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2007-01-30

 

Breves da campanha do referendo

A Europa vai toda com o passo trocado. Felizmente nós não. Levamos o passo certo com a Polónia e a Irlanda.
Na Europa, além de Portugal, só aqueles dois países (sem falar em Malta que tem 300 Km2 e 400 mil habitantes) criminalizam as mulheres por abortarem, mesmo até às dez semanas. Os três países onde é maior a influência do catolicismo mais conservador são os únicos que diabolizam criminalizam as mulheres.
É claro que podia ser mera coincidência. Mas, ouvindo dos púlpitos, sobre a matéria, o clero local ficamos esclarecidos sobre o peso do dogma na opção pelo NÃO.
O que está mal é quererem impôr aos outros as suas convicções nem que seja com o Código Penal e a repressão, como sublinhou, ontem, Vital Moreira n' Os Prós e os Contras.



No Pelotão da frente.

Em quase tudo Portugal vai na cauda da Europa. Mas a campanha mais fanática do NÃO quero-nos convencer que por criminalizarmos as mulheres que abortam, vamos gloriosamente na vanguarda enquanto que quase toda a Europa, que deixou , há décadas, de enviar as mulheres para a cadeia por aquelas razões vai, atrasadinha, na rectaguarda da civilização.



Os Prós e os Contra
sobre a pergunta no Referendo

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

Sabe-se que há muitas sensibilidades do lado do NÃO. Como aliás do lado do SIM. E que várias sensibilidade do lado do NÃO se distinguem do main stream da sua campanha que é a da intimidação moral e religiosa.

O debate n' Os Prós e os Contras confirmou o que já se vinha notando: a campanha do NÃO privilegia a confusão. Não quer discutir o que está em discussão. E foi ao ponto de negar a evidência. Ao ponto de negar que o referendo seja sobre a despenalização apesar de ele se reduzir a uma pergunta precisa e estritamente sobre a despenalização.

O NÃO trazia várias lebres, peões de brega, ou inocentes a sacrificar para esta corrida e deixou-lhes o papel de desviarem o assunto da conversa, fazendo o ingrato papel de pouca seriedade ou o do tontinho.

Fernando Santos que poderia ter tido uma boa prestação se falasse do que sabe, por exemplo de futebol, acabou por fazer uma triste figura. "Que o que interessa é a vida". "Querem deitar fora as nossas primeiras 10 semanas". "A despenalização é uma falsa questão".

A campanha do NÃO utilizou um jovem que revelou ser de família pobre, que a mãe teve de o entregar ao cuidado de uma instituição. E agradeceu à mãe ela não ter feito aborto e o deixar viver. Que é mentira que isso provoque infelicidade. Ele é feliz.

Um outro membro da plateia do NÃO, tratou de outro tema. O da discriminação entre pais e filhos. Tinha esse papel por ser preto? Que no referendo os do SIM discriminam o filho em relação à mãe. Para satisfazer a mãe matam o filho e por aí fora.

O ex-ministro da Justiça de Santana, Lopes Aguiar Branco, o principal esteio do NÃO, não se inibiu de usar da mais rasteira, manipuladora e caricata argumentação negando a evidência da própria pergunta do referendo.

Manipulações e visões esquemáticas também se revelaram em participantes da bancada do SIM.

Houve prestações de elevado nível. Com destaque para Vital Moreira. Mas também para o médico Constantino Sakellarides, o sociólogo José Manuel Pureza na primeira intervenção, e outras. Surpresa para muitos terá sido a presença no lado do SIM de Vasco Rato e com uma intervenção acutilante.

Na última intervenção que foi de Vital Moreira, foi dito, nomeadamente, mais ou menos o seguinte:

Se a repressão penal do aborto fosse um sinal de civilização a Europa estaria na caudada da civilização e o Irão e a Arábia Saudita estariam à cabeça da civilização.

A civilização europeia constitui uma tríade que passa pelos direitos humanos, Estado de direito e democracia. Na Europa todos esses valores se associam à não repressão penal do aborto. A repressão penal do aborto significa que uma parte da sociedade não prescinde de criminalizar com o Código Penal aqueles que não consegue convencer a compartilhar os seus valores. E usa o poder repressivo do Estado para defender posições de intolerância, fundamentalismo e radicalismo valorativo. Não se questionam os seus valores nem todo o proselitismo do mundo para os defenderem. Não devem é ter a seu favor o Código Penal e os outros terem de pagar por isso.


Comments:
E admite-se que os jornalistas se submetam às condições dos do “não” conforme estão na notícia do Público, concretamente estas: “E sempre que algum jornalista procura indagar sobre questões específicas, junto de outros membros do movimento porventura mais habilitados para responder, os assessores de imprensa sugerem um exercício pouco usual: os especialistas não autorizados "a dar a cara" podem falar, mas não podem ser citados; o jornalista pode ficar com a informação, mas deverá depois contactar os pontas-de-lança, se quiser atribui-la a alguém”?
Lembro que os “pontas-de-lança são o dr. João Paulo Malta (o tal que é dirigente da Associação dos Médicos Católicos e que estava de gola alta preta ao lado do Fernando Santos), a drª Margarida Neto (a que ontem estava de cor-de-rosa) e a drª Isabel Galriça Neto (salvo erro a que estava no estrado). É isto liberdade de expressão senhores jornalistas do meu país? É isto igualdade de oportunidades pôr TODOS os “ponta-de-lança” do “não” no debate dos prós&contras?
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1283936
 
27 boas e verdadeiras razões para se votar sim no referendo do aborto


Porque é um direito a mais que conquistamos
Porque é um dever a menos que suportamos
Porque os países civilizados têm
Porque é sinal de modernidade
Porque a Igreja é contra
Porque é mais uma causa
Porque o Estado alguma vez é meu amigo
Porque é o principal problema deste país
Porque assim está-se mais à vontade
Porque, pela 1ª vez, se pode ter "desvios" sem impunidade
Porque temos que compensar as mulheres da violência doméstica
Porque assim controlo melhor o meu destino
Porque a barriga é minha e só lá está quem eu deixo
Porque já andamos nisto há uma porrada de tempo
Porque, ao menos, dão-me prioridade uma vez na vida.
Porque eu choro e os fetos não choram
Porque até fica bem no currículo
Porque eu não sei o que isso do amor maternal
Porque me convém
Porque eu não quero que eles saibam e nem quero assumir
Porque eu, mãe, quero vingar-me do pai
Porque é mainstream
Porque eu quero
Porque é da esquerda ou da direita moderna (neo-liberal)
Porque ele não fala nem vê e eu sou mais forte
Porque é mais um passo
Porque sim
 
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