2007-01-30
Breves da campanha do referendo
Os Prós e os Contra
sobre a pergunta no Referendo
"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
Sabe-se que há muitas sensibilidades do lado do NÃO. Como aliás do lado do SIM. E que várias sensibilidade do lado do NÃO se distinguem do main stream da sua campanha que é a da intimidação moral e religiosa.
O debate n' Os Prós e os Contras confirmou o que já se vinha notando: a campanha do NÃO privilegia a confusão. Não quer discutir o que está em discussão. E foi ao ponto de negar a evidência. Ao ponto de negar que o referendo seja sobre a despenalização apesar de ele se reduzir a uma pergunta precisa e estritamente sobre a despenalização.
O NÃO trazia várias lebres, peões de brega, ou inocentes a sacrificar para esta corrida e deixou-lhes o papel de desviarem o assunto da conversa, fazendo o ingrato papel de pouca seriedade ou o do tontinho.
Fernando Santos que poderia ter tido uma boa prestação se falasse do que sabe, por exemplo de futebol, acabou por fazer uma triste figura. "Que o que interessa é a vida". "Querem deitar fora as nossas primeiras 10 semanas". "A despenalização é uma falsa questão".
A campanha do NÃO utilizou um jovem que revelou ser de família pobre, que a mãe teve de o entregar ao cuidado de uma instituição. E agradeceu à mãe ela não ter feito aborto e o deixar viver. Que é mentira que isso provoque infelicidade. Ele é feliz.
Um outro membro da plateia do NÃO, tratou de outro tema. O da discriminação entre pais e filhos. Tinha esse papel por ser preto? Que no referendo os do SIM discriminam o filho em relação à mãe. Para satisfazer a mãe matam o filho e por aí fora.
O ex-ministro da Justiça de Santana, Lopes Aguiar Branco, o principal esteio do NÃO, não se inibiu de usar da mais rasteira, manipuladora e caricata argumentação negando a evidência da própria pergunta do referendo.
Manipulações e visões esquemáticas também se revelaram em participantes da bancada do SIM.
Houve prestações de elevado nível. Com destaque para Vital Moreira. Mas também para o médico Constantino Sakellarides, o sociólogo José Manuel Pureza na primeira intervenção, e outras. Surpresa para muitos terá sido a presença no lado do SIM de Vasco Rato e com uma intervenção acutilante.
Na última intervenção que foi de Vital Moreira, foi dito, nomeadamente, mais ou menos o seguinte:
Se a repressão penal do aborto fosse um sinal de civilização a Europa estaria na caudada da civilização e o Irão e a Arábia Saudita estariam à cabeça da civilização.
A civilização europeia constitui uma tríade que passa pelos direitos humanos, Estado de direito e democracia. Na Europa todos esses valores se associam à não repressão penal do aborto. A repressão penal do aborto significa que uma parte da sociedade não prescinde de criminalizar com o Código Penal aqueles que não consegue convencer a compartilhar os seus valores. E usa o poder repressivo do Estado para defender posições de intolerância, fundamentalismo e radicalismo valorativo. Não se questionam os seus valores nem todo o proselitismo do mundo para os defenderem. Não devem é ter a seu favor o Código Penal e os outros terem de pagar por isso.
Lembro que os “pontas-de-lança são o dr. João Paulo Malta (o tal que é dirigente da Associação dos Médicos Católicos e que estava de gola alta preta ao lado do Fernando Santos), a drª Margarida Neto (a que ontem estava de cor-de-rosa) e a drª Isabel Galriça Neto (salvo erro a que estava no estrado). É isto liberdade de expressão senhores jornalistas do meu país? É isto igualdade de oportunidades pôr TODOS os “ponta-de-lança” do “não” no debate dos prós&contras?
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1283936
Porque é um direito a mais que conquistamos
Porque é um dever a menos que suportamos
Porque os países civilizados têm
Porque é sinal de modernidade
Porque a Igreja é contra
Porque é mais uma causa
Porque o Estado alguma vez é meu amigo
Porque é o principal problema deste país
Porque assim está-se mais à vontade
Porque, pela 1ª vez, se pode ter "desvios" sem impunidade
Porque temos que compensar as mulheres da violência doméstica
Porque assim controlo melhor o meu destino
Porque a barriga é minha e só lá está quem eu deixo
Porque já andamos nisto há uma porrada de tempo
Porque, ao menos, dão-me prioridade uma vez na vida.
Porque eu choro e os fetos não choram
Porque até fica bem no currículo
Porque eu não sei o que isso do amor maternal
Porque me convém
Porque eu não quero que eles saibam e nem quero assumir
Porque eu, mãe, quero vingar-me do pai
Porque é mainstream
Porque eu quero
Porque é da esquerda ou da direita moderna (neo-liberal)
Porque ele não fala nem vê e eu sou mais forte
Porque é mais um passo
Porque sim
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