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2006-11-13

 

A greve a "truques"

Só metade dos ausentes desconta o dia de greve.

Este é o título de um artigo que tenta caracterizar como é , na realidade, um dia de greve na Administração Pública.

O artigo dá o exemplo de duas greves relativas a 2005.

A primeira, referente a 15 de Julho de 2005 convocada pela federação dos sindicatos, pelo sindicato dos quadros técnicos e pelo sindicato dos trabalhadores dos impostos. As ausências apuradas pelo Ministério das Finanças naquele dia totalizaram 24 269, mas apenas 11 711 não justificaram a sua falta, ou seja dos faltantes só 48% fizeram greve com o respectivo desconto no vencimento.

A segunda, relativa a 20 de Outubro, convocada exclusivamente pela federação dos sindicatos. Nesta, dos 7 980 trabalhadores ausentes só 55 % não justificaram a sua falta ao serviço (4 400).

Algumas interrogações se colocam sobre esta situação. Desde logo sobre a percentagem efectiva dos aderentes à greve. Mesmo admitindo que a grande maioria dos que não estiveram ao serviço estavam imbuídos do espírito de greve mas só se refugiaram em "truques" porque o desconto pesa muito no rendimento familiar e dá-se o caso de muitas famílias que dependem na globalidade da AP, em que um faz e o outro não.

Mas mesmo, assim ,a percentagem quer numa quer noutra é muito reduzida. Já pensaram de que universo se trata?

Se tiveram em conta os grevistas efectivamente contabilizados, os que descontam, uma greve de 4500 pessoas no universo da AP é, no mínimo, de fazer pensar.

Comments:
É de facto de fazer pensar como gente tecnicamente adestrada morde o isco do que se poderia chamar o alçapão estatístico. Toma-se, num dado Ministério, um Serviço; contabiliza-se o número de abusos com os quais os responsáveis (políticos e de enquadramento) têm pactuado ao longo de décadas; generaliza-se, por extrapolação enviesada, para o universo da Administração Pública; e pronto! Com esta receita, reduz-se a complexidade de uma organização gigantesca, alinhando com o estafado slogan de os FP's até a fazer greve são "trapaceiros". Continua o retrato dos "bons" e dos "maus", e continua o fandango.
Estamos, de facto, perante um pendor analítico exemplar!

Manuel Correia
 
O comment anterior do anónimo Manuel Correia vai bastante mais além nas conclusões do que o autor do poste pretendeu. Ele só pretende que se pense nos números reais de adesão às greves em termos de análise e dos seus constrangimentos. Essa dos "bons" e dos "maus" só quem quer é que vai nesse motociclo. De facto, a realidade é complexa, mas é a que temos.E é sobre essa que temos de reflectir.
 
É provavelmente, mais uma vez, o esplendor da manha a que se referiu Almada Negreiros.

Imaginemos que "n" professores fazem greve. Das duas, uma, ou meteram baixa ou o conselho executivo não declarou ao ministério que esses "n" professores fizeram greve.

Idem para outras profissões.
 
No rescaldo de uma jornada de luta dos trabalhadores da função pública, o saldo foi claramente favorável aos Sindicatos e ao Governo.

Apenas os trabalhadores sairam uma vez mais prejudicados.
 
É uma vergonha e uma desonestidade por parte de quem pratica estes actos. Qual será a opinião dos sindicatos?

Haja alguém que pergunte ao Bastonário da Ordem dos Médicos quantos milhares de euros é que estes facturam com os falsos atestados.
 
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