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2006-11-14

 

Um diálogo sem diálogo?

Alguns amigos (as) acham estranho o gosto simultâneo de fado e de jazz. E para complicar ainda o "mix" juntando tangos e música brasileira é o caos. Com alguma selectividade é evidente e não tanto o Chico Buarque, pois não o considero um grande cantor. Reconheço que está na origem de toda uma série de intérpretes maravilhosos em que ele "não se encaixa", mas está para além disso e, como tal, a minha admiração.

Isto vem a propósito de vir a ouvir na TSF a interpretação da Amália "Povo que lavas no rio" de Homem de Melo em que, em determinada altura, se diz ou se canta "dormi com eles na cama, mas a minha vida não" .

Abro o PUXA e afinal não só "dormi com eles mas parece que a minha vida sim", apenas o terei feito inocentemente. Pelo menos é essa a minha leitura superficial, é claro do poste do Manuel Correia acerca do meu poste antes - a greve "em truques".
Meu caro, na tua óptica estou bem acompanhado, José Sócrates, Vital Moreira, Manuel Esteves, etc. e ventualmente uns tantos "salazarentos".

Isto nas análises, cada um parte as coisas como pretende orientar a análise de determinada realidade. Pode deixar mais ou menos explícito o enquadramento e os objectivos.

Não fujo à questão e não inocentemente o assunto das greves. Fazer greve é um direito legítimo num estado de direito democrático. Mas são muitas vezes a greve é forçada e descontextualizada da capacidade de as pessoas suportar economicamente, independentemente de golpistas que sempre houve e haverá.

E, meu caro, quanto aos DG, DS e CD não são eles que dão os nomes dos grevistas ao Ministério da Finanças. São os serviços administrativos dos diversos departamentos de Estado.

Mas, se numa greve decretada por uma federação sindical, o número de grevistas manifestados e registados não atinge os 5 000, num universo sempre superior a 300 000, algo vai mal que procura de ser repensado por parte de todas as estruturas. Há aqui algo de sociológico a examinar. Talvezum estudo melhor fundamentando neste domínio possa trazer novas leitura do fenómeno.

Comments:
Por mim o diálogo pode ser mesmo com diálogo. Mesmo ao som do "Fado Vitória" com que a Amália cantava essa mística letra de Pedro Homem de Mello -- "Deste-me alturas de incenso/mas a tua vida não".

A parte "salazarenta" da minha prosa não tem a ver (obviamente!)contigo mas, ao apontares aquele editorial do DN, colocaste-te numa posição que bem gostaria de perceber melhor.

Daí a minha "interpelação".

Acho que tens razão nalguns aspectos.

Ao adoptar a tua perspectiva, um estudo actualizado acerca da "mecânica" das greves deveria esclarecer-nos acerca daquilo a que chamei a "deriva anti-sindical" de alguns ministros do actual governo, por um lado e, por outro, acerca dos truques que ambas as partes utilizam para determinarem percentagens de adesão.

Os estudos que já fiz (alguns publicados) permitem-nos concluir que, a par de todos os "truques" que conhecemos quer por experiência própria, quer por descrições alheias, os direitos sindicais foram, mesmo após a sua consagração na Lei, objecto de fortes resistências conservadoras, nas ideologias em voga, entre patrões e gestores, na Administração Pública e nos Media. Essa perversão está a recrudescer. Mesmo quando a Avoila, o Proença e o Picanço ensaiam um curioso coro que deveria ser escutado com atenção.
Quando os sindicatos fazem coro, não terão razão nenhuma?
As greves, no meio disto tudo, nem me parecem o mais importante.
Para fazer justiça ao bom gosto que tiveste ao recordar esse fado da Amália, acabo com uma "inspiração" que ele me traz. Também recuso os "truques" com que uns ampliam e outros encolhem as percentagens, mas no fundo, "sou da mesma condição".

Manuel Correia
 
Hena pá. Chamais a isto diálogo? Que mornos que estais ao sul. Vêde antes o Nortão (http://nortao.blogspot.com/) do Nelson.

UOI
 
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