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2006-12-15

 

Quebra cabeças (3)


Orson Welles

O arrepio que muitos belgas sentiram ao seguir a emissão de televisão da RTBF acerca da putativa extinção do seu país, [notícia do DN, aqui] ressuscita velhos debates.

“A guerra dos mundos”, obra de H. G. Welles, publicada em 1898, convertida em folhetim radiofónico pelo “Teatro Mercúrio no Ar” em 1938, inaugurou uma série de estudos e reflexões acerca das relações entre ficção e realidade. A célebre emissão radiofónica desse 30 de Outubro na costa leste dos EUA (New York e New Jersey), marcou a história da comunicação social do século XX, com Orson Wells a sugerir a milhares de americanos de que o planeta fora invadido por marcianos. Seguiu-se uma inesperada onda de histeria alucinada.

Nesses “Dias da Rádio”, a fronteira entre géneros radiofónicos perdia o sentido para quem ligasse o rádio pouco depois da emissão ter começado. É teatro radiofónico ou são notícias? Difícil, a resposta, nesse tempo.

E hoje?

O programa “noticioso” da RTBF que abriu com a bomba de última hora “A Flandres proclamou a independência. O rei fugiu do país. A Bélgica acabou”, suscitou uma comoção generalizada. Seria verdade? Seria possível?

De vez em quando, a questão da influência massmediática, da credibilidade dos noticiários e das supostas divisões entre géneros, são repostas com maior acutilância. Apesar das promessas eleitorais, das contingências empresariais e políticas, das manipulações constantes e das perversidades mais gritantes, continuamos naturalmente a ler, a ouvir, a ver, através dos diferentes meios, o que a propósito da “realidade” ou da “ficção” nos continua a ser oferecido.

Repetem-nos constantemente que vivemos numa República Democrática, num Estado de Direito, com uma Constituição para respeitar e orientada pelo princípio da justiça, etc.

E nós rimos dos belgas que acreditaram, comovidamente lavados em lágrimas, que o país acabou e o rei fugiu…

Comments:
A principal diferença entre os americanos e os europeus a respeito das tretas que os massmedia vão vendendo é que os americanos dão por isso, de vez em quando; nós, como somos mais "críticos", nem sequer damos por isso.
Com a excepção, agora, dos belgas. É claro.

José Leal
 
e o que irão dizer quando este exercício de futurologia se tornar realidade?
já experimentaram falar francês nas flandres?

o que é que aconteceria neste miserávelrectãngulo a que chamam portugal se uma qualquer tv tivesse a ideia de anunciar a independência da madeira?
 
Penso que se ouviria um enormíssimo suspiro de alívio. Mas esteja descansado, o Jardim só faz de tonto, não o é.
 
Orson Welles
 
Obrigado pela correcção. Já emendei o "Welles". Nunca é tarde para aprender a escrever.
 
Para além de Português também sou cidadão Belga, e tenho muita pena que não tivesse sido verdade. Viva a Flandres independente!
 
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