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2007-03-31

 

A Revolta da Madeira - 1931 (2)

A Revolta da Madeira um "produto importado - estrangeirado" ou não?

Alguns factos e enquadramento que prosseguirá no próximo post com "a revolta da farinha".

Acerca dos factos: As primeiras décadas do século XX foram muito gravosas para a Madeira, em termos económicos.

O século XX inicia-se na Madeira com uma série de inovações. É a introdução do automóvel, do cinema, do gramafone, do fonógrafo, do raio X e do desenvolvimento da electricidade. Mas a estas inovações apenas tem acesso uma muito pequena minoria da população, na medida em que mais de 70% da mesma vivia de uma agricultura de subsistência (uma capitação média de 30 escudos/mês)

Asim, a emigração sempre foi um desafio e um destino do madeirense e através dela algum dinheiro era injectado na economia local, o que contribuia para minorar o baixo nível de vida da sua família.

Acontece que as primeiras décadas do século XX e, designadamente a 2ª e 3ªdécadas, foram de grandes crises, que ainda se agravam nos finais dos anos 20 e princípios de 30, com as consequências da grande crise económica mundial de 1929/33 que vem afectar em preço e quantidade as exportações dos produtos da Madeira (bordados, vinho, turismo) que, juntamente com as remessas da emigração, injectavam dinheiro na economia madeirense.

A crise do bordado afectou, segundo alguma informação disponível de então, cerca de 70 000 pessoas numa terra com 200 000 pessoas: 50 000 bordadeiras de campo e os restantes trabalhadores em cerca de 100 casas de bordados existentes no Funchal. Esta crise atingiu uma tal dimensão que as exportações se reduzem a metade entre 1924 (2853134 dólares) e 1930 (1258641 dólares). Neste contexto, cerca de 50% das pessoas trabalhando nesta actividade ficam no desemprego.

É a crise do vinho porque aparecem outros países na concorrência, a preços mais compettivos.

É a crise financeira em que algumas casas bancárias como a Henrique Figueira da Silva, mais conhecida pela casa Henrique Figueira, suspendem os pagamentos. E, neste caso, ao contrário do que aconteceu em Lisboa com Alfredo da Silva, o governo central nada interveio.

É a descida do preço da cana sacarina que provoca manifestações junto do Governo Civil do Funchal a exigir soluções (Junho de 1922), crise mais tarde agravada com o célebre decreto nº 14168 de 1927 que levou ao encerramento de fábricas de aguardente e álcool bem como à proibição do fabrico de aguardente vínica que durante anos era comprada aos agricultores para uso no fabrico do vinho Madeira.

A revogação deste decreto, considerado pela imprensa local, pelas associações de agricultores, sindicatos e políticos madeirenses, "uma calamidade da nossa economia" foi pedida várias vezes ao governo central que nunca atendeu a essa solicitação e, antes pelo contrário,reforçou vários monopólios (acúcar, álcool para o vinho e bebidas, importação de açúcar para refinação, comércio de açúcar etc.,) onde o grupo W. Hinton & Sons beneficiou de um grande quinhão.

Comments:
Os madeirenses, e não só, esperam que o dr. João Abel de Freitas, responsável pela pasta da Economia e Finanças, em 1975, na então Junta Governativa da Madeira, escreva não só sobre a revolução de 1931 mas, também, do período 1974-1976 na região autónoma. Aguardamos pelos lançamento dos livros. E, nesse caso, espero que venha à Madeira fazê-lo. É um dever de ilhéu.
João Clímaco
 
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