republicanos são ainda mais diminutos)
 
É pena que o Raimundo Narciso não se tenha libertado inteiramente do campo ideológio de onde proveio...
 
Olá Marco obrigado pelo comentário. Ao anónimo seguinte agradeço as contribuições históricas quanto ao anónimo Manuel Sampaio lamento decepcioná-lo mas não me sinto atraído pela ideologia da direita.
 
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