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2006-10-16

 

Marçalo Grilo e a escola

Diga lá Excelência (ontem na RTP 2 e hoje no Público) entrevistou Marçalo Grilo. Não o administrador da Gulbenkian que hoje é mas o ministro da Educação que foi com Guterres.
Prato forte: a escola, os professores, o estatuto da carreira docente.
Marçalo Grilo elogiou a ministra mas disse, e bem, a certa altura, que os professores têm de fazer parte da solução.

Para que a guerra aberta entre Ministério da Educação e sindicatos dos professores (o que quer dizer uma grande parte destes) se perceba e sobre ela se possa ajuizar é necessário que ao menos uma vez se diga o que sempre deliberadamente se oculta - quer pela ministra quer pelos sindicatos - e torna toda esta confrontação ininteligível:

90% das razões da radicalizada luta dos sindicatos tem a ver estritamente com a diminuição, e significativa, dos vencimentos dos professores ainda que no futuro e de forma faseada.

Ou com o estatuto da carreira docente, o que conduz ao mesmo. Parece-me estúpido que de um e outro lado se procure iludir isto. Os sindicatos a dizer que a ministra move-se pelo ódio aos professores e prefere destruir o ensino a dialogar com eles. A ministra a negar a evidência da falta de dinheiro no orçamento e a deixar crer que tudo se passaria de igual modo se o dinheiro lhe abundasse.

A rebaldaria da avaliação dos professores para inglês ver e que permitia que todos, bons e maus, com o correr do tempo, chegassem a "general" tinha de acabar. Mesmo que 50 ou 60% tenham condições para chegar ao topo da carreira faz sentido que haja um quadro limitado (30% ou o que for) de acordo com as funções e cargos necessários à escola e não mais, ainda que haja lugar a algum reconhecimento suplementar do mérito desses excedentários.

A ministra tem dialogado e tem tido a cooperação dos professores sobre quase tudo o que está em causa. Excepto numa coisa: dinheiro. E os sindicatos dos professores - esses sim parece que estão dispostos a sacrificar o ensino - acham que o critério único de diálogo é o que conduza à defesa do salário. Estão, ao defender o vencimento, no seu legal e genuíno papel, não devem é dizer que se trata de alhos quando afinal é de bugalhos.


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