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2006-10-26

 

Manholas (1)



António Oliveira Salazar

O programa de 4ª à noite, na RTP1, ainda à procura do “grande português de todos os tempos”, continuou encalhado em Oliveira Salazar. Maria Elisa bem se esforçou, justificando a não inclusão do nome do ditador de Santa Comba na primeira lista de “sugestões”, tal como a sua inclusão na(s) nova(s) lista(s) gentilmente disponibilizadas pelo Canal Um. A emenda foi pior do que o soneto. Os salazaristas presentes e ausentes rejubilaram.

Não se falou de outra coisa.

Por outro lado, os que costumam ser claros e fluentes, meteram os pés pelas mãos, numa atrapalhação inusitada. Joana Amaral Dias empertigou-se com Ricardo Araújo Pereira -- a despropósito, penso; Luis Reis Torgal, foi na jogada de Maria Elisa, e meteu a agulha para a abundância historiográfica acerca do Estado Novo; Eduardo Lourenço parecia acabado de sair da cama, entre o estremunhado e o distraído, enfim…

Pelo contrário, as coisas pareciam correr bem a José Hermano Saraiva, que protestou contra tantas críticas injustas ao Botas, afinal um pobre de pedir, ditador, sim, mas praticamente sem fortuna pessoal, enfim, um santo homem.

Lídia Jorge, perto do fim, ainda caracterizou esta busca insana de um grande lusitano como algo que releva do mito, não da história. Luis Reis Torgal deve ter sorrido interiormente.

De que modo poderiam os mitos fugir da história?

Comments:
Valeu a sentida e justa indignação de Fernando Nobre.
 
Mas eu pergunto, porque razão as pessoas se deixam embalar por estes disparates de escolher o maior português de todos os tempos? Terá alguma lógica saber se este foi maior que o outro, que esta é mais bonita que a outra, se tudo é tão claramente subjectivo? Pois é, enquanto o povinho andar distraido com estas diversões não pensam nas realidades tão duras que cada vez mais enchem o nosso quotidiano. É lamentável, sinceramente!
 
Como disse Fernando Pessoa:
O Mito é o Nada que é Tudo...

Quanto ao maior português...
Como se isso fosse mensurável!
Ou como se isso tivesse alguma importância!
 
Um programa daquele jaez acaba por maltratar a história e todo um povo, num jogo de perversões políticas.
 
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